Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração do Qualis na Zona Lest

Parte I

seg, 04/06/2001 - 16h30 | Do Portal do Governo

Parte I

Repórter – Governador, essa é a 25ª unidade do Qualis só aqui na Zona Leste. Gostaria que o senhor falasse um pouco mais sobre esse programa.

Alckmin – Essa unidade do Qualis entregue hoje é formada por uma equipe de médicos de família, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. São três equipes: três médicos, seis enfermeiras,12 auxiliares e 16 agentes comunitários de saúde que atendem 3 mil famílias, ou seja, 15 mil pessoas aqui na Zona Leste, União de Vila Nova. O trabalho atende a criança, a saúde da mulher, a terceira idade. Tem também os remédios da FURP (Fundação para o Remédio Popular). E aqui na Zona Leste, especificamente em São Miguel, entre 60 e 90 dias, vai ser entregue o primeiro Centro de Referência para os Idosos. Ou seja, todo um tratamento de prevenção para a terceira idade. Acho que esse centro de referência será o primeiro que vamos ter em São Paulo só para idosos.

Repórter – O senhor pretende também trazer o PAE (Programa de Auto-Emprego) aqui para a União Vila Nova?

Alckmin – É, aqui é uma região onde o governo está empregando o Qualis, tem uma escola de 1ª a 8ª séries em construção, que estará pronta no fim do ano, e uma das necessidades do pessoal é se qualificar para o emprego. Então a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho vai trazer o PAE para o pessoal se qualificar.

Repórter – Como foi a reunião com o Bornhausen? Os senhores falaram sobre sucessão presidencial?

Alckmin – Olha, nós recebemos vinte dias atrás o Marco Maciel, vice-presidente da República. E naquela ocasião, o presidente do PFL aqui em São Paulo, Cláudio Lembo, disse: ‘Olha, o senador Bornhausen, presidente nacional do partido, está para vir a São Paulo, e ele esteve com o governador Mário Covas – acho até que foi uma das últimas visitas que ele recebeu – e gostaria de visitá-lo, já que ainda não se encontrou com você desde sua posse’. Respondi que teria a maior satisfação em recebê-lo. Tomamos um café, batemos um papo, conversamos sobre a crise da energia e suas alternativas, conversamos sobre reforma tributária, não uma reforma completa, mas alguns avanços que podem ser dados, reforma política que está parada no Congresso, fidelidade partidária, voto distrital misto. Conversamos também sobre o quadro político, tanto nacional como estadual, enfim, não tinha uma pauta específica, mas conversar é sempre bom.

Repórter – O senhor aceita ser candidato numa coligação com o PFL?

Alckmin – Primeiro, não sou candidato a presidente; segundo, não se conversou sobre nomes. A eleição é no ano que vem e acho que é uma precipitação antecipar o processo sucessório. Acho que temos hoje questões muito mais urgentes e muito mais graves a serem enfrentadas neste momento, do que estar discutindo sucessão um ano e meio antes.

Repórter – Ele manifestou esse desejo, esse apoio ao senhor numa possível candidatura?

>b>Alckmin – Não, porque não existe candidatura.

Repórter – Ontem o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, em entrevista ao jornalista Bóris Casoy, disse que o PFL teria apoiado Paulo Maluf na disputa com Covas a mando do presidente Fernando Henrique. O senhor acha que houve aí uma traição?

Alckmin – Não, eu não posso dizer nada disso. Ninguém obriga ninguém a apoiar ninguém. As pessoas apóiam porque querem, saem candidato para o cargo que quiserem. O ex-governador Maluf dizia que era candidato a governador porque tinha mais chance, essa história de pesquisa. Olha, pesquisa para presidente eu tenho uma chance menor, para governador tenho uma chance maior. Então…

Repórter – Mas o senhor acha que pode ter tido essa recomendação do presidente para o PFL?

Alckmin – Olha, acho que essa é uma conjectura difícil de se avaliar. Acho que ele foi candidato a governador porque quis, ninguém obriga ninguém a ser candidato.

Repórter – O senhor acredita que não houve essa recomendação do presidente para esse apoio?

Alckmin – Apoio como?

Repórter – Apoio do PFL ao candidato Maluf, na época.

Alckmin – Olha, eu não posso… Só quem pode responder isso é o PFL. Como é que eu vou saber por quê o PFL, na eleição anterior, apoiou o Maluf? Não tenho a menor idéia sobre isso. Quem pode responder isso é o PFL.

Repórter – Voltando um pouco à questão do Bornhausen, o senhor disse que ontem discutiu um pouco com ele sobre o quadro político. A sucessão entrou nesse quadro?

Alckmin – Se discutiu, mas não nomes. Discutimos o quadro político geral.

Repórter – Que análise foi feita nessa conversa?

Alckmin – Bom, eu acho que há vários avanços que ocorreram. A questão da estabilidade da moeda, avanços na saúde, avanços na educação. Há um conjunto de avanços. Acho que o País deu passos significativos. Há dificuldades, é claro. Quando a economia estava crescendo, e ainda está, quer dizer, passamos por uma crise em 1998 com a desvalorização cambial e, em 1999, o País retomou o crescimento. Este ano, também tivemos um crescimento forte e importante. Temos esse problema da energia, que precisa ser o mais transitório possível para isso não levar a um quadro de retração da atividade econômica. A população tem respondido muito positivamente, esse foi um fato até elogiado na conversa com o Bornhausen. E essa resposta positiva da população pode fazer com que se passe esse período transitório de estiagem com dificuldades menores.

Repórter – Essas conversas que o senhor tem tido com os dirigentes do PFL já dão conta de uma aliança para 2002 a nível estadual também?

Alckmin – Olha, eu acho que a gente deve conversar com vários partidos políticos. Conversar é sempre bom. Você expõe idéia, ouve, discute, isso faz parte do regime democrático. Conversar de maneira transparente, aberta, de maneira clara. E não é sobre sucessão, até porque um ano e meio antes as coisas mudam tão rapidamente no Brasil, ou seja, as coisas evoluem de maneira tão rápida…um ano e meio antes as conversas não são só no sentido eleitoral, no sentido de campanha ou de eleição. Se faz uma análise política, afinal de contas, tanto o PSDB quanto o PFL dão sustentação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Repórter – Governador, amanhã assume o novo secretário de Ciência e Tecnologia, Ruy Altenfelder. O senhor tem algum projeto em especial para a pasta dele? Para o senhor a crise de energia pode deixar de trazer mais investimentos para o Estado?

Alckmin – Hoje é a posse dele, amanhã é a transmissão de cargo. Acho que é uma secretaria importante. Porque trata-se da macropolítica do desenvolvimento de São Paulo. Temos toda parte de Ciência e Tecnologia, as universidades, a USP, a Unesp, a Unicamp, o Centro Paula Souza, que é o mais importante sistema de ensino profissionalizante do País.
E toda logística de desenvolvimento. E no que São Paulo investe para atrair investimentos e gerar emprego? Investe em recursos humanos. Acabamos de lançar o programa Profissão, que é uma programa para jovens que saíram do terceiro ano do ensino médio da escola pública estadual. Pela primeira vez, o Governo fez um convênio com o Senac e abriu 50 mil bolsas para cursos profissionalizantes, R$ 1.000 cada bolsa, ou seja, R$ 50 milhões, 1.000 horas/aula. Além de recursos humanos, pesquisa, ciência.
Ontem, nós comemoramos 100 anos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz; ontem, inauguramos mais 39 quilômetros de auto-estrada, ligando Campinas até Santa Bárbara do Oeste pela Bandeirantes, que é tida como melhor rodovia do País. E a outra parte, ligando Santa Bárbara até Limeira e Cordeirópolis, ou seja, mais 40 quilômetros ficam prontos até o fim do ano. E tudo isso faz parte do trabalho da logística de São Paulo para gerar emprego. O Dr. Ruy Altenfelder é um exemplo sob o ponto de vista ético, um paradigma de homem público; atuou até como voluntário no Governo, este tempo todo, como convidado do governador Mário Covas no PED (Programa Estadual de Desestatização), conhece política industrial, dirige o Instituto Roberto Simonsen da Fiesp, tem conhecimento político industrial. Acho que ele pode fazer um bom trabalho, aliás, como o José Aníbal também fez, e agora assume a presidência nacional do PSDB.