Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, após entrega de viaturas para a Políci

Parte 1

qui, 31/05/2001 - 14h57 | Do Portal do Governo

Parte 1

Pergunta Governador, como o senhor analisa essa ação da Polícia em relação às centrais telefônicas que foram desmanteladas?

Alckmin – Acho que foi uma ação eficiente da Polícia Civil por intermédio do Depatri, que descobriu essa central telefônica do PCC. Isso não só vai impedir uma série de assaltos e mortes, como também vai ajudar a desarticular o crime organizado em termos até de Brasil. Porque essas centrais telefônicas tinham interceptação com penitenciárias e criminosos do País inteiro. É uma ação exemplar da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Pergunta Ontem, o secretário Marco Vinício Petreluzzi (da Segurança Pública) recebeu umas reivindicações por parte de policiais militares, principalmente sobre aumento salarial, e disse que entregaria ao senhor. O senhor vai fazer alguma contraproposta ou vai aceitar essa reivindicação?

Alckmin – O secretário da Segurança Pública recebeu a delegação para conversar com as entidades, tanto a Polícia Civil como a Militar, em bom clima, clima de entendimento, de diálogo, e esse deve ser o clima e é necessário se buscar uma solução. Há um pleito que nós vamos analisar. No Governo Mário Covas, os reajustes foram superiores à inflação do período, mas nós reconhecemos que o salário não é o ideal, está longe do salário ideal. O Governo por outro lado tem restrições orçamentárias como a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas nós vamos fazer o maior esforço, no sentido de atender total ou parcialmente, isso vai ser analisado. O secretário vai nos trazer a pauta de reivindicações, aliás não apenas sobre a questão salarial, mas nós estamos terminando um trabalho para ampliar enormemente o Hospital da Polícia Militar, reequipá-lo, tem uma ala nova toda ela dedicada à fisioterapia para atender a família da Polícia.

Pergunta O senhor se sente influenciado pelo clima que se instalou em Tocantins, o pedido de aumento de salário e a Polícia toda nos quartéis e o Exército do lado de fora?

Alckmin – Eu acho que isso é exatamente o que não deve acontecer. Esse não é o caminho, ainda que as reivindicações sejam legítimas e justas, esse não é o caminho.

Pergunta Apesar de tudo isso que o Governo paulista está fazendo, equipando melhor a Polícia, aqui nessa cerimônia, os policiais acabaram de receber esse panfleto, dizendo que estão abandonados pelo Governo. Que medida que o Governo paulista vai tomar em relação a isso?

Alckmin – Olha, é evidente que há setores e sindicatos que cumprem o seu papel. Qual é o papel? É reivindicar o máximo possível, o dinheiro não é do governador, é do povo de São Paulo e portanto precisa ser aplicado de maneira correta. Há restrições legais e orçamentárias. A Polícia de São Pulo é a melhor do Brasil, a mais bem equipada. Nós estamos participando aqui de uma solenidade de entrega de viaturas de primeiro mundo, Mercedes Benz, carros extremamente bem equipados, Polícia com helicópteros, sistema penitenciário enormemente ampliado, aumento de contigente, nós tínhamos 73 mil policiais, hoje temos 83 mil, temos seguro para policiais, vamos agora ampliar o hospital, temos preocupação com os recursos humanos, com a qualificação da Polícia. Para você ingressar hoje na Academia do Barro Branco, você tem que fazer vestibular pela Fuvest, como é para medicina, para engenharia. Nós temos Polícia de Elite. Veja esse caso de ontem do Depatri, que trabalho exemplar. Veja, meses atrás o episódio da rebelião nas penitenciárias, a atuação exemplar da Tropa de Choque. Então, a Polícia de São Paulo é uma Polícia que nos orgulha. Há problemas ainda a serem resolvidos. O Governo reconhece que há e vai fazer um esforço permanente para melhorar ainda mais.

Pergunta Entre esses problemas está, governador, por exemplo, a denúncia da Anistia Internacional no informe 2001 divulgado ontem, dizendo que os policias, principalmente aqui em São Paulo, ainda torturam e os presos sofrem maus tratos?

Alckmin – Quando há denúncia, o Governo apura. Se há denúncia de maus tratos, ela é apurada. Isso é intolerável, é crime inafiançável. Há denúncia de propina, de corrupção, o Governo apura, tanto é que nos últimos seis anos foram demitidos, a bem do serviço público, mais de 2.600 policias. Esse é um trabalho permanente, cotidiano. Tem uma denúncia, apura e demite, põe na cadeia, comunica ao Ministério Público. A Segurança Pública é o maior desafio para o qual o Governo vai dedicar o maior de seus esforços.

Pergunta O senhor admite que a Polícia ainda está mal preparada? Uma parte da Polícia ainda está mal preparada e isso vai ao encontro do que disse o boletim da Anistia Internacional divulgado ontem?

Alckmin – Olha, caso de tortura, se tiver, é caso isolado e, se apurado, será demitido.

Pergunta O que o senhor achou do discurso de renúncia do ACM ontem?

Alckmin – Eu acho que não trouxe nada de novo e acho que a renúncia é um ato de reconhecimento de culpa. E acho que em termos de política nacional essa é uma página virada.

Pergunta O senhor acha que seria melhor a cassação do que a renúncia?

Alckmin – A renúncia é um ato unilateral. Há o direito de se renunciar, mas a renúncia é um ato de reconhecimento de culpa.

Leia também a última parte da entrevista coletiva
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