Trecho da entrevista coletiva do governador Mário Covas após inauguração da Couromodas 2000

Última parte

ter, 11/01/2000 - 15h52 | Do Portal do Governo

Pergunta: Então, o senhor tomou esta medida porque viu que não havia outro jeito, mesmo que não seja de acordo com a lei?

Covas: Eu, por enquanto, não tomei nenhuma medida ainda. Por enquanto, só baixei um decreto acoplado com uma lei que já tinha sido aprovada e que me permite tomar medidas em determinadas hipóteses.

Pergunta: Não está em estudo nenhuma redução de alíquota para qualquer setor de produção de São Paulo, como chegou a ser ventilada em alguns jornais? Isso não incomodaria governadores do PFL?

Covas: Não. Eu não sei quem é que botou isso nos jornais. Redução de alíquotas nós já fizemos várias. Nós só reduzimos alíquotas, só diminuímos. Mas, enquanto eu diminuir alíquota até 12% eu não preciso nem pedir para o Confaz. Porque esse é o limite inferior que eu posso adotar, independente de qualquer coisa. Aliás eu vou adotar para dois produtos agora.

Pergunta: Quais?

Covas: No dia que eu anunciar vocês vêem.

Pergunta: E quando o senhor vai anunciar?

Covas: Por estes dias.

Pergunta: São setores que têm produção importante na Bahia e no Paraná?

Covas: Não tem não. Não sei se no Paraná tem. Na Bahia não tem. Na Bahia tem um governador olhando pelo retrovisor, e que diz que eu devia pintar o negócio de vermelho. Você leu isso no jornal, que eu ia pintar o negócio de vermelho? Eu fiquei estupefato com a fixação que ele tem pelo negócio pintado de vermelho. É uma coisa que me espanta isso. Um governador fixado nessa idéia, gosta de ver negócio pintado de vermelho. Que coisa!

Pergunta: Ele disse que o senhor não pode imaginar …

Covas: Não, não. O resto eu não discuto com ele. Outro dia caiu na minha mão uma revistinha do Casseta e Planeta. Eles não gostam de loiras, e uma das anedotas que eles contam é que tinha um ventríloquo falando mal das loiras. Aí, levantou uma loira desgovernada que começou a gritar: “É um absurdo você falar isso das loiras!”. Aí o ventríloquo falou: “Mas minha senhora, eu estou fazendo uma brincadeira”. E a loira: “Mas eu não estou falando contigo, estou falando com esse que está no seu colo”.
Se eu posso falar com o ventríloquo, para que eu vou falar com o boneco? Deixa ele falar à vontade. Se eu tiver que brigar, eu brigo com o ventríloquo, não é com ele.

Pergunta: Governador, sobre a saída do Goro Hama da CDHU, o senhor já tem algum nome?

Covas: Eu já tenho vários nomes, mas ainda não decidi.

Pergunta: E como é que o senhor vê a saída dele, por que e como é que o senhor explica essa mudança?

Covas: Aliás, hoje no jornal tem outra vez uma notícia errada. Todos os processos relativos a planos empresários, as concorrências foram feitas no Governo anterior. Alguns contratos foram assinados nesse Governo, mas as concorrências, que afinal fixaram e aprovaram o preço foram feitas no Governo anterior. Todos eles. E, na realidade, o Tribunal não apontou nenhuma irregularidade moral. Ele disse é que esse processo é um processo que não amplia a concorrência, não é que houve alguma coisa de errada no processo. Mas esse rapaz tem sido objeto de críticas permanentes. E, no final, ele pediu demissão e eu acabei aceitando para que ele não ficasse permanentemente nessa visão. De repente, podem dirigir as críticas para mim, que afinal foi quem o nomeou.

Pergunta: O que o senhor conversou com o presidente agora, depois do pronunciamento? O senhor chegou a abordar sobre a ajuda dos municípios, sobre guerra fiscal, o que foi conversado com o presidente?

Covas: Nada disso. Dos municípios ele já disse que ia fazer, aliás disse numa declaração para vocês. Já disse antes, já falou, não tinha por que falar disso. Num lugar como esse a gente não conversa. Não tem margem de conversa.

Pergunta: E quanto à ajuda do ano passado que não chegou ainda ao Estado?

Covas: Continua não chegando.

Pergunta: O senhor chegou a conversar sobre isso com o presidente?

Covas: Não, não.

Pergunta: Em relação a essas críticas que vêm da Bahia, o que o senhor falaria para o ventríloquo do governador César Borges?

Covas: Eu não falaria nada. Eu só falo quando me dá vontade de falar. Ninguém me carrega para discussão na hora que eu …

Pergunta: Então o senhor está seguindo mais ou menos a orientação do presidente?

Covas: Eu não estou seguindo a orientação de ninguém. Eu só sigo uma orientação, a do povo de São Paulo. Essa é a única que eu sigo. Fora disso, eu não tenho chefe.

Pergunta: É que o senhor sempre fala que é um homem de partido, né, governador?

Covas: Isso é outra coisa. Mas partido não é gente. Partido é uma instituição.