Tecnologia da Poli combate com mais precisão pragas na citricultura

Localização exata dos focos permite uso restrito de defensivos agrícolas e reduz custos

ter, 26/06/2007 - 10h17 | Do Portal do Governo

Técnica existente há algumas décadas, a geoestatística ganha nova aplicação: pode ajudar a determinar com mais exatidão focos de pragas e doenças em laranjais, permitindo o uso localizado de defensivos e diminuindo os custos de produção nesse tipo de lavoura. Essa utilização inédita de tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Planejamento e Otimização de Lavra (Lapol) da Escola Politécnica da USP, que buscam estendê-la a outras culturas e atividades.

Nos laranjais, e nas demais plantações, procedimento comum para determinação de pragas é coletar amostras aleatórias da cultura. E, depois, aferir a quantidade de seres nocivos (ácaros e outras infestações). Feito isso, tira-se uma média para toda a área avaliada. Contudo, não é levada em conta, por exemplo, a probabilidade de se encontrar maior quantidade de doença em certos locais que em outros.

Esse procedimento era o normalmente adotado pela Citrovita, produtora de suco de laranja. O método usado pela empresa consistia em dividir os laranjais em quadras de até cem hectares. Quando um foco de praga era localizado, toda essa área recebia defensivo. Em contrapartida, experiências com a utilização de técnicas geoestatísticas na empresa mostraram economia de até 20% com defensivos agrícolas.

Os pesquisadores conseguiram, por meio da tecnologia, localizar o foco e aplicar o produto apenas no local infectado. “Além da redução do consumo desse tipo de substância, minimizando os impactos ao meio ambiente, houve diminuição dos gastos com a manutenção do pomar”, observa Giorgio de Tomi, coordenador do projeto do Lapol, denominado Citrus: Redução de Impacto Ambiental e dos Custos de Aplicação de Defensivos na Citricultura.

“A vantagem da geoestatística é que ela possibilita a comparação de pares de pontos amostrados, afastados entre si por diferentes distâncias, para ver quanto o valor de um influencia no outro”, explica o professor Ricardo Azevedo. “O resultado final é uma média mais precisa e, além disso, um conhecimento mais detalhado de como está a infestação em cada ponto”, observa.

A tecnologia desse novo método está disponível, mas falta divulgação. Segundo De Tomi, a idéia é criar uma rede de informações para tornar a técnica acessível ao produtor, sem custos. Nos laranjais, mostrou-se eficiente. A intenção, agora, é expandi-la para diferentes culturas e atividades, a exemplo das florestas de eucalipto. O projeto surgiu a partir da pesquisa de mestrado de Miriam Okumura e só evoluiu quando recebeu a contribuição de pesquisadores do Lapol.

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Paulo Henrique Andrade

Da Agência Imprensa Oficial