Tecnologia: Agência USP de Inovação e Microsoft assinam parceria para estimular obtenção de patentes

Companhia doará softwares e oferecerá orientação técnica para a implantação de um portal de administração dos projetos

ter, 04/07/2006 - 20h44 | Do Portal do Governo

A Agência USP de Inovação e a Microsoft do Brasil firmaram, na última semana, uma parceria para ampliação da capacidade de difusão de informações e gerenciamento de projetos da entidade.

A parceria, pela qual a companhia doará softwares e oferecerá orientação técnica para a implantação de um portal de administração dos projetos, foi assinada durante o seminário Inovação Propriedade Intelectual: Caminho para o Desenvolvimento, realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ). O objetivo da iniciativa é aumentar a eficiência para obtenção de patentes de inovação tecnológica.

Segundo o professor Osvaldo Massambani, diretor da Agência USP de Inovação, a universidade tem experimentado uma crescente oferta de conhecimento na forma de patentes geradas por seus pesquisadores.

“A propriedade intelectual originada da ciência produzida nos laboratórios da USP é um importante vetor de transferência de resultados da pesquisa acadêmica para a sociedade. O registro dessas patentes e o licenciamento de tecnologias são parte da missão de difundir conhecimento, colocando-o ao alcance da coletividade as novas tecnologias desenvolvidas no ambiente da universidade”, comenta.

A Agência USP de Inovação, incumbida da promoção da cooperação para o desenvolvimento econômico e social, administra hoje um total de 361 patentes registradas no País e no exterior. Além disso, 41 novos pedidos já estão em processo de registro.

Criada em 2005 para promover a transferência do conhecimento produzido e cultivado na universidade à sociedade, de modo a estimular o desenvolvimento social e econômico, a Agência tem papel importante no estímulo e na promoção do registro de patentes de acordo com a Lei de Inovação, que prevê incentivos à inovação nos setores produtivos e parcerias entre universidades, institutos tecnológicos e empresas.

O evento incluiu o lançamento da versão beta do Portal da Agência USP de Inovação, que também faz parte da parceria com a Microsoft do Brasil. A versão definitiva do portal deverá entrar no ar nos próximos dias, seugndo Massambani. “O portal vai facilitar o registro e a administração dos projetos científicos e tecnológicos gerenciados pela Agência USP de Inovação”, explica Massambani.

Para Massambani, o país tem necessidade de avançar em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e de implantar efetivamente um processo industrial que faça avançar a competitividade das empresas nacionais. A missão da Agência, segundo ele, é fundamental para impulsionar este processo.

“Os empresários não tiveram, até agora, as condições necessárias para aprimorar os processos de P&D. No entanto, nosso sistema de Ciência e Tecnologia é bastante instrumentalizado com laboratórios e recursos humanos. Falta este impulso para que se dê a transferência de conhecimento dos laboratórios para o setor produtivo”, analisou.

USP dá apoio total à inovação

Massambani frisou ainda o engajamento da atual reitoria da USP na questão da transferência de conhecimento. “A agenda tecnológica se intensificou com absoluto apoio desta gestão no sentido de levar capital humano para o desenvolvimento industrial”.

A importância da parceria com a Microsoft, que já existe desde 2003, com a implementação de oficinas e laboratórios na Universidade, também foi comentada. O novo portal da Agência funcionará como um ponto de compartilhamento de informações que irá flexibilizar, segundo Massambani, o acesso e monitoramento do pesquisador em relação a seus processos de patente e propriedade intelectual. “Com a Microsoft, tivemos condições de investir no desenvolvimento de um software com integração de um conteúdo complexo de bancos de dados”, diz.

O Vice-Reitor da USP, Franco Maria Lajolo, também presente ao evento, ponderou que as universidades paulistas avançaram muito na direção da excelência acadêmica, com produção científica de qualidade, mas quando se considera o número de patentes, nota-se que há um grande espaço para avanços no sentido de transformar este conhecimento em geração de riqueza.

“Nossos pesquisadores já estão mais empenhados no uso social de seu trabalho e mais interessados na inserção social e no desenvolvimento econômico. Por isso é fundamental estabelecer parcerias com empresas”, disse Lajolo.

Lajolo reiterou o apoio total da atual gestão à missão da Agência USP de Inovação. “A Agência está aí para isso, como política central da atual gestão. É importante que esta cultura das empresas esteja presente na universidade”, declarou.

Eduardo Paranhos (Assuntos Jurídicos e Corporativos da Microsoft) falou sobre a importância dos Direitos de Propriedade Intelectual (DPI) para a competitividade da indústria nacional e apontou o papel fundamental da Agência USP de Inovação neste setor.

Paranhos afirmou que os DPI são vistos, no Brasil, como uma novidade. Mas esta visão não é correta, já que o país é signatário das principais convenções internacionais (como as de Paris e Berna) desde o século XIX.

“Acontece que a sociedade não se estruturava de modo que o ativo de propriedade intelectual representasse um fator decisivo de diferenciação. Isso mudou a partir de meados do século XX, com destaque para o setor acadêmico. O CNPq e a Finep, entre outros organismos,trouxeram um avanço científico que gerou necessidade de proteção dos resultados obtidos”, declarou.

A competitividade, segundo Paranhos, passa por esta proteção da propriedade intelectual. “Vemos esta consciência se refletir na sociedade: o governo está engajado num vasto programa de combate à pirataria. Hoje a própria FIFA usa a propriedade intelectual pra alavancar negócios da instituição, quando trata do uso correto das marcas, logotipos e direitos de transmissão. A importância dos DPI é que caracteriza um fato novo. Trata-se agora de agregar esforços, numa convergência entre governos, empresas e universidade”, concluiu.

“A Microsoft apóia a geração e proteção de propriedade intelectual nos países onde atua. Por meio de parcerias com universidades, órgãos governamentais e empresas nacionais, a companhia estimula o desenvolvimento de produtos brasileiros para gerar conhecimento e riqueza para o país”, comentou Amintas Lopes Neto, gerente de relações acadêmicas da Microsoft Brasil. “A Agência USP de Inovação tem um papel importante no apoio à pesquisa e geração de patentes. Pretendemos trabalhar juntos para acelerar ainda mais esse processo”.

Fabio de Castro

USP Online