Torneios reúnem ídolos do tênis brasileiro no Parque Villa-Lobos

O Parque sediou as finais do Aberto de São Paulo 2009 e da IV Copa Bola Dentro

seg, 12/01/2009 - 19h13 | Do Portal do Governo

Bem lembrou o secretário Xico Graziano que o local onde se localiza o Parque Villa-Lobos – apontado recentemente por jornal de grande circulação na capital, como espaço ideal para caminhada, corrida e lazer – antigamente abrigou um lixão. O fato foi mencionado pelo secretário no domingo, 11, durante a entrega dos troféus aos tenistas vencedores do torneio internacional Aberto de São Paulo 2009 e da IV Copa Bola Dentro, realizados no Parque. Lugar, portanto, marcado pela mudança, recuperação e transformação radical, para melhor, o Villa-Lobos, administrado pela Secretaria do Meio Ambiente – SMA, foi mais uma vez palco de boas notícias e promessas futuras.

Não só o brasileiro Ricardo Mello, até antes do torneio posicionado como 195º no “ranking” mundial, quebrou o seu jejum de títulos – suas últimas vitórias haviam sido no Aberto de São Paulo de 2005 e Campos do Jordão e Florianópolis, em 2006 – e chegou ao bicampeonato, ao vencer o chileno Paul Capdeville, 111º colocado no “ranking”, por 2 sets a 0, como também, como prelúdio à grande decisão internacional, os adolescentes Bruno Correia, 16 anos, e Weverson Leão, 15 anos, do Projeto Bola Dentro, que ensina tênis gratuitamente, a 128 meninos e meninas carentes da capital, mostraram seu potencial, fazendo a final da IV Copa Bola – vencida por Bruno, em apenas um set, por 9 a 4.

O Projeto Bola Dentro é uma iniciativa com objetivo de inclusão social, da Maricic Eventos, organizadora do Aberto de São Paulo, e da SMA, criado em 2005 e desenvolvido nas quadras do Parque Villa-Lobos, sob a coordenação do professor Agostinho Carvalho. Com ajuda de outros professores, auxiliares, psicólogo e assistente social, não só forma tenistas, como também professores da modalidade, pegadores de bola, juízes de linha e de cadeiras.

“Nossa preocupação é proporcionar um futuro a essas crianças e adolescentes, que muitas vezes chegam aqui sem a menor perspectiva, e inseri-los na sociedade através do tênis”, afirma Agostinho, que ministrou aulas em academias de São Paulo por 27 anos antes de ser convidado por Juliano Tavares, da Maricic, para integrar o projeto. Como fruto desse trabalho, já são 14 alunos incluídos na Federação Paulista de Tênis – FPT, além de quatro que já atuam como juízes de linha e até de cadeira em torneios oficiais.

Bruno Correia é um bom exemplo. Mora na unidade Cingapura do “Ceasa”, com uma tia que o adotou, e estuda no 2º ano do Dilermando Dias dos Santos, uma escola estadual na Vila Leopoldina. Seus pais adotivos estavam desempregados em 2005, quando o projeto foi divulgado na escola e ele foi conhecê-lo. A partir de então, os treinos diários, de segunda a sexta-feira, às tardes, permitiram-lhe chegar à 2a. posição na 4a. Classe de sua categoria, na FPT, com o título na IV Copa, deve ascender para a 3a. Classe. E, além da pretensão de se tornar um tenista profissional, tem um sonho: “Se conseguir chegar ao profissionalismo no tênis, quero ajudar no projeto, ensinando outros garotos”. Em tempo: Bruno foi campeão nas quatro edições da Copa Bola Dentro.

Weverson Leão é outro bom exemplo. Mora na comunidade da Vila Andrade, na zona sul e estuda no 1º ano da escola estadual de 2º grau Jardim Bronzato, também na região. Começou como catador de bola há nove anos, por influência do irmão, Weverton, 21, que atualmente é professor de tênis no projeto. No momento, Weverson ocupa a 14a. posição em sua categoria, na FPT, e acaba de ganhar uma semana grátis de treinamento no hotel-fazenda-clínica de tênis Kirmayr, pertencente ao famoso tenista, Carlos Alberto Kirmayr, defensor do país na Copa Davis por quinze anos e treinador da jogadora argentina Gabriela Sabatini, quando ela se sagrou campeã do US Open em 1990.

Ambos, Bruno e Weverson, após jogarem a final da IV Copa Bola Dentro, na quadra central do Parque Villa-Lobos, em pleno “Fast Stadium”, com capacidade para 4.500 pessoas, especialmente montado para o Aberto de São Paulo, participaram, ainda, como pegadores de bola na partida entre Ricardo Mello e Paul Capdeville, junto com outros garotos do projeto. E, com a mesma humildade e seriedade com que atuam como alunos e praticantes do esporte, também se mostraram muito bons e atentos nessa tarefa, aproveitando o privilégio de poderem estar bem próximos e aprenderem um pouco mais, com esses ídolos nacionais das quadras, que empolgaram o público que lotou o estádio. No caso de Weverson, foi contemplado com o troféu de melhor pegador da competição.

Provocados, com o questionamento sobre se num futuro próximo teriam condições de encarar um Mello e um Capdeville, enfrentando-os nas quadras, tiveram reações diferentes. Bruno, mantendo a humildade, acredita faltar muito e vê a convivência e proximidade com os profissionais, como estas vividas no Villa-Lobos, como mais um passo importante. Weverson, por sua vez, arriscou um palpite ousado: “Daqui a dois anos, posso estar aí, no lugar deles!”. Quem sabe, motivados pela concreta e positiva transformação do Parque, ex-lixão, e pelo início de temporada promissor para os tenistas brasileiros, essas promessas realmente não se concretizem? É o que espera o professor Agostinho e os idealizadores do Projeto Bola Dentro.

Da Secretaria do Meio Ambiente