Tecnologia: Pesquisadores do IPT descobrem bactéria que permite produção de plástico biodegradável

Instituto é vinculado à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico

sex, 01/12/2000 - 11h13 | Do Portal do Governo

Recentes pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, descobriram que a bactéria Burkholderia sacchari, isolada em solo de plantação de cana-de-açúcar no Brasil, pode ser importante na produção de plástico biodegradável.
A pesquisa foi realizada pelo setor de Agrupamento de Biotecnologia do IPT, associado a parceiros do Instituto de Microbiologia da Universidade de Münster, na Alemanha, e do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Ghent, na Bélgica.
Amostras da bactéria, que até então era desconhecida nos meios científicos internacionais, foram depositadas em duas coleções reconhecidas internacionalmente: a da Fundação de Pesquisa e Tecnologia André Tosello, em Campinas, e a do Laboratório de Microbiologia de Ghent. Agora, os pesquisadores brasileiros, alemães e belgas aguardam a publicação de um artigo na conceituada revista científica britânica International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, que selará o reconhecimento internacional à descoberta.
Enquanto isso, as pesquisas para melhorar ainda mais a produtividade do microorganismo não param. ‘Utilizando avanços da biotecnologia, já patenteamos um novo mutante da Burkholderia sacchari, que está se mostrando ainda mais produtivo’, revela a pesquisadora Luiziana da Silva, do Agrupamento de Biotecnologia do IPT.

Mercado

Plásticos biodegradáveis têm propriedades semelhantes às dos plásticos tradicionais, com a vantagem de se degradarem em ambientes ricos em microorganismos – como o próprio solo – num período de seis meses a um ano, enquanto os convencionais demoram décadas. Eles podem ter diversas aplicações: embalagens, produtos médicos como fios de sutura, cateteres e próteses, sacos para envolver mudas de plantas, entre outras.
O Brasil começou a exportar, no segundo semestre de 2000, a produção em escala semi-industrial. A primeira unidade de produção de plástico biodegradável de cana no País fica na Usina da Pedra, interior de São Paulo. Trata-se do polihidroxibutirato (PHB) desenvolvido a partir de pesquisas feitas em parceria entre o IPT, Copersucar e Instituto de Ciências Biomédicas/USP, com apoio da Finep, a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Segundo Sílvio Ortega, da Copersucar, a planta piloto da Usina da Pedra passou da produção por batelada para a produção contínua. ‘São 50 toneladas por ano, uma quantidade ainda pequena, porém, suficiente para aperfeiçoar as misturas finais e obter produtos por extrusão e filmes, por exemplo. Além disso, exportamos amostras para universidades e centros de pesquisa brasileiros e estrangeiros, em países como Alemanha, Canadá, Japão e Estados Unidos, onde são feitas pesquisas de aplicações para substituir plástico convencional e para adequação às normas locais.
O material fornecido em pequenas quantidades agora é ferramenta para desenvolver mercados. Este é o tipo de produto que se vende com informação. Já está constituída a PHB Industrial S.A., especialmente para a produção e comercialização do plástico biodegradável de cana, com pagamento de royalties para a Copersucar e o IPT’, explica Ortega.