Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração do Infocentro de Vila

Última Parte

qua, 20/06/2001 - 18h04 | Do Portal do Governo

Última Parte

Rodoanel

Pergunta – O senhor anunciou agora que o Trecho Oeste deve ser entregue no 2o semestre do ano que vem?

Alckmin – Acho que houve um equivoco, é no primeiro semestre do ano que vem.

Pergunta – Como está o repasse do Governo Federal?

Alckmin – O orçamento Federal tem R$ 100 milhões previstos para o Rodoanel, R$ 60 milhões já chegaram. O convênio assinado foi de R$ 90 milhões, porque R$ 10 milhões estão contingenciados, aliás não deveriam estar porque o Rodoanel faz parte do Programa Brasil, então não deveriam estar. Mas tudo bem. Já chegaram R$ 60 milhões e à medida que a obra vai avançando, esperamos que chegue o restante.

Pergunta – Falta também a conversa com as empreiteiras, já que o valor está reduzido. Deve haver nova licitação. Como estão as conversas?

Alckmin – Você tem seis trechos no Rodoanel, alguns estão num ritmo mais lento, outros estão num ritmo mais acelerado e nós esperamos entregar ainda este ano a ligação da Régis Bittencourt com a Raposo Tavares e a ligação da Bandeirantes com a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, a estrada velha de Campinas. Então, os trechos que estão mais adiantados, à medida que ficarem prontos, vão sendo entregues.

Pergunta – O Governo não está devendo nada para as empreiteiras?

Alckmin – Acho que foi colocado em dia, quando os R$ 60 milhões foram depositados pelo Ministério dos Transportes, o Governo do Estado colocou em dia.

Pergunta – Dentro desse ajuste fiscal, o Governo já colocou à venda o avião e vai passar um helicóptero para a Polícia Militar ou Civil, é isso?

Alckmin – Eu acho que o ajuste fiscal é uma obra inacabável, você sempre pode avançar um pouco mais aproveitando melhor o dinheiro do povo, tendo um custo-benefício melhor. No caso do jato, determinamos à Emae que venda, e ela já está fazendo avaliação para vender. Porque ano passado custou R$ 1.780 milhão, isso dá um custo por quilômetro de R$ 36,00, quando o custo pode ser R$ 8,00. É um custo muito caro. Quando for viagem que pode ser com avião de carreira, vai, quando precisar alugar, aluga, sai muito mais barato. Acho que nós vamos economizar em torno de R$ 1.500 milhão, e você tem a manutenção de um avião a jato muito caro e usa muito pouco. Sobre o helicóptero, a Polícia Militar já tem um conjunto de helicópteros chamado Grupamento Águia, que faz um belo trabalho. A Polícia Civil precisava de um helicóptero e ía comprar um de R$ 3 milhões. Então nós vamos fazer economia e passar o helicóptero do governador para a Polícia Civil, é um birreator com duas turbinas, um helicóptero excelente. Ela não terá que gastar R$ 3 milhões com a compra e o Governo vai passar o custeio para a Polícia.

Pergunta – Tem alguma novidade em relação à privatização da Cesp?

Alckmin – Não, nenhuma.

Metrô

Pergunta – Houve uma reunião do PED e parece que se falou sobre a Linha Quatro do Metrô, o que foi falado?

Alckmin – Com relação ao Metrô, nós estamos com uma obra em pleno andamento que é a Linha cinco e deve estar pronta até o final do ano que vem. A Linha Cinco começa em Capão Redondo, na Zona Sul, passa pela Vila das Belezas, Campo Limpo, Santo Amaro até o Largo Treze. Está em plena obra e estamos estudando a Linha Quatro, que será a primeira com participação privada e a primeira com participação do Bird, do Banco Mundial. É uma obra muito grande, a primeira fase custa R$ 1 bilhão. Ela começa na Luz e vai até a Vila Sônia, Taboão da Serra, passando pelo rio Pinheiros. É um metrô de interligação com o Osasco-Jurubatuba, que é aquele trem espanhol. Foi apresentado ontem ao PED, dependemos ainda de autorização do Banco Mundial para poder lançar a concorrência pública.

Pergunta – O Bird tem que concordar?

Alckmin – Como ele vai financiar quase metade, depende da aprovação do Bird, depende de nós fecharmos esse modelo todo, que terá o financiamento do Bird que é para o Governo, uma parte do próprio Tesouro e outra parte de financiamento privado.

Pergunta – Já havia sido discutido no PED?

Alckmin – Já vem sendo discutido, mas à medida que foi amadurecendo a proposta, foi novamente levantado.

Pergunta – O terminal é Vila Sônia ou Taboão?

Alckmin – São duas hipóteses: a primeira fase provavelmente vai só até Vila Sônia, mas ele é projetado para ir até o Taboão.

Aliança Política

Pergunta – (inaudível) Aliança do PSDB discutida ontem…

Alckmin – O que eu disse é o seguinte: que o Brasil tem um quadro partidário muito fragmentado, nós temos muitos partidos políticos, o que não é bom. É importante a reforma política, para você ter menos partidos, fidelidade partidária, personalismo na política, mais programas e propostas que promovam uma elevação política. E disse que a aliança é importante porque… Veja o caso do Fernando Henrique, ele ganhou a eleição no primeiro turno e não tem 20% de deputados de seu partido no Congresso. Quem se eleger presidente da República, independente do partido político, vai ter dificuldade para ter governabilidade, por essa fragmentação. Então é bom que se façam as alianças, porque depois vai ter que fazer para governar, então é bom fazer antes, para o povo saber qual é a aliança, em torno do que se faz essa aliança. Acho que é muito correto.

Pergunta – O PFL vem assediando bastante o senhor?

Alckmin – Eu não sou candidato.

Pergunta – Mas a ligação de sua preferência seria realmente com o PFL?

Alckmin – Com a esquerda é difícil você fazer aliança, porque quase todos os partidos da esquerda têm candidato próprio. Então a aliança tem que ser pelo centro, mas isso eu acho que deve ser discutido sim.

Crise de Energia

Pergunta – (inaudível) feriado para economizar energia…

Alckmin – Eu acho que é precipitado, acho que a população está respondendo bem, o povo só merece elogios nesse episódio. Está havendo uma economia muito grande de energia e, se nós continuarmos nessa linha, os efeitos negativos do racionamento de energia vão ser menores. O mais importante é preservar o emprego para não haver retração da atividade econômica. Você preserva o emprego, não tem uma crise econômica e social. Eu acho que as metas estão sendo alcançadas e a população tem ajudado bastante.

Pergunta – O secretário da Fazenda estima que a crise de energia pode gerar uma perda de R$ 350 milhões na arrecadação do Estado no segundo semestre e, perguntado sobre como compensar esse prejuízo, ele insinuou que vai sobrar para as obras. É isso mesmo governador, vai fechar as torneiras?

Alckmin – Nós não gastamos mais do que arrecadamos, então, se a arrecadação cai, tem que diminuir despesas. Diminuir despesas de pessoal e custeio é difícil. É claro que a despesa que pode diminuir é o investimento. Mas a arrecadação deve ter uma queda porque a energia responde por 8% da arrecadação do ICMS. Se nós reduzirmos 20% do consumo, significa 1,6% a menos no ICMS. Mas esperamos que essa crise seja transitória.

Pergunta – Se houver necessidade…

Alckmin – Se houver necessidade, o Governo corta gastos, porque não gasta mais do que arrecada.

Pergunta – Vai haver uma reunião para decidir que obras serão interrompidas ou não vão ser começadas?

Alckmin – Isso tudo será feito se houver necessidade. Nós estamos acompanhando a arrecadação diariamente, até agora não houve impacto forte, é pequeno, mas é claro que o ICMS não tem uma queda imediata. Quando você tem uma retração da atividade, isso repercute uns 60 dias depois. Isso é uma avaliação que nós fazemos diariamente.

Greve da Saúde

Pergunta – Os servidores da Saúde decretaram greve há mais de oito dias e o Governo não apresentou uma proposta, por quê?

Alckmin – Eu acho um absurdo essa greve. Se nós estamos negociando, conversando… Se o Governo dissesse que não vamos dar reajuste, não vamos ouvir ninguém, atender ninguém, aí tudo bem, a greve é o último recurso. Nós estamos conversando e buscando solução, discutindo o que é possível, e ouvindo as entidades. Fazer greve, para prejudicar os mais pobres, a população que precisa do SUS, é um absurdo. Aliás, eu já disse para o secretário da Saúde que greve é falta, e põe a falta no prontuário.

Pergunta – O sindicato alega que não houve nenhuma contra-proposta efetiva, que o Governo está fazendo estudos.

Alckmin – Nós estamos avaliando e não dissemos que não vai haver reajuste, pelo contrário, já adiantamos que vai ter, agora precisa decidir o valor. Ele acabou de me perguntar aqui sobre queda na arrecadação, é um momento difícil.