Transgênico à brasileira é destaque na revista Unesp Ciência

Publicação questiona se o debate sobre o assunto avançou tanto quanto a tecnologia

ter, 01/11/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

A aprovação em setembro da comercialização de um feijão geneticamente modificado – o primeiro desenvolvido com tecnologia 100% nacional – deve trazer enfim para o dia a dia do brasileiro um alimento transgênico e reacende velhas discussões que vêm sendo deixadas de lado com o avanço do setor. O debate está na reportagem de capa da nova edição de Unesp Ciência, que já está no ar.

O pedido de comercialização feito em nome da Embrapa foi aprovado na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) por 15 votos a favor, 2 abstenções e 5 solicitações de mais informações, e foi para análise do Ministério da Agricultura. Mas a aprovação foi duramente criticada até por membros e ex-membros da CTNBio, e três ONGs encaminharam representações ao Ministério Público Federal contestando o resultado por alegar irregularidades no processo. A polêmica serviu como prólogo para uma discussão que tem tudo para endurecer nos próximos anos.

A reportagem mostra que a pesquisa biotecnológica nacional ganhou maturidade. Em laboratórios públicos e privados, cientistas brasileiros estão desenvolvendo variedades transgênicas de plantas economicamente estratégicas para a nação. Mas será que o país já solucionou o histórico debate envolvendo a segurança e a real necessidade do uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) em escala de massa? E ainda mais delicado – será que esse debate avançou tanto quanto o domínio da tecnologia?

O Brasil já é o segundo país do mundo em área cultivada com OGMs: 25,4 milhões de hectares, equivalentes a 38% de toda nossa área agricultável, estão fornecendo nutrientes e abrigo a 17% dos grãos transgênicos do planeta. Atualmente é permitida no Brasil a comercialização de 33 variedades de sementes de milho, algodão e soja geneticamente modificadas, a maior parte delas autorizadas de 2008 para cá.

O problema é que o controle mundial do mercado dessas sementes pertence a seis empresas multinacionais, que não praticam transferência de conhecimento. É para conquistar uma certa independência em relação a esse processo que as universidades brasileiras estão se mobilizando a fim de desenvolver a produção de alternativas com tecnologia totalmente nacional. Por outro lado, há críticas de que não se esteja fazendo mais pesquisas para atestar sua segurança.

Língua do Brasil colonial e leishmaniose

A nova edição da revista traz também uma reportagem sobre a produção de um novo dicionário que resgata os significados diferentes que as palavras tinham na época do Brasil Colônia. Outra matéria aborda o avanço da leishmaniose, apesar da medida de controle que determina o sacrifício dos animais contaminados; a polêmica, que já foi parar na Justiça, só deve se resolver com o surgimento de uma vacina.

O estudo de campo deste mês mostra o trabalho de um geógrafo que analisa a mercantilização da festa do peão de Barretos. No perfil, a história de Reynuncio Lima, ator político e teatrólogo, que criou o curso de artes cênicas da Unesp e tem um teatro para chamar de seu. Na seção como se faz, um projeto busca desenvolver os parâmetros para a realização de cirurgia de catarata em bebês. E, quem diria, cemitérios geram uma poluição semelhante à de lixões. Clique aqui para ver a edição completa.

Da Unesp