Sucesso da SP Companhia de Dança faz bailarinos voltarem ao País

Com quatro anos de existência, a SPCD tem atraído jovens talentos brasileiros que estavam no exterior

sáb, 11/02/2012 - 20h00 | Do Portal do Governo

A máxima de que o aeroporto é a saída do artista brasileiro não é mais verdadeira para os bailarinos profissionais. Com quatro anos de existência, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) tem atraído jovens talentos brasileiros que estavam no exterior. De quebra, tem levado o artista aonde o povo está e formando plateia. Como ocorreu no dia 28 de janeiro passado quando a companhia comemorou seu aniversário dançando para as pessoas que passavam pela Estação Brás do Metrô.

A estação recebeu a coreografia Sensorial, criada por Milton Coatti, bailarino da SPCD. Ao final do balé, os usuários do Metrô dançaram com os bailarinos. Para isso, a SPCD disponibilizou na internet um vídeo (Venha dançar com a SPCD) ensinando os passos. “Ficamos emocionados com o calor da plateia. É um lugar diferenciado,” afirma Inês Bogéa, diretora da companhia.

Quem passar pelas estações do Metrô também poderá ver a exposição de fotos da SPCD. Realizada pelo Metrô, a mostra teve início no começo de janeiro na Estação Brás. A partir do dia 10 até 28 de fevereiro estará na Estação Paraíso. Na Estação Luz , se apresenta entre os dias 10 e 30 de março. A tônica da exposição é lançar um olhar sobre a diversidade, para a força dos conjuntos e para a individualidade de cada bailarino.

A exposição reúne 18 imagens da SPCD, de João Caldas, Reginaldo Azevedo, Silvia Machado, Willian Aguiar e Alceu Bett, com foco em 15 obras do repertório – criações e remontagens ao longo dos seus quatro anos de existência. “É a primeira exposição de fotos da São Paulo Companhia de Dança. Estamos felizes que isso acontece no espaço do Metrô, onde as imagens ganham ainda mais movimento pelos olhares dos milhares de pessoas que passam pelo local diariamente”, diz Inês. 

Turnê internacional 

A São Paulo atua em três vertentes: Produção e Circulação de Espetáculos, Projetos Educativos e de Formação de Plateia e de Registro e Memória da Dança. “A SPCD está indo na contramão de outras companhias estrangeiras. Enquanto algumas estão se esfacelando, por causa da crise econômica, a SPCD está crescendo e se fortalecendo”, assegura a diretora artística Iracity Cardoso. Criada e mantida há quatro anos pelo Governo do Estado, a São Paulo Companhia de Dança embarca neste mês para a Europa, na sua segunda turnê. Serão quatro apresentações em dois dos maiores festivais de dança no mundo.

Nos dias 23, 24 e 25, às 21h, no Theater aan het Spui, no Holland Dance Festival, em Haia (Holanda), a companhia apresenta Os duplos, de Maurício de Oliveira; Inquieto, de Henrique Rodovalho, e Gnawa, de Nacho Duato. No dia 28, sobe ao palco do Staaddthalle Neuss, às 20h, na programação do Internacionale Tanz Wochen, em Neuss (Alemanha), com repertório um pouco diferente. Além de Os duplos e Gnawa, os bailarinos apresentarão também Supernova, de Marco Goecke. “A exibição da SPCD em ambos festivais é uma oportunidade para que, mais uma vez, em países diversos, o público europeu possa apreciar nossa jovem companhia de dança”, afirma a diretora artística.

A ideia do Holland Dance Festival é mostrar as novas vertentes da dança contemporânea. “As principais companhias de balé contemporâneo apresentam-se nesse evento. Por isso estamos levando este tipo de repertório. Será uma oportunidade para nossos bailarinos trocar experiência com importantes companhias do mundo e mostrar a diversidade do nosso repertório”, completa.

Inês Bogéa salienta que “o programa que será levado aos dois festivais mostra a versatilidade dos nossos intérpretes e combina obras criadas especialmente para a companhia por coreógrafos brasileiros (no caso, Maurício de Oliveira e Henrique Rodovalho) com peças do repertório internacional (como o espanhol Duato e o alemão Marco Goecke). Em 2011, a SPCD apresentou-se em Baden Baden, na Alemanha. “Foram três dias de apresentações com a casa lotada. No final de cada espetáculo, o público aplaudiu nossos bailarinos durante sete minutos”, lembra Inês.

Linguagem própria

A SPCD está à procura de um projeto brasileiro de dança, por isso a companhia se tornou um lugar de encontro dos mais diversos artistas – como fotógrafos, professores convidados, remontadores, escritores, artistas plásticos, cartunistas, músicos, figurinistas.

Seu repertório contempla remontagens de obras clássicas e modernas, além de peças inéditas, criadas especificamente para o seu corpo de bailarinos. Os profissionais, segundo as duas diretoras, devem ter conhecimento de balé clássico (imprescindível) e conhecimento de dança moderna e contemporânea. Para aprimorar a técnica de cada bailarino, a SPCD sempre convida outros professores para ministrar aulas ou workshops para os profissionais. “Nomes como Addy Addor, Boris Storojkov, Lars Van Cauwenbergh, Ana Botafogo, Alphonse Poulin, Gustavo Lopes e Jean Allex ministraram aulas para os nossos bailarinos”, conta Inês.

A produção e circulação de espetáculos são o núcleo principal do trabalho. Desde sua criação, produziu 15 obras, das quais nove remontagens (Les Noces, de Bronislava Nijinska; Serenade, Tchaikovisky Pas de Deux, Prélude à l´après-midi d´un Faune, de Marie Chouinard; Sechs Tänze, de Jíri Killián; Legend, de John Cranko e Supernova, de Marco Goecke) e seis inéditas (Polígono, de Alessio Silvestrin; Ballo, de Ricardo Scheir; Entreato, de Paulo Caldas; Passanoite, de Daniela Cardim; Os duplos, de Maurício de Oliveira e Inquieto, de Henrique Rodovalho).

Este ano, a companhia vai se apresentar na capital paulista, no interior de São Paulo, capitais brasileiras e no exterior. Já fez mais de 180 espetáculos em 40 cidades e foi vista por aproximadamente 165 mil pessoas.  

Formação de plateia

As atividades da São Paulo Companhia de Dança se completam com ações educativas e de formação de plateia. Em quatro anos, realizou 51 palestras com professores; 40 mil estudantes foram atendidos nos espetáculos abertos e produzidos cinco documentários para o Palestra com o Professor, projeto que leva informações sobre dança, durante as turnês da companhia, pelo interior do Estado.

No projeto Palestra com o Professor, a dança é contextualizada nas diferentes disciplinas do ensino regular e instiga o docente do ensino formal e não formal a fazer algumas experiências sensoriais, levando a perceber a ação do corpo nas diversas atividades em sala de aula. “O docente de biologia mostra aos alunos como a dança influencia as diferentes partes do corpo”, explica Iracity.

O professor recebe material de apoio (DVD com folheto explicativo para ser usado em sala de aula). Nas apresentações abertas para estudantes, são exigidos trechos de espetáculos e parte do processo coreográfico em vídeo. “Os estudantes também recebem folhetos informativos com ilustrações de cartunistas. Nos folhetos destinados às crianças (com texto curto e linguagem acessível) há uma folha para pintar e espaço para o pequeno dar a sua opinião sobre o que assistiu”, explica Inês.

A companhia já realizou 63 oficinas para bailarinos. “Os professores e ensaiadores da SPCD oferecem workshops para os bailarinos das cidades nas quais se apresentam. É uma fantástica troca de experiência”, ressalta Iracity.

Memória

Em 2009, a companhia lançou o livro Primeira Estação – Ensaios sobre a São Paulo Companhia de Dança e, em 2010, Sala de Ensaio – Textos sobre a São Paulo Companhia de Dança, em parceria com a Imprensa Oficial. Ainda em 2012, será lançado o livro Terceiro Sinal – Ensaios sobre a São Paulo Companhia de Dança, com textos de Alberto Martins, Alcino Leite, Daniel Galera, Eliana Caminada, Marcela Benvegnu, Noemi Jaffe, Sayonara Pereira e Sidney Molina, sob a organização de Inês Bogéa. “A ideia é mostrar os diversos olhares e perspectivas que outras pessoas têm sobre a companhia”, diz a organizadora do livro.

Na área de registro de memória, a SPCD produziu a série de documentários Figuras da Dança, na qual personalidades da dança brasileira contam a sua história em um depoimento público e Canteiro de Obras, material que revela o processo de trabalho das criações da SPCD. “As duas séries são exibidas na TV Cultura e distribuídas para bibliotecas e universidades. Em quatro anos de atuação, a SPCD já produziu 20 documentários”, informa Inês Bogéa.

Acervo

Vera Lúcia Pereira e Elizabeth Roque são as camareiras responsáveis pelo acervo (vestuário e indumentária) da companhia. “Selecionamos, guardamos e preparamos tudo que será utilizado pela companhia durante as turnês”, diz a camareira Vera, que trabalhou durante dez anos no Teatro Abril.

“Consegui meu primeiro registro em carteira aqui na companhia, aos 50 anos. É uma conquista na minha vida profissional. Além disso, acompanhamos a companhia em todas as turnês por diversos países e fiz novas amizades, inclusive, no exterior”, comemora Elizabeth.

Em busca de novos talentos

Desde o início da sua criação, em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança realiza audições anuais para contratar novos bailarinos. Oitocentos profissionais disputaram as 35 vagas na primeira audição para a escolha dos bailarinos que iriam compor a companhia. Na última edição (2011), mais de 300 profissionais concorreram às três vagas oferecidas. “A seleção é dividida por fases. Na primeira, selecionamos por meio de vídeos, fotos e currículo. Na segunda fase, os candidatos fazem aulas de balé clássico; por fim, devem dançar uma das coreografias da companhia”, explica Inês.

Morgana Cappellari, 21 anos, está na companhia desde 2009. Formada nos Estados Unidos pela Harid Conservatory (conservatório de dança da Flórida), a jovem procurou na SPCD a possibilidade de dançar no Brasil. “Nos Estados Unidos, aprendi balé clássico pelo método da escola russa. Aqui consegui aprimorar o contemporâneo”, explica. Morgana viu o resultado de tanto esforço e dedicação durante sua apresentação no Festival de Baden Baden (Alemanha) no ano passado. “A coreografia tinha 12 minutos. Quando terminamos, fomos aplaudidos por um plateia muito exigente”.

O jovem Norton Fantinel resolveu trocar sua carreira nos Estados Unidos por uma vaga na São Paulo Companhia de Dança. Formado pela Escola do Bolshoi (Santa Catarina), participou do Youth American Grand Prix, onde conseguiu colocação entre os seis melhores bailarinos do mundo. A classificação rendeu-lhe a vaga de solista no Washington Ballet. “A companhia tem um repertório variado (clássico e neoclássico). Quando soube da audição na SPCD, enviei meu currículo e um vídeo. Fiz os testes e estou aqui”. Norton salienta: “Nada é melhor do que voltar para casa, dançar no Brasil e matar as saudades da comidinha e do jeito brasileiro”.

De acordo com Iracity Cardoso, a SPCD não tem um primeiro bailarino ou primeira bailarina. “A ideia é que o nosso profissional seja completo, que atue nas diversas vertentes da dança. O nosso bailarino deve superar a técnica e transmitir ao público o que está na coreografia”.

Serviço
Exposição de fotos SPCD
Dança das imagens
De 10 a 28 de fevereiro – Estação Paraíso
De 10 a 30 de março – Estação Luz

Improvisações dos bailarinos da SPCD nas Estações do Metrô
Dia 11 de fevereiro, às 17 horas, na Estação Paraíso
Dia 17 de março, às 17 horas, na Estação Luz

Da Agência Imprensa Oficial