Temporada da Osesp de 2010 traz grandes nomes internacionais

Dejan Lazic, Ewa Kupiec e Hannu Lintu são algumas das estrelas que estarão presentes na Sala São Paulo

ter, 23/02/2010 - 20h00 | Do Portal do Governo

O cenário da música clássica está em festa neste ano pelo 150º aniversário de nascimento de Gustav Mahler, bicentenário de Robert Schumann e Chopin. É nesse ambiente que a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) dará início à sua temporada em 2010, a partir do dia 4 de março, com um time de estrelas internacionais de regentes e músicos, alguns em ascensão no cenário da música erudita para apresentar as obras desses compositores.  

A programação foi montada pelos dois consultores artísticos contratados pela Fundação Osesp – o norte-americano Henry Fogel, ex-presidente da Sinfônica de Chicago, e Timothy Walker, diretor executivo e artístico da Filarmônica de Londres – e pelo diretor executivo do grupo, Marcelo Lopes. A Fundação Osesp fechou o orçamento para este ano e informou que o valor deve chegar a R$ 67 milhões. 

De acordo com o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski, durante a temporada de 2010 e 2011 a orquestra realizará o projeto de apresentar todas as sinfonias de Mahler, bem como seus principais ciclos de canções. O palco da Sala São Paulo receberá, neste ano, dois influentes regentes da atualidade, o maestro John Nelson (diretor musical honorário do Ensemble Musicale de Paris) e a maestrina Marin Alsop (diretora da Sinfônica de Baltimore). Entre os solistas convidados para o ciclo, estão a meio-soprano Petra Lang e Nathalie Stutzmann, contralto. O compositor visitante será o argentino radicado nos Estados Unidos, Osvaldo Golijov. John Nelson e Marin Alsop serão os responsáveis pelas apresentações do ciclo de canções Rückert Lieder e da Sinfonia nº 7, respectivamente. Além deles, esta primeira parte da série de obras de Mahler contará com Roberto Minczuk na Sinfonia nº 1, Giancarlo Guerrero e Nathalie Stutzmann na Sinfonia nº 3, Justin Brown e Gabriella Pace na Sinfonia nº 4, Thomas Dausgaard na Sinfonia nº 6 e Petra Lang nas Rücker Lieder.

Jovens revelações

Outros importantes destaques são os regentes Thomas Dausgaard, Kristjan Järvi, Carlos Kalmar, Louis Langrée, Arvo Holmer, os brasileiros Celso Antunes, Isaac Karabtchevsky e Roberto Minczuk e o finlandês Hannu Lintu, “um dos principais regente e especialista em Sibelius,” afirma Nestrovski.

Para o diretor artístico, a temporada terá uma das mais extraordinárias programações que uma orquestra brasileira já teve o privilégio de realizar. Para os músicos, plateia e amantes da música clássica será um privilégio raro ouvir todas as sinfonias de Mahler ao vivo nesses dois anos.

A temporada 2010 contará com a diversificação de estilos e períodos; um grande número de compositores, convidados brasileiros e exposição para a música contemporânea, além de diversas novidades, incluindo a série Recitais Osesp, em que o piano ganhará destaque. “A ideia de criar esta nova série teve origem em 2009, quando quatro recitais de piano foram incorporados à Temporada da Osesp e obtiveram enorme reconhecimento de público e plateia”, explica Nestrovski.

Os convidados deste ano representam parte da elite internacional do piano. O público terá a oportunidade de conferir jovens revelações como a polonesa Ewa Kupiec (17 de maio), o macedônio Simon Trpceski (30 de agosto) e o inglês Paul Lewis (21 de setembro), além do consagrado francês Jean-Efflam Bavouzet (dia 9 de agosto).

Estrelas

Para comemorar o bicentenário de nascimento de Robert Schumann, seu concerto para piano será uma das obras de abertura da temporada. Por fim, celebra-se ainda o 200º aniversário de nascimento de Chopin com seus dois concertos para piano em semanas consecutivas de maio, com dois pianistas em ascensão: o croata Dezan Lazik e a polonesa Ewa Kupiec, que fará ainda um recital solo inteiramente dedicado ao compositor polonês.

O diretor artístico explica que a programação dos dois próximos anos (2011 e 2012) já tem várias atrações agendadas e algumas contratadas. “Para estarmos inseridos no cenário da música clássica, trabalhamos com agendamento prévio. Com isso, conseguimos ao longo desses anos a confiança dos músicos e empresários internacionais”.  

Entre os solistas, o suíço Emmanuel Pahud volta a tocar com a Osesp depois de sete anos, e o regente e violinista Pinchas Zuckerman, um dos mais importantes de todos os tempos que estreia o palco da Sala São Paulo com duas diferentes facetas: como regente em três concertos com Bach, Haydn e Brahms e como violinista num programa da Série de Câmara, com seu grupo, o Zukerman Chamber Players. Além desses dois consagrados artistas, o público da Osesp conhecerá uma das maiores promessas do oboé: Ramón Ortega Quero, de 21 anos, tem sido disputado pelos principais palcos de todo o mundo. Ele foi vencedor do concorrido ARD International Music Competition de Munique, em 2007.

Inserção social 

Nestrovski acredita que as relações da Osesp com o público ficarão mais estreitas. “Usaremos cada vez mais os recursos tecnológicos para nos aproximarmos do cidadão que não consegue visitar a Sala São Paulo ou está, muitas vezes, longe dos grandes centros musicais. A partir de 2010, o podcast (arquivo de áudio) da Osesp terá 360 minutos de material novo a cada ano. Desses, 120 minutos de obras completas, entrevistas, movimentos, pequenos documentários, etc. Além disso, a TV Cultura transmite muitos dos nossos concertos ao vivo”.

A temporada 2010 da Osesp também contemplará ciclos de palestras e encontro com artistas. “Em alguns programas, além das tradicionais notas de concerto, vamos ter textos mais longos que falam sobre o diálogo entre música e outras formas artísticas, como a literatura”, explica o diretor artístico. Em março, o programa do concerto de Mahler terá um texto especial do professor Jorge de Almeida, da Universidade de São Paulo, que comentará a obra do compositor e discorrerá sobre a importância de ouvi-lo nos dias atuais.

No concerto do Hannu Linton, em agosto, o programa virá acompanhado de um conto do escritor inglês Julian Barnes sobre Jean Sibelius. “Narrada na primeira pessoa, a história é contada pelo próprio compositor em idade avançada”, diz Nestrovski. O escritor é considerado uma das maiores revelações da literatura britânica. Para a utilização do conto de Barnes, a Osesp entrou em contato com os agentes responsáveis pela obra do autor no Brasil.

Conteúdos mais ricos 

A peça Lendas Lemminkäinen, Op. 22, de Jean Sibelius, que será apresentada nos dias 26, 27 e 28 de agosto, é inspirada no Kalevala, épico finlandês escrito por Elias Lönnrot. “É uma obra de quase mil páginas com 50 cantos recolhidos no início do século 19. É comparado à Odisséia, de Homero e Os Lusíadas, de Camões”, diz Nestrovski. O próprio diretor está selecionando alguns trechos da obra para serem lidos antes de cada movimento ser tocado para que a plateia tenha noção do que está sendo apresentado. “A ideia é fazer com que os concertos tenham seus conteúdos enriquecidos”, afirma. Kalevala descreve as façanhas de vários heróis míticos finlandeses: Väinämöinen, o bardo, Ilmarinen, o ferreiro, e Lemminkäinen, um misto de Ulisses e Don Juan finlandês com Kullervo, um anti-herói de destino trágico. Tema predominante do épico é a relação entre a Kalevala (a terra de Kaleva) e a Pohjola (a terra do Norte). Muitas obras do compositor Sibelius foram inspiradas em temas da Kalevala.

Nestrovski informa que a Osesp participará de projetos anteriores (como a Osesp Itinerante). “Na medida do possível, vamos sair mais da Sala São Paulo e participar mais intensamente da agenda cultural. Assim como na Virada Cultural municipal, em que a Osesp irá apresentar-se num palco montado entre o Jardim da Luz e a Pinacoteca”. A Câmara da Osesp, formada por músicos bolsistas, irá tocar no show de abertura da Flip, em Paraty, e na Bienal de Artes de São Paulo.

Da Agência Imprensa Oficial