Técnicos do Instituto Biológico enfrentam a praga dos cupins

Três espécies desse inseto se tornaram a maior praga das cidades

sáb, 26/09/2009 - 17h00 | Do Portal do Governo

Assim que o calendário aponta o início de setembro, milhões de insetos, chamados siriri ou aleluia, iniciam a sua revoada na cidade. Esses bichinhos são os cupins, a mais preocupante praga urbana, que destrói árvores, residências, móveis e papelão. Para ajudar a detecção e a melhor forma de combate a esse inseto, o Instituto Biológico oferece os serviços de seu Laboratório de Pragas Urbanas, que criado há dois anos para estudar e pesquisar também formiga, barata e broca-da-madeira. Só há uma situação em que o cupim é inocente: não transmite doença ao homem. 

Marcos Roberto Potenza, pesquisador do Biológico, informa que quase toda espécie de cupim faz revoada em setembro, na Região Sudeste, devido ao clima primaveril, propício à formação de novas colônias. As três principais espécies regionais são, pela ordem de ocorrência, Coptotermes gestroi (subterrâneo), Cryptotermes spp (que vive dentro da madeira seca) e o Syntermes spp, que come grama. 

Castas  

Potenza explica que a colônia de cupim é uma sociedade de castas, dividida em reprodutores, operários (buscam alimento) e soldados, que protegem os demais. “O siriri é um reprodutor alado que deixa a colônia para formar outras com sua fêmea e perpetuar a espécie. Serão rei e rainha em outro ninho”, explica o pesquisador. O Coptotermes gestroi é de longe o mais nocivo. Vive embaixo da terra e seus operários saem de casa para se alimentar, em distâncias de mais de 50 metros, de forma incessante. 

Na volta, regurgitam a celulose para os demais comerem. Potenza conta que a espécie forma diversas colônias secundárias, sem reprodutores, o que dificulta encontrar o ninho primário. É o grande inimigo de árvores, onde costuma criar colônia nas raízes, e de edificações (janelas, portas, escadas, rodapés e móveis embutidos). Já o Cryptotermes spp, também conhecido como cupim-de-madeira-seca, constrói a sua casa dentro do móvel que atacar. Suas colônias são menos populosas que as do gestroi, no entanto têm capacidade para formar dezenas de ninhos dentro dos móveis. Apesar de escondidos, deixam pistas, os famosos e indesejáveis pozinhos de cupim na madeira ou no chão. 

A terceira espécie mais encontrada em área urbana do Sudeste brasileiro é a Syntermes spp, que vive em gramados. Essa praga ataca com voracidade a grama, destruindo as folhas e até sua raiz. Geralmente, deixa o gramado careca, com várias falhas. É um perigo que deve ser mantido longe de campos de futebol, de golfe e de área verde em condomínio, empresa e parque público. 

Cupinzeiros  

Potenza informa que o Instituto Biológico atua em três frentes contra cupins e outras pragas urbanas. A primeira é a visita ao local, para que os técnicos descubram o estado em que se encontra a infestação. No entanto, o Biológico, ressalva o pesquisador, não faz serviço de combate ao cupim. “Apenas estudamos os danos, detectamos a espécie e prováveis ninhos. A partir daí, indicamos a melhor maneira de atacar o mal. É um serviço de consultoria. O cliente, depois do nosso relatório, precisa contratar empresa especializada”, informa Potenza. 

A visita geralmente ocorre em condomínios residenciais, teatros, museus. A equipe de técnicos de campo do Biológico é formada por Potenza e seus colegas João Justi Júnior e Francisco José Zorzenon. “Os cupinzeiros do instituto”, brinca Potenza. Geralmente, o trabalho de assessoria é mais intenso nos meses quentes, quando os cupinzeiros realizam em média 10 visitas por mês. Há também esclarecimentos pelo atendimento telefônico e por e-mail. 

O segundo trabalho, feito internamente, no Laboratório de Pragas Urbanas, é a detecção da espécie, geralmente a partir de amostras enviadas pelo correio ou entregues pessoalmente no Biológico. O interessado (que pode ser uma dona de casa ou uma empresa de dedetização) envia amostra do cupim (ou formiga, mosca, barata, se for o caso) no álcool ou um pedaço da madeira atacada, para que os técnicos do laboratório determinem a espécie em questão. 

Se a infestação for pelo C. gestroi ou pelo Syntermes sp, somente uma empresa especializada poderá dar conta do recado. Para o primeiro, os métodos são a colocação de isca subterrânea, que elimina a colônia, ou a barreira química, que impede a volta dos operários ao local de alimento. 

Treinamento 

Para cupim-de-madeira-seca, o próprio dono do móvel atacado pode fazer aplicação, por meio de seringa, com produtos vendidos normalmente no mercado. Há também empresas que fazem esse trabalho em residências.  Já o terceiro serviço oferecido pelo Biológico são curso e treinamento para técnicos de prefeituras e de empresas de dedetização. Quem participa recebe apostilas e folhetos com informações sobre essa praga que infesta as cidades e se reproduz após a revoada de setembro. Os três serviços são pagos. 

Da Agência Imprensa Oficial