Terceiro dia do seminário sobre competitividade paulista

Na quarta-feira, 20, workshops abordaram setores de petroquímico, indústria do cimento e indústria farmacêutica

qui, 21/02/2008 - 12h45 | Do Portal do Governo
  • Workshops das indústrias de Petróleo e Gás, Petroquímica, Transformados Plásticos e Defensivos Agrícolas

Na quarta-feira, 20, terceiro dia do Seminário “Uma agenda de competitividade para a Indústria Paulista”, organizado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento, a Fiesp  sediou os workshops das indústrias de Petróleo e Gás, Petroquímica, Transformados Plásticos e Defensivos Agrícolas.

O consultor José Augusto Ruas abriu a segunda série de workshops de quarta-feira expondo o resultado de seus estudos sobre a indústria de Petróleo e Gás Natural paulista. Em sua apresentação foi ressaltada a importância do estímulo às ofertas de soluções energéticas para as atividades da indústria, “é necessário criar uma interdependência entre a política industrial e a política energética”, explicou Ruas. Para isso ele propôs a criação de um conselho composto pelas Secretarias de Desenvolvimento, Saneamento e Energia ; e Meio Ambiente, a fim de criar políticas industriais e energéticas.

José Augusto sugeriu ainda a criação de uma Agência de Capacitação e Promoção de P&D para identificar ações e prioridades, e aproximação entre ensino e pesquisa. Neste ponto o consultor fez uma ressalva: “Chamo a atenção da importância da participação do IPT, da Secretaria de Desenvolvimento e da Secretaria de Saneamento e Energia neste setor que traz um impacto muito grande”.

Logo após a conclusão da apresentação dos estudos de competitividade da Indústria de Petróleo e Gás, o workshop foi aberto para perguntas dos empresários presentes. Ao ser indagado se existe a possibilidade do Parque Tecnológico de São José dos Campos sediar pesquisas nessa área, José Augusto Ruas respondeu claramente, “o parque tecnológico de São Jose dos Campos tem uma capacitação metal-mecânica que não é desprezível, acredito que seja possível”.

O pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Unicamp, José Maria Silveira deu continuação ao seminário de quarta com o tem da Indústria Petroquímica. O ponto inicial apresentado pelo pesquisador foi a problemática de como conciliar a política ambiental e a política de expansão, considerado por ele um ponto muito importante.

Antes de apresentar os problemas e as propostas adquiridas em seu estudo sobre a competitividade da indústria petroquímica paulista, José Maria Silveira, colocou são Paulo como um alvo privilegiado de políticas por possuir novas frentes de investimento para resolver gargalos de acesso a matérias-primas, e por estar na direção certa na questão do licenciamento ambiental, “o governo do Estado cria programas na direção das sugestões de política desse estudo”.

O uso das energias renováveis foi colocado pelo professor como o ponto principal, o “horizonte tecnológico” das perspectivas do setor. “É papel do Estado integrar esse horizonte com as empresas petroquímicas de São Paulo”, completou José Maria Silveira.

A indústria de Transformados Plásticos foi caracterizada pela pesquisadora do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp, Maria Carolina de Souza, como um setor de pequenas empresas, tanto no Brasil quanto no mundo, um “oligopólio atomizado”, nas palavras da pesquisadora, por possuir algumas empresas líderes. Uma das principais vantagens competitivas do estado de São Paulo nesta área é a presença de muitos elos de produção dessa cadeia: universidades, institutos públicos de pesquisas voltadas para o segmento e escolas técnicas.

Um ponto de bastante atenção no workshop foi a necessidade de estimular a pesquisa bioplástica e de nanotecnologia (as novas tendências do setor). O investimento em P&D com o apoio da FAPESP e a criação de novos cursos no setor foram outras propostas da pesquisadora. Além disso, Maria Carolina de Souza completou: “o financiamento para compra de máquinas atualizadas tecnologicamente, utilizando a caixa econômica, via Secretaria de Desenvolvimento, trará vias de financiamento de acesso facilitado”.

“A agricultura moderna do estado de São Paulo foi um fator importante na especialização da indústria paulista em defensivos agrícolas”, disse no último workshop do dia a pesquisadora e consultora do seminário, Lia Hasenclever. Uma forte característica do setor apresentada pela pesquisadora foi o impacto na saúde e no meio ambiente que a indústria pode trazer. Amenizar esses impactos, segundo ela, aumenta o custo de pesquisa, mas da mesma forma expande a possibilidade de inovação. Frisou ainda a necessidade de resolução desses impactos negativos da indústria sobre a saúde e o meio ambiente, uma vez que isso interfere na “avaliação e interesse de acionistas e consumidores”.

O Estado de São Paulo tem uma grande participação nesse setor, representa 60% do comércio exterior brasileiro de defensivos agrícolas e mais de 50% de empregos da indústria no país. A vantagem do estado está na qualificação da mão-de-obra e nas instituições de pesquisa voltadas à área, mas ainda falta infra-estrutura tecnológica. Dentre as sugestões de ações que Lia Hasenclever apresentou está a diminuição na burocracia para regulamentação dessas empresas, o combate a práticas de dumping, e a revisão e equiparação dos benefícios tributários entre os estados, “se outro estado, como a Bahia por exemplo, tem menor tributação, São Paulo tem que pelo menos se equiparar”, completou a pesquisadora.

  • Workshop sobre Indústria do Cimento

Também na quarta-feira, 20, o prof. Marcelo Pinho, pesquisador vinculado ao Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apresentou o resultado de seu trabalho de análise sobre a Indústria do Cimento paulista. Para tanto, procurou contextualizar o estudo, explicando características da indústria do cimento em nível internacional. “A produção mundial cresceu 5,1% entre 1990 e 2006”, disse o pesquisador, “a produção chinesa, por outro lado, passou de 18% para 50% da produção mundial no mesmo período”.

Ele explicou que o comércio internacional do cimento é relativamente limitado, apesar da internacionalização do setor ter se amplificado a partir dos anos 90. “Transações internacionais concentram-se em mercados regionais, com fluxos em países próximos e áreas fronteiriças”, avaliou, “no Brasil, o aumento da produção foi mais modesto do que em escala internacional, ainda que em ritmo mais acelerado do que nos países não asiáticos”.

Entre as medidas e considerações que o pesquisador apresentou para o desenvolvimento competitivo da indústria do cimento paulista, foi citado o esforço para preservar a atual margem de auto-suprimento do Estado de São Paulo, que ficou em torno de 60% nos últimos anos, em vista da ampliação do consumo. Além disso, o prof. Marcelo Pinho frisou a importância de favorecer o crescimento da construção civil, o que contribui para garantir o desenvolvimento sustentável do setor, agregando valor a toda a escala produtiva.

Ao concluir, ele abordou a necessidade de melhorar a malha ferroviária em nível nacional, garantir o fornecimento de energia ao setor, que é marcadamente eletro-intensivo, e aumentar a difusão do co-processamento de resíduos, tendo em vista os benefícios ambientais que podem ser obtidos com esse processo, que concernem toda a sociedade. “É possível aumentar as exportações, hoje bem limitadas, sem pressionar a produção total. Mesmo duplicando as exportações, isso não tocaria o teto da capacidade de produção”, concluiu.

  • Workshop da Indústria Farmacêutica

Aconteceu, também na quarta-feira, na Fiesp, o workshop “Estudo Setorial sobre a Indústria Farmacêutica”. O estudo sobre a indústria farmacêutica paulista, desenvolvido por Carlos Augusto Grabois Gadelha, José Maldonado e Marco Vargas; foi apresentado pelo Prof. Gadelha. Durante esta apresentação, ele explicou que “a área farmacêutica esta dentro de um contexto competitivo mais amplo do que apenas a indústria. Há um profundo processo de re-configuração da produção do setor em âmbito internacional”. Trata-se, segundo o pesquisador, de um “movimento para adensar os conteúdos tecnológicos. Mercados emergentes, como o Brasil, são fontes importantes de investimentos, pois há estagnação nos mercados desenvolvidos”.

Dentro desse contexto, é preocupante o fato do déficit comercial brasileiro se deteriorar progressivamente e se concentrar, ainda de acordo com o pesquisador, em “produtos de maior valor agregado em tecnologia e inovação”. Isso é causado por um hiato tecnológico relevante, que se concentra na área de farmoquímica. Mesmo assim, hoje quatro entre as dez maiores empresas farmacêuticas atuando no Brasil são brasileiras. Sobre esse dado, há uma especificação importante colocada pelo pesquisador: “A indústria farmacêutica é hoje mais paulista do que no passado, as a participação brasileira no mercado nacional diminuiu”, esclareceu.

O principal desafio identificado para o setor é transformar capacidade de produção em capacidade de inovação e desenvolvimento tecnológico, sem o qual não há sustentabilidade no setor. Para tanto, a receita de sucesso do pesquisador seria priorizar produtos que tem impacto seja na área de saúde como na área de inovação. Ele ressaltou ainda que “essa é uma forma concreta de articular as políticas de saúde e inovação”.

Seminário

O Seminário “Uma agenda de competitividade para a Indústria Paulista” continua suas atividades durante toda esta semana. Nesta quinta-feira, dia 21, serão abordados os setores de máquina-ferramenta, implementos agrícolas e bens de capital sob encomenda para geração.

Da Secretaria Estadual de Desenvolvimento

(I.P.)