Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, após inauguração do Zôo Safári

Parte 1

ter, 05/06/2001 - 15h27 | Do Portal do Governo

Parte 1

Zôo Safári

Pergunta: Sobre os animais em confinamento, não tira um pouco da graça?

Alckmin: Nós temos praticamente 300 animais aqui no Zôo Safári. Só os mais perigosos ficarão nos alambrados, por questão de segurança, mas é possível a visualização. Mas o Zôo Safári reabre depois de uma reforma e uma readequação, com desconto, 20% a 30% mais barato, dependendo da forma como é feito. Reabriu no Dia do Meio Ambiente. Rapidamente foi feito um mutirão para que ele fosse reaberto com o gerenciamento do próprio Governo, por meio da Fundação Zoológico. Enquanto isso se prepara uma licitação internacional para poder ter uma concessionária privada que possa apresentar um projeto. É uma área muito bonita essa aqui de Mata Atlântica, no Parque das Águas do Ipiranga, com animais extremamente bem cuidados, com aspectos científicos. A Fundação Zoológico tem grande tradição e experiência e nós vamos criando nessa região um grande centro de entretenimento. Nós já temos aqui a Fundação Zoológico, o Zôo Safári, o Jardim Botânico, o Instituto da USP e agora a área da antiga Febem, que hoje não existe mais. Nós fizemos um convênio com a USP para fazermos lá uma Estação Ciência, uma área também do conhecimento para o público e rapidamente reabrir com as próprias instalações, enquanto vai sendo feito o novo modelo.

Pergunta: Em quanto tempo isso deve ser feito?

Alckmin: Nós contratamos a USP para fazer um Plano Diretor de toda a área do Parque, das Águas do Ipiranga e, depois de pronto, um projeto específico para a antiga área da Febem. Enquanto ele é desenvolvido já vamos limpar aquela área, reabrir para a população da região poder usar a área de esportes, quadras, piscina, e aí a gente modela a melhor proposta.

Racionamento de energia

Pergunta: O que fez o Governo recuar mais uma vez diante do plano de racionamento de energia?

Alckmin: Eu achei positivo. Nesse episódio todo do racionamento de energia só merece elogio o povo, que está colaborando enormemente, procurando fazer uma forte racionalização e um racionamento espontâneo, procurando fazer economia e ajudando a superar uma crise que é transitória. Isso é questão de meses. Nós somos muito dependentes de hidrelétricas, mais de 90% da matriz energética brasileira é por hidrelétricas que não geram energia se não tiver água. Estamos tendo uma estiagem gravíssima. Hoje o jornal traz que grande parte do interior de Pernambuco está em estado de calamidade. Há dias, mais de 200 municípios de Minas Gerais também atravessam uma seca muito forte e a grande colaboração do povo, o grande entendimento das dificuldades e a colaboração espontânea, é um fato positivo. Eu acho que o Governo fez bem, não há razão para punir e cobrar mais caro se a população está ajudando.

Pergunta: Só merece elogio o povo, os governantes não?

Alckmin: Não, eu acho que elogio é só para a população.

Pergunta: A credibilidade do Governo não fica abalada por voltar atrás nas medidas? Numa próxima medida o povo não vai ficar esperando uma volta atrás?

Alckmin: Eu acho que é um ato de humildade. Se você faz uma proposta e vê que na prática não está tendo o efeito desejado e que houve uma resposta muito positiva, por que não voltar atrás? É melhor voltar atrás, é um ato de humildade, reconhece que não é esse o caminho.

Pergunta: Agora, tem sido muito assim, governador. O senhor insistentemente tem falado dos atos de humildade do Governo Federal.

Alckmin: Mas se você faz uma proposta premido pelas circunstâncias, premido por uma crise, depois você tem um caminho melhor, deve corrigir.

Pergunta: O Governo tem de pensar um pouco melhor antes de expedir essas medidas?

Alckmin: Estudar e refletir é sempre bom, mas é melhor corrigir rapidamente.

Eleições

Pergunta: Governador, sobre a reeleição, faltando menos de um ano para presidente da República, o que o senhor falaria?

Alckmin: Eleição é só no ano que vem.

Pergunta: O senhor vai sair candidato a presidente?

Alckmin: Eu não sou candidato a presidente da República.

Pergunta: O Tasso Jereissati disse, está publicado hoje na Folha, que apóia seu nome para presidente, o que o senhor achou disso?

Alckmin: Eu agradeço a honra da lembrança vindo de alguém que é governador pela terceira vez, que é um dos melhores quadros do PSDB. Tenho a agradecer, é uma grande honra, mas eu não sou candidato à Presidência.

Pergunta: O Bornhausen também, numa possível aliança PMDB/PSDB/PFL, ele também admite o apoio à sua candidatura. Nem isso o faria pensar diferente?

Alckmin: Não.

Pergunta: Presidência fora de cogitação agora?

Alckmin: Fora de cogitação. E mais, eu acho que não é hora de estar discutindo nome para sucessão presidencial, um ano e meio antes não há razão para isso.

Pergunta: Sem discutir nomes propriamente, mas essa aproximação do PSDB com o PFL deve ser aí um alinhamento de uma aliança para 2002?

Alckmin: O Brasil tem um quadro político muito fragmentado. Talvez dos países do Ocidente é o que tenha o quadro partidário mais fragmentado, o que não é bom, porque qualquer Governo, hoje é o Fernando Henrique, amanhã pode ser outro, qualquer Governo vai ter crise política porque você se elege mas não faz 20%, 25% de deputados para o seu partido, aí é uma dificuldade de governabilidade. Por isso a necessidade da reforma política. Nós termos cláusula de barreira, termos de menos partidos políticos, termos de fidelidade partidária, menos personalismo na política e mais programa partidário, mais propostas, voto distrital misto, financiamento público de campanha, enfim, uma série de mudanças. Mas eu acho que agora a hora é de reformas, você trabalhar na reforma política, você avançar o que puder na reforma tributária para desonerar o produto brasileiro, melhorar a competitividade; têm tantos desafios a serem vencidos que não é hora de se estar discutindo nomes de candidatos, é muito cedo.

Pergunta: Fala-se também de uma união entre o PSDB e o PFL para o Governo do Estado ligado à candidatura do senador Romeu Tuma. Isso foi conversado com o Bornhausen?

Alckmin: A conversa foi geral. Tudo o que se refere à eleição eu acho que não é hora de discutir, até porque como você vai estabelecer entendimentos um ano e meio antes? É muito cedo, as coisas mudam muito rápido. Se você analisar o Brasil do ponto de vista do quadro político, seis meses atrás e verificar hoje, olha as mudanças que ocorreram.

Pergunta: O senhor fala que foi um grande aluno do governador Mário Covas e ele sempre dizia até o final que não era candidato e o senhor está fazendo a mesmo coisa.

Alckmin: Bom, que eu fui aluno do governador Mário Covas, estou de acordo. Não sei se aprendi tudo, mas me esforço bastante para ter sempre presente as boas lições do governador Mário Covas.

Aguarde, em instantes, segunda parte da entrevista.