Startups criam métodos para melhorar desempenho de atletas

Em Ribeirão Preto, duas empresas desenvolveram tecnologias que aumentam a performance física e cognitiva dos jogadores

dom, 15/07/2018 - 17h14 | Do Portal do Governo

Nos últimos anos, a tecnologia tem se mostrado um importante mecanismo para ajudar a elevar ao máximo a performance dos atletas. No Brasil, por conta de uma paixão nacional, os jogadores de futebol não poderiam escapar dessas ferramentas.

Diante disso, duas empresas do Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, instaladas no campus da USP, utilizam técnicas de biotecnologia e de neurociências para criar meios que aumentam a performance física e cognitiva de atletas.

Uma delas é a DGLab, que faz o mapeamento genético do atleta. Por meio de teste de DNA, o sistema ajuda a descobrir como aliar os melhores treinos e os melhores alimentos, de acordo com as respostas do organismo de cada jogador.

“Os estudos mostram que a forma com que o atleta se alimenta, treina, e outros fatores ambientais, influenciam na performance; mas 50% a 66% do resultado está diretamente relacionado com a genética”, explica Rodrigo Caldeira Ramos, desenvolvedor de negócios da empresa.

Para esse projeto, a empresa utiliza o DNAFit, que analisa amostra de saliva e gera relatório com informações específicas sobre o comportamento do corpo frente ao treinamento e aos nutrientes ingeridos. Segundo Ramos, o teste revela importantes informações ligadas ao treinamento de força, resistência, recuperação e lesões combinada com um relatório de necessidade de macro e micronutrientes.

Esse teste, desenvolvido na Europa, já foi aplicado em mais de 50 mil pessoas e é inédito no Brasil para fins esportivos. “Com o relatório em mãos, o atleta, com o seu treinador, pode definir qual o melhor treinamento e a melhor forma de nutrição para obter os desempenhos desejados”, afirma o desenvolvedor.

Treinando o cérebro

Outra iniciativa para aprimorar o desempenho dos atletas é feita pela Sensorial Sports. A empresa aposta na união de técnicas de neurociência e realidade virtual para o desenvolvimento de capacidades cognitivas.

Através de uma Avaliação de Performance Cognitiva, verifica-se a qualidade de reação, tomada de decisão, visão periférica, controle de impulsividade e a atenção do jogador.

De acordo com Milton Ávila, diretor executivo da empresa, até a década de 80, imaginava-se que as tomadas de decisões eram realizadas em uma área específica do cérebro, o que é incorreto. “Hoje se sabe que nós decidimos quando diferentes áreas trocam informações e entram em consenso sobre a melhor escolha”.

Os primeiros testes já foram feitos com o time Sub-17 do Palmeiras, na capital. A empresa dividiu os jogadores em três grupos, aplicando cinco medidas de capacidades cognitivas fora de campo. Os atletas participaram de duas sessões semanais de 35 minutos durante cinco semanas. Eles utilizaram óculos de realidade virtual e foram expostos a diversos estímulos.

“Usar técnicas de neurociências, unidas à biotecnologia, é uma tendência mundial. Acredito que, em cinco ou dez anos, essas técnicas, que estão sendo desenvolvidas de forma pioneira em Ribeirão Preto, estejam em uso em todos os times da série A no Brasil e se tornem indispensáveis”, aposta Ávila.

Os resultados apresentaram um aumento geral de performance cognitiva (7%) bastante influenciado pelo aumento da atenção (14%). Dentro de campo, os especialistas observaram uma performance mais efetiva nas ações ofensivas quando comparado aos demais.