Trechos da coletiva do governador Mário Covas após lançamento da Fenasoft 2000

Parte II

seg, 24/07/2000 - 17h09 | Do Portal do Governo

Parte II

Repórter: As informações envolvendo o ex-assessor do presidente Fernando Henrique, Eduardo Jorge, ainda preocupam ou o senhor acha que a pior fase, com as informações iniciais…

Covas: Isso não me preocupa em nada. Agora eu não acho que a pior fase aconteceu… até porque o Congresso não está funcionando. Portanto, durante esse período você tem especulação natural na imprensa e é provável que, quando abrir o Congresso, você vai ter uma repercussão grande dentro do Congresso, como é um fato novo vai acontecer, como já ocorreu em outras oportunidades e isto vai acontecer agora. Tem uma revista aqui em São Paulo, que pertence ao Quércia e que ontem ainda me coloca como… quer dizer a vontade que ele tem de me colocar perto do Eduardo Jorge – coisa que não me constrange, não tem nada de mais – mas aquilo que eles chamam de “os negócios do Eduardo Jorge” é tão indecente que eu vou processar a revista. Não vou processar o jornalista que escreveu, mas vou processar a revista. A capa da revista é mais ou menos assim: “as coisas do Eduardo Jorge envolvem Covas”. E aí vem uma história trágica da Cosesp, uma empresa de seguro – que, obedecendo uma denúncia feita pelo Erasmo Dias, um denunciante sem dúvida nenhuma eficaz, com uma bela história política e que está no Ministério Público há dois anos e meio… Foi no tempo da campanha, eu nem sabia disso. Até hoje ela não andou no Ministério Público. É uma pena, porque eu gostaria que tivesse andado. A Cosesp se livrou de um seguro que lhe dava muito peso e, portanto, teve até vantagem com isso. Mas tentam fazer disso… falam até nepotismo. A única coisa que não encontrou foi parente meu, isso não encontram, nem lá e nem lugar algum. E isso dói, dói.

Repórter: O senhor vai processar a revista então?

Covas: Ah, vou processar sim. Vou processar inclusive financeiramente e para pagar o dinheiro para a Santa Casa.

Repórter: Sobre a matéria da Folha de São Paulo, que aborda o repasse de verbas para os municípios e que o senhor estaria privilegiando…

Covas: Aquilo é conseqüência das denúncias que o Lula discrimina. Quando eu li que a Folha publicou que o Lula discrimina, porque quando ele diz que os governos de Santa Catarina e de São Paulo devem ser tratados de maneira diferente dos governos de Minas e do Rio Grande do Sul, eu estou dizendo em todo lugar que esse é o pensamento do Lula – que é altamente discriminatório. Imagina se eu fizesse isso com os prefeitos do PT. E mandei levantar tudo que repassamos em todos os municípios, em todo tempo – desde o começo do Governo, no período dos atuais prefeitos e quando dei essa distribuição de dinheiro. O pessoal não leva em conta o fato de que grande parte do que vai para o ABC, onde predomina o PT por exemplo, não é feito por aqueles que estão naqueles governos, é feito pelo Fumef. Mas essas contas vocês não pensem que eu não fiz antes, porque estava certo que uma indicação desse tipo vinha. Me impressiona que três jornalistas trabalhando dizendo que receberam uma denúncia e dão dados tão significativos numericamente quanto aqueles – lógico, foi uma denúncia, portanto ela vem acompanhado dos dados. E quem é que terá passado a denúncia? Se a reclamação é de que o PT ganhou pouco, amanhã ou depois eu distribuo para a imprensa inteira quanto se repassou para cada um dos municípios…
Eu nem li os valores, mas quando eu vi que um recebe R$ 51 e outro R$ 6 mil, para mim estão erradíssimos. Isso mesmo contando São Bernardo, que recebeu mais de R$ 300 milhões e cujo prefeito há dois anos já não é do PSDB.