Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração do Juizado Especial Cí

Parte I

ter, 20/03/2001 - 15h12 | Do Portal do Governo

Parte I

Juizado do Poupatempo

Pergunta: Governador, falando um pouquinho mais sobre política…

Alckmin: Não. Vamos falar um pouquinho da…

Pergunta: O senhor prefere falar primeiro sobre o juizado?

Alckmin: Só complementando o seguinte. A região aqui da Zona Leste. Isto aqui é um país. A Zona Leste é maior do que o Uruguai. Tem 4,5 milhões de pessoas. Então o Poupatempo hoje é um fato inédito. Que pela primeira vez nós temos dentro do Poupatempo, aqui do lado do metrô, nós temos o Juizado Especial Cívil. Que torna o acesso à Justiça mais fácil, proporciona às pessoas a possibilidade de terem a Justiça mais rápida. Nós perguntamos aqui às pessoas e o serviço já está funcionando. Então questões como defesa do consumidor, problema de cobrança de dívida, acidente de automóvel, problema com os vizinhos, tudo fica mais perto. Então é o governo que vem e não volta. Ele fica aqui na região prestando um serviço à população.

Pergunta: Por isso a escolha deste lugar?

Alckmin: Exatamente. É a região mais populosa de São Paulo. E o próximo Poupatempo a ser inaugurado é em São Bernardo do Campo. Que deve ser inaugurado, se ocorrer tudo bem, no mês de maio.

PFL/PSDB:

Pergunta: Agora, governador, um jornal de São Paulo está trazendo hoje a informação de que ontem o senhor teria dito que a aliança PFL/ PSDB para a sucessão de 2002 é um pressuposto que não existe mais, dado o fato de que o presidente Fernando Henrique Cardoso não será o candidato do PSDB. O senhor acredita então que o PFL e o PSDB não devem estar juntos porque Fernando Henrique não será o candidato?

Alckmin: Não. Não. O que eu disse é o seguinte: a aliança que se fez, ela se fez em torno do presidente da República e não em torno do PSDB. Ela se fez em torno do presidente Fernando Henrique. Como ele não será candidato, você tem outro quadro. Mas eu acho que o PFL tem sido um bom parceiro do governo, durante os dois mandatos do presidente Fernando Henrique. Agora a eleição. Primeiro, cada coisa tem o seu tempo. Eu acho que não é tempo agora de se estar discutindo a eleição. Agora é governabilidade. É aproveitar o bom momento da economia que está crescendo, com inflação sob controle e implementar as reformas que estão faltando, para poder ter um crescimento econômico ainda maior. Eleição é o ano que vem. E aí, o ano que vem a gente discute.

Pergunta: Dentro do próprio partido já está se discutindo a dobradinha chamada de ‘casal 20’, que coloca o senhor como o ‘bom menino do PSDB’ ao lado de uma mulher, como vice. Isso seria muito bom para o PSDB com uma chapa assim com esses dois integrantes hoje do cenário político. O senhor acredita que uma chapa desta é viável?

Alckmin: Quero dizer duas coisas: primeiro que não é hora de se discutir eleição. Segundo, eu não sou candidato à presidência da república.

Pergunta: O que o senhor tem a dizer das declarações do governador Jereissati credenciando você para a disputa de 2002?

Alckmin: Uma homenagem. Eu tenho um grande carinho pelo governador Tasso Jereissati. Recebo como uma homenagem, como uma manifestação de generosidade dele, mas eu acho que não é hora de discutir eleição. Nem é meu intento.

Parceria com a prefeitura:

Pergunta: Governador, falando um pouquinho das parcerias aqui em São Paulo, qual a expectativa do governo para que essas parcerias saiam realmente do papel junto com a prefeitura de São Paulo? Porque, até agora, apenas está no campo das discussões.

Alckmin: O que quê foi discutido? Foram discutidos quatro áreas inicialmente. Piscinão. O Governo constrói o piscinão e a Prefeitura dá o terreno. CDP’s, o Governo constrói os Centros de Detenção Provisória com o compromisso de esvaziar as carceragens dos distritos policiais, a Prefeitura dá o terreno. E a habitação. Esta semana que a Prefeitura apresentou os primeiros terrenos, na última reunião dos secretários. Nós vamos analisar os terrenos e ver a possibilidade de implementar estas propostas. A outra foi o Banco do Povo e aí depende de recursos orçamentários, tanto da Prefeitura, quanto do Estado. E os secretários estão conversando.

Pergunta: Agora, o Estado está disposto a entregar a área do Carandiru para a Prefeitura de São Paulo?

Alckmin: A Prefeitura disse que ela poderia fazer uma operação urbana. Nós precisamos ver o que quê é esta operação urbana, quanto tempo isso leva. Eu quero deixar claro o seguinte: independente da Prefeitura, no dia 27 o Governo do Estado anuncia como vai desativar a Casa de Detenção do Carandiru.

Dengue:

Pergunta: Governador, falando um pouquinho da dengue agora em São Paulo. Nós já temos no Estado 2.779 casos, se não me engano, registrados. Já caracteriza uma epidemia de dengue no Estado?

Alckmin: A dengue tem ocorrido já há mais tempo. Quer dizer, a questão do mosquito não é uma coisa nova. Houve agora um incremento, um aumento dos casos de dengue. Já passam de três mil os casos no Estado de São Paulo. O que precisa ser feito? O que precisa ser feito é limpeza. Por quê? Porque o mosquito se prolifera em água parada. Então é lata de sardinha, é vaso, é pneu, é lata jogada no fundo do quintal, na rua, em praça. É limpeza. Isso cabe às próprias famílias, que muitos desses casos do mosquito estão dentro do quintal das pessoas. Os meios de comunicação têm um papel importante para a gente explicitar para as famílias que elas precisam, não podem deixar nenhuma latinha, nenhum vaso, nada que a água fique parada. Segundo que as próprias prefeituras também, porque cemitério, praça mal conservada, local com sujeira, é limpeza. Se fizer limpeza, o mosquito não tem como se proliferar. E o Governo do Estado apóia, através da Sucen, o treinamento de pessoal, recursos materiais. Também apóia nesses casos todos. Pesquisa, estudo da questão da doença.

Pergunta: Por quê a doença reapareceu?

Alckmin: Acho que reapareceu porque houve um descuido na questão da limpeza. Nós precisamos estar permanentemente alertando as famílias que não pode ter sujeira no quintal, que não pode ter latinha jogada, que não pode ter água parada dentro da casa das pessoas. Tem que ter uma campanha permanente.

Pergunta: Descuido de quê?

Alckmin: Eu acho que, de repente, diminuiu um pouco os casos da dengue. Todo mundo esquece, acha que o problema está resolvido, não. Voltou a água parada, o mosquito volta. E também as prefeituras, tem que haver uma vigilância permanente na questão da limpeza, do esforço, no sentido de prevenir a doença.

Pergunta: O senhor concorda com o ministro José Serra que disse ontem que as prefeituras acabaram deixando um pouco de lado a questão da dengue por causa das eleições?

Alckmin: Eu não sei se é por causa das eleições. O que acontece é que a maioria do pessoal contratado para combater a dengue é temporário, aí vence o contrato, não se renova. Não sei se é por causa da eleição, se é por causa de final de governo. Mas o fato é que exige uma atenção muito especial. E olha, não é só governo, não. É uma responsabilidade de cada família, porque não tem como o Governo entrar em cada casa para verificar se no quintal tem um pneu, uma lata, um vaso, alguma coisa que esteja acumulando água. Então, todo mundo tem que colaborar. Eliminando o problema da água parada, você elimina o vetor da doença, que é o mosquito. Porque o Governo, nos casos mais graves, está fazendo o trabalho de pulverização, ajudando as prefeituras. Mas o ideal é você eliminar a água parada.

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