Sutaco divulga artesanato paulista no Shopping Porto Geral

Com o olhar treinado em identificar objetos únicos, diferenciados e com preços acessíveis, Deolindo Costa, lojista de Porto Ferreira, observa cuidadosamente boa parte das três mil peças de artesanato exibidas na exposição da Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco). Após checar tudo, Costa disse ter encontrado objetos que não viu em nenhuma loja de sua cidade e elogiou o trabalho (“bonito, bem feito, diferente e com bom preço”) dos 250 artesãos presentes no showroom. “Temos de tudo um pouco”, afirma o superintendente da Sutaco, Valmir Madázio ao comentar a diversidade artística.

Participam artesãos desconhecidos e outros reconhecidos, como o que confecciona as galinhas (com lâminas de zinco) do cenário do programa Senhor Brasil, de Rolando Boldrin, exibido pela TV Cultura. Os objetos são provenientes de várias cidades de São Paulo já que a Sutaco tem 60 mil artesãos cadastrados em 450 municípios. A primeira exposição da instituição direcionada a lojistas foi criada para tornar o contato entre eles e o artesão mais ágil, divulgar a variedade de artesanato e oferecer ao comerciante oportunidade de ampliar seus estoques para as vendas de Natal com produtos diferenciados, explica Madázio.

Materiais e técnicas – “São peças únicas, originais. Cada criação é feita com a matéria-prima do local de origem do artesão e inspirada na cultura da região”, afirma o superintendente. Fontes, galinhas, máscaras, gatos, bonecas, peixes, caixas, luminárias, telhas, abajures, almofadas, móveis, louças de cerâmicas e trabalhos de patchwork. A lista de peças decorativas, acessórios de moda e utensílios domésticos é tão extensa quanto à variedade de materiais e de técnicas. Bambu, coco, cabaças, conchas do mar, pedras, cascas de coqueiros, fibras (milho, bananeira), alumínio e mosaico com pastilhas de vidro aplicadas sobre madeira são alguns dos materiais.

Na confecção são empregadas técnicas de cerâmica, marchetaria, escultura, pintura e reciclagem. A mostra da Sutaco, autarquia do governo paulista vinculada à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, começou no dia 10 de novembro e segue até o dia 5 com parceria do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Quanto aos números de negócios propiciados pela exposição, o superintendente informa que ainda é cedo para avaliar. E que a idéia principal do evento é que o lojista saiba onde encontrar produtos artesanais diferenciados. A intenção, complementa, é fazer uma feira anual para os lojistas em local ainda não definido.

Patchwork – Cada objeto traz uma etiqueta com o nome do artesão para que o lojista possa negociar. Por exemplo, se o Costa quisesse adquirir telhas decorativas de cerâmica – que tanto lhe chamaram a atenção pela beleza artística e preço acessível – bastaria solicitar os dados completos do artesão de Jaguariúna aos atendentes da Sutaco. O lojista também gostou dos cavalos de madeira, dos relógios, grutas de pedra e dos bonecos esotéricos. Os artesãos também circulam pelo local. Faride Rômolo Sallum da Silva foi dar uma ‘olhadela’ nos seus trabalhos com patchwork (almofadas, jogos americanos, portas-bijuteria, aparadores de panos, protetores de maçaneta).

Faride conta que começou a vida profissional com pinturas, bordados, costuras e aplicações em tecidos. Hoje, conhece as diferentes técnicas e utiliza várias delas. “É um trabalho demorado que exige dedicação, mas o retorno é a enorme satisfação. Pena que ainda é difícil viver só do ofício”.  A visita de Sônia Manolakis à feira tinha o mesmo intuito. Ela também foi conferir a disposição de seus lenços e ponches (podem ser usados como blusa ou saída de praia) de musselina com tintura que utiliza técnica de microondas. Agora, a artista está trabalhando com esse tipo de material para encapar agendas, já que há grande procura pelo produto no final do ano.

Pesquisa, persistência e bom gosto
Artesão nas horas vagas, Carlos Henrique Bacellar saiu de Mogi das Cruzes para apreciar a exposição da Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades. “Estou maravilhado com a diversidade e os estilos. São lindos”! O que mais chamou sua atenção foram os peixes e tartarugas (artesão de Caraguatatuba) feitos com palha trançada sustentados por estrutura de madeira. Estudante de Artes Plásticas, Jurema Aparecida Nogueira Gonçalves ficou impressionada com as luminárias e a cortina, confeccionadas com palitos de sorvete. “Vou pegar o contato do artesão porque quero aprender esse tipo de trabalho”. Jurema faz xilogravura e está com exposição no Metrô.