Trechos da coletiva do governador Mário Covas após posse da nova procuradora-geral do Estado

nd

ter, 05/09/2000 - 15h48 | Do Portal do Governo

Sobre encontro com o Ministro das Minas e Energia

Repórter: O que o sr. conversou com o ministro (Tourinho da Minas e Energia) pela manhã?

Covas: Sobre energia de maneira geral. Sobre o que se está fazendo aqui em São Paulo, sobre as três usinas termelétricas que estão sendo feitas, mais o que a gente fez em matéria de privatização da Comgás e, portanto, perspectivas a esse respeito, um pouco sobre o quadro da matriz energética.

Repórter: O ministro continua demonstrando muita preocupação em relação a alta do petróleo no mercado internacional?

Covas: Não. Nem falamos em petróleo. Falamos sobre a matriz energética mas não envolveu petróleo. Envolveu energia seja de que natureza for. Aqui em São Paulo, com relação a isso, nós temos alguns problemas. Porque na área de recursos hídricos não temos mais de onde tirar energia. Os rios todos já foram loteados em sucessivas barragens e, portanto, o que era possível tirar dali já foi tirado. Agora, nós só podemos tirar é do gás. Nós temos sempre recursos da biomassa. Mas o recurso da biomassa é pouco produtivo. Fizemos um esforço danado para fazer 300 megawatts em biomassa, não é uma coisa interessante mas ela não produz o suficiente, temos aqui em São Paulo volumes maiores.

Repórter: Há risco de falta de energia já que é insuficiente….

Covas: Não há nenhum risco. Esse ano não há nenhum risco. Nem o ano que vem terá risco.

Sobre denúncias do DER

Repórter: Governador, a Bandeirantes fez uma denúncia sobre um contrato que foi assinado há quatro meses entre o DER e uma empresa particular, uma empresa do nome Scabi que em tese seria a responsável pela administração de multas rodoviárias. E o que se descobriu é que essa empresa além de ser especializada na compra e venda de alimento e fumo, portanto nada ligado ao setor de administração rodoviária, é uma empresa cuja sede é apenas de fachada, não funciona há vários meses, e além disso o contrato prevê que essa empresa forneça uma mão de obra especializada, formada por engenheiros, e essa empresa não possui nenhum engenheiro no seu quadro funcional.

Covas: Vocês viram tudo isso lá na Bandeirantes? Eu não sei. Não tenho a menor idéia do que você está falando. A medida que você está falando vou tomar conhecimento e vou ver o que aconteceu.

Repórter: O que lhe parece governador?

Covas: Não me parece nada. Você está me dizendo e eu preciso saber o que é isso.

Repórter: Um contrato que prevê uma mão de obra especializada de engenheiros e a empresa não possui nenhum engenheiro.

Covas: Não, você está perguntando do caso e eu não vou te responder do caso sem ouvir a outra parte.

Repórter: Segundo o DER houve uma equivalência, uma substituição. O contrato prevê engenheiros, mas como a empresa não possui engenheiros, trocaram por outros funcionários. Lhe parece razoável isso?

Covas: Não sei. Eu estou ouvindo a sua versão na história. Estou falando para você que a sua versão, no mínimo, me anima a averiguar isso. Eu vou fazê-lo e daqui um ou dois dias eu te dou uma resposta. Aí, com conhecimento de causa. Não me obrigue a te dar uma resposta sobre um assunto que eu não tenho conhecimento.

Repórter: Se for confirmada irregularidade qual o procedimento?

Covas: Se for confirmada irregularidade eu te anuncio em seguida que posição eu tomo.

Plebiscito da CNBB sobre dívida interna e externa

Repórter: Sobre o plebiscito da dívida interna e externa, o sr. já votou, vai votar, o que o sr. acha deste plebiscito que está sendo realizado pela CNBB?

Covas: Eu tenho a respeito disso a opinião firmada. Se há alguém que tem pago sua dívida aqui…. Até torci ontem. Vi muita gente não querendo pagar a dívida do município, se eles não pagarem vai ficar bom porque aí eu vou reivindicar para não pagar do Estado também.

Repórter: O sr. pegaria uma carona também?

Covas: Não vejo porque. Eu não sou pior que os outros. Eu já paguei para o Governo Federal R$ 17 bilhões. De forma que se derem condições diferentes para outros… e não foi primeiro a negociar. Eu peguei carona nas negociações dos outros, portanto não me fizeram nenhum favor especial. Agora, se mudarem a negociação, tudo bem, eu não tenho nada a opor, apenas vou reivindicar a mesma coisa.

Febem

Repórter: Apesar do esforço do governo em melhorar a imagem da Febem, demitir mais de mil funcionários, os observadores da ONU ainda encontraram instrumentos de tortura …

Covas: Eles encontraram alguma coisa ruim no lugar onde estão os piores, os mais agressivos meninos. Estão concentrados numa das duas unidades de Franco da Rocha, tanto que só falam dessa.

Repórter – Mas isso não justifica, não é governador?

Covas – Não, não justifica não.

Pergunta: Foi pedida a abertura de inquérito policial lá.

Covas: Olha o que ele está dizendo, foi pedida a abertura de inquérito policial. Acho bom botar na rua todo mundo lá.

Salário mínimo regional

Pergunta: Estou fazendo uma matéria especial sobre salário mínimo regional e eu queria saber como está isso. O Geraldo Alckmin disse, há um mês e meio mais ou menos, que havia sido montada uma comissão para analisar com empresários. Eu queria saber como está o assunto.

Covas: Ainda está em discussão. Mas não é só com empresário. É com empresário e com trabalhador. Estamos fazendo uma série de consultas para ver. Com a aprovação da lei que é mais recente do que um mês, para sabermos o que se fará aqui em São Paulo. O grande problema é para os prefeitos, porque para o prefeito o salário mínimo é muito pesado.