Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após evento de autorização para a const

Parte final

ter, 17/07/2001 - 15h54 | Do Portal do Governo

Parte final

Pontes metálicas

Pergunta – Governador, quanto às empresas que estão cuidando da construção das pontes metálicas, como a Cosipa e a Brás Tubos, o senhor acha que elas vão ter competência para entregar essas pontes até o final do ano?

Alckmin – Eu acho que sim. Essa é uma parceria em que as prefeituras precisam preparar as cabeceiras e fazem o acesso à ponte. Daí o Governo vai lá e instala a ponte. É um método rápido, porque são vigas metálicas de aço, você já instala. Antes é feito um projeto, você sabe o tamanho do rio, o comprimento da ponte, já vem tudo preparado, instala as vigas metálicas de aço e, em seguida, a plataforma de concreto.

União PT e PSDB

Pergunta – Há algumas críticas com relação à união do PT e do PSDB (inaudível)… como é que está na sua opinião?

Alckmin – Eu sou da tese do Eduardo Jorge, mas parece que o Eduardo Jorge é minoritário no PT. Eu acho que a coisa deve ser entendida da seguinte forma: na democracia quem ganha tem a tarefa de governar, quem perde tem a tarefa de fiscalizar. Isso é próprio do regime democrático, isso é saudável e correto. Mas isso não quer dizer que tudo o que um faça esteja errado e que muitas coisas que são feitas, independente de sigla partidária, elas são feitas porque precisam ser feitas, são necessárias. Aliás, a maioria das questões, elas não são de divergência ideológica, porque muitas das medidas que o Governo tem que tomar são questões gerenciais. É problema de bom gerenciamento, não é problema de diferença programática ou ideológica. Isso existe e quando existir tem que ser colocado: olha temos diferenças aqui sobre ponto de vista de programa ou ideológico. Mas muitas coisas não são programáticas ou ideológicas, são de bom gerenciamento.
Essas, não há razão para não ter um esforço coletivo. Eu acho que a entrevista do deputado Eduardo Jorge, o secretário da Saúde do município, foi muito lúcida. Aliás ele sempre tem se colocado, ao meu ver, de maneira muito correta, desde a visão do parlamentarismo, das tarefas do parlamento, das grandes reformas que o País precisa, das relações políticas partidárias… Agora, essas coisas não são fáceis, porque o Brasil tem tradição de personalismo na política, não tem cultura de partido político, de visão mais programática, mais partidária. A política gira muito na base da fofoca, na base do diz que diz, na base do personalismo e eu acho que um ‘upgrade’, um salto de qualidade na política brasileira. É a gente conseguir diminuir o personalismo, e conseguir tendo mais partidos, com fidelidade e programas partidários, com propostas tratando da macro política.

Pergunta – (inaudível)… a idéia do secretário é minoritária mesmo. Dentro dessa idéia, essa união, ou pelo menos essa aproximação, estaria muito longe?

Alckmin – Olha, no que se refere ao Governo de São Paulo, nós vamos fazer todo esforço para dar esse passo político, no sentido da qualidade da política, da cidadania. Hoje nós assinamos parcerias completando 630 municípios, tem todo mundo. Tem PT, PTB, PPS, PFL, todos partidos. Programa Melhor Caminho: todo mundo. Ontem nós assinamos o Programa da Habitação. A cidade que mais recebeu recursos é Ribeirão Preto, que é do PT. Então, questão eleitoral tem o seu momento e aí se discute, é natural. Mas as questões administrativas, que eu chamaria de questões de Estado, eu falo questões de Estado que podem se referir ao Brasil, questões que o Brasil precisa, podem se referir aos Estados da Federação e podem se referir as questões municipais. As questões de Estado precisam ter um empenho maior. Quanto mais ‘despartidarizar’ e ‘desfulanizar’, melhor. Quer dizer, são tarefas que a gente vai avançando. Essas coisas não acontecem num estalar de dedos. É um processo educativo, pedagógico que a gente vai caminhando.

Pergunta – Ontem o senhor já falou que há uma união no setor da Saúde. O senhor acredita que isso possa continuar para outras regiões da própria (inaudível) de São Paulo?

Alckmin – No que depender do Estado, do Governo do Estado, nós vamos trabalhar nesse sentido. Aliás, nós trabalhamos assim nos 645 municípios do Estado de São Paulo. E também somos criticados, às vezes incompreendidos até pelos nossos companheiros de partido: ‘Ah, mas e o diretório, tem que passar pelo diretório’… Não tem de passar pelo diretório. A tarefa administrativa de Governo, são relações institucionais, entre vários níveis de governo, e quem foi eleito tem que ser respeitado, independente de sigla partidária.

Pergunta – (inaudível)

Alckmin – (inaudível) … a cidade tem uma dimensão muito maior. Mas estamos avançando. Na área da Saúde, as coisas estão caminhando, estão dando avanços. Nas áreas das enchentes, eu havia dito que aquilo que for da responsabilidade do Estado, o Estado vai fazer. Nos foi cedido um terreno no Jardim Vazame, já determinei a elaboração do projeto executivo e vamos fazer um piscinão para ajudar na questão do Pirajussara. Na área da Educação, aliás isso não é novidade, no governo anterior, no governo Pitta, foi feito na área da Educação, matrícula conjunta Estado-Município, você já deu mais um avanço. Na área da Habitação, até cobrei do secretário da Habitação e do presidente da CDHU, nós vamos assinar um protocolo com o município e vamos estabelecer a fórmula de ir passando recursos para a prefeitura. Ou eles vão nos dando terreno e nós vamos construindo as habitações. Então vamos avançando. Há muitas áreas que devem caminhar juntos. Muitas questões, como enchente, de quem é a responsabilidade? É dos dois. Ela é concorrente. E não adianta um querer empurrar a responsabilidade para o outro, porque é dos dois. O município nos pequenos córregos, na limpeza dos bueiros, na limpeza da cidade, na canalização, e o Estado nos rios que passam por mais de um município. Por exemplo, o Tietê. Esse é um rio estadual. Quem tem que afundar a calha do Tietê é o Estado. Aliás, pouca gente sabe que nós estamos hoje numa concorrência pública de meio bilhão de reais, para contratar, com financiamento do governo japonês e recursos próprios do Estado, o rebaixamento da calha do Tietê em três metros de profundidade, entre o Cebolão até a barragem da Penha. Isso é uma revolução na cidade, porque o Tietê é o grande ralo da cidade, por onde escoam os seus afluentes. Vai ajudar muito. Na bacia do Pirajussara, que também nasce fora de São Paulo, Taboão, Cotia, essa região aqui, Oeste, o Governo já fez dois piscinões e vamos fazer mais e a prefeitura também tem participação. Na bacia do Tamanduateí, que nasce lá no ABC, já foram feitos seis piscinões, já estão funcionando, e estamos agora construindo mais seis, serão doze. Cada um fazendo sua parte, as coisas vão se encaixando.