SP terá laboratório de estruturas leves em aviação

Secretaria de Desenvolvimento, IPT, Fapesp, Embraer e BNDES vão criar o primeiro laboratório de estruturas leves do Brasil

seg, 02/03/2009 - 15h00 | Do Portal do Governo

O secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, assinou nesta segunda-feira, 2, contrato para implantação do primeiro laboratório brasileiro voltado à pesquisa de estruturas leves para aviação no Parque Tecnológico de São José dos Campos. A iniciativa vai ajudar o país a dominar tecnologias essenciais para desenvolver novos materiais capazes de reduzir o peso das aeronaves.

O convênio prevê investimentos de R$ 90,5 milhões para construir, equipar e operar o laboratório. Desse montante, R$ 27,6 milhões serão obtidos pelo governo do Estado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A parceria foi assinada pela Secretaria de Desenvolvimento, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e BNDES. A Secretaria de Desenvolvimento já havia destinado no final de dezembro R$ 2,5 milhões para adequar o novo laboratório ao local cedido pela prefeitura.

De acordo com Alckmin, o laboratório terá condições de competir internacionalmente. “Investir em pesquisa é acreditar no potencial humano. Os equipamentos contarão com tecnologia de ponta para obter competitividade em nível internacional. A iniciativa será importante para ajudar a contornar a crise econômica e retomar o crescimento da indústria aeroespacial de São José dos Campos”, afirmou o secretário de Desenvolvimento.

Para instalação do laboratório, o BNDES, por meio do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico (Funtec), irá destinar R$ 17,9 milhões ao IPT, R$ 7,9 milhões à Fapesp e R$ 1,8 milhões para despesas de importação. Também serão investidos R$ 16,6 milhões com recursos próprios do IPT (R$ 5,9 milhões), Fapesp (R$ 2,4 milhões) e Financiadora de Estudos e Projetos – Finep (R$ 8,3 milhões). Na área de pesquisa tecnológica, serão investidos R$ 42 milhões pela Embraer e R$ 4,2 milhões divididos pelo IPT (R$ 1,5 milhões), Fapesp (R$ 2,3 milhões) e Finep (R$ 450 mil).

Para Alckmin, o Parque Tecnológico de São José dos Campos é um modelo a ser seguido. “O desenvolvimento no mundo moderno passa pela ciência, conhecimento, inovação tecnológica e pesquisa”, afirmou o secretário de Desenvolvimento.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, elogiou a iniciativa de aliar a composição da fibra de carbono a outros materiais na indústria aeronáutica. “Esse laboratório terá importância estratégica para o desenvolvimento do ramo aeronáutico na região.” Já o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, ressaltou a relevância do município no crescimento da indústria nacional. “O novo laboratório dará frutos a toda a cadeia industrial brasileira, trazendo pesquisa em várias aplicações.”

O diretor-presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira, explicou que o projeto estudará o aumento na resistência dos materiais estruturais das aeronaves, permitindo maior pressão e umidade dentro da cabine, mas sem aumentar o peso da estrutura, o que proporcionará maior conforto aos passageiros. Oliveira ressaltou que o laboratório permitirá desenvolver um amplo espectro de aplicações de materiais na indústria. “Apesar de ter foco no ramo da aeronáutica, o empreendimento também será capaz de desenvolver tecnologias em aplicações na indústria automobilística e de autopeças, petróleo e gás, naval, bélica, geração e transporte de energia elétrica, construção civil e bens de capital”.

A base de pesquisas do laboratório será o desenvolvimento de materiais compósitos, tais como fibra de carbono em matriz polimérica. De acordo com o diretor do IPT, esses materiais aliam alto desempenho estrutural à leveza e o gasto de energia nos equipamentos é menor se comparado a materiais tradicionais. “O desenvolvimento de estruturas leves colabora com a conservação de energia”, relatou Oliveira.

O laboratório será instalado em uma planta térrea de cerca de 4 mil m². O projeto conta com duas grandes máquinas que permitirão a deposição automática, robotizada, da fibra de carbono para fabricação de peças para diversos tipos de aplicação. Além dos materiais compósitos, o laboratório trabalhará com materiais metálicos.

Parque Tecnológico de São José dos Campos

A região do Vale do Paraíba é considerada o principal polo aeronáutico do mundo localizado fora da Europa e da América do Norte, principalmente pela atuação da Embraer e institutos de pesquisa. Uma parceria firmada pelo Governo do Estado com a prefeitura local e a iniciativa privada, permitiu a criação do Parque Tecnológico de São José dos Campos, que, desde 2006, desenvolve trabalhos voltados à área aeroespacial e aeronáutica, além dos setores petroquímico, automobilístico, de defesa nacional e farmacêutico.

Atualmente, o parque conta com dez empresas incubadas, uma Fatec com 860 alunos, o Centro de Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (Cecompi) e a Embraer, empresa âncora do Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Aeronáuticas, que atua em parceria com IPT, Fapesp, Finep, e Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). É nesse centro que será implantado o Laboratório de Estruturas Leves. 

O parque também conta com a Vale Soluções em Energia, empresa âncora do Centro de Tecnologias em Energia, em parceria com a USP de São Carlos, além do Centro de Inovação em Tecnologia de Informação e Comunicação (CTA), com três parceiros: Instituto Genius, Universidade Federal de São Paulo e Laboratório Nacional de Computação Científica.

Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec)

Parques Tecnológicos são empreendimentos para a promoção de ciência, tecnologia e inovação. São espaços que oferecem a oportunidade de transformar conhecimento em riqueza, aproximando os centros de conhecimento (universidades, centros de pesquisas e escolas) do setor produtivo (empresas em geral). São ambientes propícios para o desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica (EBTs) e a difusão de Ciência, Tecnologia e Inovação dos centros de conhecimento. São locais que estimulam a sinergia de experiências entre as empresas do Parque Tecnológico, tornando-as mais competitivas.

O Governo do Estado de São Paulo criou o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), um conjunto de Parques Tecnológicos articulados entre si com o objetivo de incentivar e promover o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo por meio da atração de investimento e geração de novas empresas intensivas em conhecimento ou de base tecnológica.

Atualmente existem 12 municípios em contato com a Secretaria de Desenvolvimento visando à implantação de Parques Tecnológicos: São José dos Campos (já em funcionamento), São Paulo (duas iniciativas: Jaguaré e Zona Leste), São Carlos (duas iniciativas: ParqTec e EcoTec), Campinas, Ribeirão Preto, Americana, São José do Rio Preto, Sorocaba, Piracicaba, Santos, Araçatuba e Guarulhos.

Da Secretaria de Desenvolvimento