Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após formatura da escola profissionaliz

Parte 1

sex, 27/07/2001 - 17h27 | Do Portal do Governo

Parte 1

Repórter – … sobre a formatura dos internos

Alckmin – … receberam seus diplomas em cursos profissionalizantes importantíssimos. Informática, mecânica, eletrônica, corte e costura, confeitaria, construção civil. Então, a gente viu a alegria dos jovens. Eu quero destacar a parceria com empresas da iniciativa privada, parceiras do Governo que estão contribuindo com esse trabalho para nossa juventude.

Repórter – Governador, a respeito da reunião que o senhor teve ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso. O senhor é partidário da unificação das Polícias e formação da Guarda Nacional?

Alckmin – Foi uma reunião muito proveitosa, importante. A unificação das Polícias é um norte, uma visão correta, mas não pode ser feita do dia para a noite. Essa é uma coisa que precisa ser feita por aproximações sucessivas no sentido de começar uma integração na ação das duas Polícias. Em relação à área federal, acho que a Polícia deve ser do Estado, não há nenhuma razão para haver subordinação à área federal. Mas em momentos de emergência dar o poder de polícia às Forças Armadas é um remédio necessário. Se o caminho é uma Guarda Nacional ou ter uma força mais treinada para esse trabalho, o estudo vai mostrar.

Repórter – Em relação às negociações com a Polícia Militar e Polícia Civil, aqui em São Paulo, qual é a avaliação que o senhor está fazendo, uma vez que agora o coronel conversa com a PM e o delegado geral conversa com a Polícia Civil?

Alckmin – Estamos caminhando bem. O Governo deu um reajuste que passa a vigor já a partir de 1º de agosto, aprovado pela Assembléia Legislativa. Esse reajuste estabeleceu pisos importantes como o de R$ 1.000,00 nas cidades menores, até R$ 1.150,00 nas cidades acima de 500 mil habitantes. Piso inicial de R$ 2.500,00 para delegados, oficiais da PM, médico legista perito, reajustes de 6%, 8%, ou 10%, dependendo da faixa e extensivo a inativos aposentados e pensionistas. E podemos conversar, como está sendo feito, para ver outras formas indiretas de nós ajudarmos.

Repórter – O Governo de São Paulo está disposto a reavaliar esses percentuais, acrescentar alguma coisa ou rever apenas a parte de benefícios mesmo?

Alckmin – Nós podemos estabelecer benefícios que possam ajudar os policiais civis e militares. O problema do reajuste é que nós temos um limite, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal, e com esse aumento nós já passamos de R$ 410 milhões só neste ano, e num momento em que a receita, que vinha crescendo bem, teve um soluço com a crise de energia, crise da Argentina, alta do dólar, alta dos juros, retração da atividade econômica. Então, essas limitações também precisam ser analisadas.

Repórter – … planejam distribuir panfletos, cartazes inclusive para que a população encampe essa idéia de unificação dos policiais civis e militares. Se a população acatar a idéia, o senhor acredita que isso pode pressionar ainda mais o Governo?

Alckmin – O problema do Governo não é pressão, é de limitação orçamentária e limitação legal. Mas nós podemos buscar outros caminhos. Por isso é importante conversar. Conversando, dialogando, podem surgir idéias boas no sentido de atendê-los e ao mesmo tempo manter o limite orçamentário e limite da lei.

Repórter – Governador, o sindicato dos delegados ameaçou uma radicalização no movimento. Como o senhor avaliou isso?

Alckmin – Eu acho muito ruim. Esses excessos não contribuem para a busca de solução e nem para conseguir o apoio da opinião pública, que desaprova esses excessos onde eles acontecerem.

Repórter – A forma como estão sendo conduzidas as negociações vai evitar uma possível paralisação?

Alckmin – Eu acho que sim. Por parte do Governo até já designamos o secretário de Segurança Pública, o doutor Marco Vinicio, que já está conversando com entidades, representantes… O Governo está aberto no sentido de buscar uma solução e São Paulo tem tradição de respeito à lei, e greve na Polícia é proibido por lei.

Repórter – Se não acontecer, o senhor faria como na Bahia? Pediria ajuda ao Exército?

Alckmin – Isso não vai acontecer em São Paulo. Eu tenho absoluta confiança. Nós temos uma boa Polícia, uma Polícia madura, uma Polícia séria que tem trabalhado bastante e, portanto acho que essa hipótese está fora de cogitação.

Repórter – Governador, ontem houve uma nova rebelião com mortes. Os grupos organizados, criminosos, nas penitenciárias continuam muito fortes.

Alckmin – Olha, é uma rebelião sem justificativa, a não ser vandalismo. É uma unidade nova, o Centro de Detenção de Osasco não tem superlotação. Ele tem capacidade para 768 presos e estava com 773, não tinha superlotação. A maioria dos presos provisórios … , quer dizer, não tem o menor sentido fazer rebelião. Rebelião para quê? Graças a Deus não tivemos nenhum refém morto e tivemos mortes entre os presos por acerto de contas, luta interna. É muito triste, mas sem nenhuma razão.

Repórter – Governador, mas não continuam ocorrendo mortes?

Alckmin – Continuam, mas a única maneira de se evitar isso é o Governo agir com firmeza como vem e vai continuar agindo.

Repórter – O Lula disse que até é justificável a greve na Bahia por conta da má condição de trabalho. O senhor concorda?

Alckmin – Eu discordo totalmente. Acho inaceitável o que aconteceu na Bahia. Foi uma coisa absurda e acho que ninguém aprova isso. Reivindicar reajustes tudo bem, as reivindicações são necessárias, mas não é essa a forma de fazê-lo. O que aconteceu na Bahia é inadmissível.

Repórter – Os representantes do Sindicato das Polícias dizem que não conversam com o secretário da Segurança Pública, que ele é uma persona non grata e que eles só aceitam conversar com o senhor. O senhor vai receber as entidades representativas ou vai continuar negociando com o comandante e o delegado geral?

Alckmin – Eu vou recebê-las. Mas por que é importante o secretário da área participar? Porque é ele quem trata diretamente com o comandante geral da PM e o delegado geral da Polícia Civil. É ele quem vive o dia-a-dia da Polícia. Se fosse na área da saúde, é claro que o secretário da Saúde deveria participar. Não há razão para que ele não participe. Sendo na área da Segurança é muito bom e necessário que o secretário da Segurança Pública participe. Isso não quer dizer que o governador não vá recebê-los. Nós estamos esperando o secretário da Segurança ouvir todas as áreas, Polícia científica, Polícia militar, Polícia civil para depois o governador recebê-los.

Leia também:
Última Parte da coletiva