Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após abertura do II ComSocial no Paláci

Parte I

qua, 25/04/2001 - 16h50 | Do Portal do Governo

Parte I

ComSocial

Repórter – Governador, o senhor pode falar sobre o ComSocial?

Alckmin – Toda a lógica da Lei Orgânica de Assistência Social, a Loas, é de descentralizar. Você tem em cada município um Conselho Municipal, tem o Fundo Municipal de Assistência Social, e os recursos são repassados para os municípios. Então, é um trabalho importante, uma nova visão da questão da assistência social, muito mais correta, mais próxima da sociedade, com a participação da sociedade civil. Hoje, aqui, reúnem-se mais de 600 municípios do Estado de São Paulo, 645 municípios, com as presidentes dos Fundos de Solidariedade num dia de trabalho. São trocas de experiências que foram bem-sucedidas na área social, com programas de geração e complementação de renda, programas de atendimento social, programas nas áreas educacional, saúde e da criança. É um dia de trabalho, em que os secretários de Estado vão expor os programas de Governo, as possibilidades de parcerias, as linhas de financiamento e os próprios municípios têm experiências muito positivas.

Senado

Repórter – Governador, podemos mudar um pouquinho de assunto?

Alckmin – Podemos, claro.

Repórter – Falando sobre esse episódio do Senado, o que senhor avalia que o senador Antônio Carlos Magalhães pode falar amanhã no depoimento dele?

Alckmin – Eu acho difícil negar a evidência. Esse é um episódio lastimável, deplorável e acho que, dentro dessa tristeza toda, o que se pode realçar foi o fato da doutora Regina ter dito a verdade. ‘Olha, errei, isso realmente aconteceu, se passou de tal e de tal maneira’. E a mesma coisa o senador Arruda. ‘Errei, reconheço o erro, peço desculpas a meus eleitores, a minha família…’ É preferível reconhecer o erro do que permanecer nele. Isso também não exime de responsabilidade e nem deve levar à impunidade. É claro que tem que haver punição.

Repórter – Cassação?

Alckmin – O tipo de punição… Vamos aguardar a conclusão desse processo todo no Senado. A democracia não pode conviver com esse tipo de comportamento sem entrar no mérito das pessoas. Mas esses fatos não podem ser tolerados no regime democrático. Eles tiram a credibilidade das instituições. É preciso recuperar a credibilidade das instituições. Precisa se recuperar a credibilidade da instituição do Senado Federal.

Repórter – Mas o senhor é a favor ou contra a cassação do senador?

Alckmin – Eu acho que, confirmadas essas questões e levada ao final a comissão de Investigação, é difícil que não se tire o mandato. É difícil. Ele já teve um ato de grandeza de se afastar do partido, mas essa é uma questão que devemos aguardar. Vamos esperar concluir todo esse processo.

Repórter – O senhor acha que toda a responsabilidade pode acabar com a diretora do Prodasen? Quer dizer, o próprio senador disse que não chegou a pedir. Só perguntou a ela sobre a possibilidade de violação do sistema. Parece que o depoimento do ACM não vai ser muito diferente disso. Então, a responsável por tudo isso vai acabar sendo a ex-funcionária?

Alckmin – Todos são responsáveis porque como é que se pode violar um sistema, não é? Todos são responsáveis. Então, não há como dizer: ‘olha a responsável é a funcionária’. Ela não fez isso da cabeça dela.

Repórter – O senador Arruda disse que não pediu, só perguntou para ela se era possível violar o sistema.

Alckmin – E ela violou porque quis? Por iniciativa própria? Acho que não é bem assim, não.

Repórter – Como isso afeta a imagem do partido de forma geral?

Alckmin – Isso afeta a imagem do partido, do Senado, a imagem da política… É muito ruim para todo mundo. Agora, essas coisas, infelizmente, acontecem. Não é a primeira e nem vai ser a última. Aliás, isso tem em todos os partidos. A imprensa acabou de divulgar que deputado do PT recebeu dinheiro da CBF, não registrou o dinheiro… essas coisas acontecem em todo lugar. O que precisa haver? Providência, atitude, no sentido de corrigir. Quer dizer, a democracia é um processo permanente que não se encerra em si próprio. Ele exige permanentemente uma depuração, um corretivo, um cuidado e uma fiscalização de forma permanente, inclusive por parte da sociedade.

Última Parte da entrevista coletiva