SP terá primeira fábrica de hemoderivados do Brasil

A nova unidade receberá investimento de R$ 57 milhões para as obras de construção

qui, 17/04/2008 - 12h06 | Do Portal do Governo


(atualizada às 19h27)

O Instituto Butantan, na capital paulista, vai abrigar a sede da primeira Unidade de Processamento de Plasma do Brasil. O contrato para a construção da fábrica de hemoderivados foi assinado pelo governador José Serra nesta quinta-feira, 17.

“Hoje é um dia histórico aqui em São Paulo porque estamos autorizando a construção de uma fábrica de derivados do sangue, algo que o Brasil não produz. Temos de importar tudo: mandamos o plasma que vem do sangue para fora, ele é processado no exterior e volta para cá. A partir desta fábrica, isso vai poder ser feito dentro do país, dando mais segurança, mais empregos e melhor atendimento à população”, disse o governador José Serra no final da tarde de hoje após assinar o contrato.

Serra disse que a fábrica será construída de todo modo, mesmo que os recursos partam exclusivamente do Tesouro do Estado. “Estamos procurando cooperação com o governo federal, mas de toda maneira esta fábrica será construída. A gente sabe que aqui no Butantan qualquer investimento dá certo”.

Para o governador, o Butantan é a melhor instituição de pesquisa nas áreas de medicina e saúde pública do Brasil. “Esta obra, que vai custar mais de R$ 100 milhões, será uma contribuição para São Paulo e para o Brasil, porque o Butantan trabalha para o país”, destacou.

A Unidade de Processamento de Plasma deve, já em 2010, iniciar a produção de imunobiológicos a partir do fracionamento do plasma de sangue humano, como imunoglobulinas e albuminas. Doenças como raiva e difteria podem ser tratadas a partir das imunoglobulinas, já a hemofilia pode ser tratada a partir de fatores de coagulação gerados de albuminas. Hoje esses procedimentos são realizados na Europa.

Além de ser a primeira do gênero em solo brasileiro, a fábrica será também a única no mundo a produzir derivados do sangue totalmente obtidos por meio da cromatografia, processo tecnológico que permite recuperar do plasma dezenas de proteínas de interesse médico, antes descartadas pelo processo tradicional com a utilização de álcool.

O processo permitirá utilizar as proteínas para no tratamento de bebês recém-nascidos atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), como acontece com o surfactante pulmonar, também produzido pelo Instituto Butantan.

A unidade, com cerca de 10 mil metros quadrados, terá capacidade de processar até 150 mil litros de plasma sanguíneo. O Estado de São Paulo responde por cerca de 50% de todo o plasma sanguíneo coletado no Brasil.

Manoel Schlindwein com Secretaria da Saúde

C.M.