SP investirá R$ 50 milhões em pesquisas de etanol

Anuncio foi feito nesta terça-feira, 17, pelo governador José Serra em visita a Piracicaba

ter, 17/07/2007 - 19h19 | Do Portal do Governo

São Paulo investirá R$ 50 milhões em pesquisas destinadas a novas tecnologias para produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira, 17, pelo governador José Serra durante a abertura do 5º SIMTEC (Simpósio Internacional de Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucro-Alcooleira), em Piracicaba.

O montante será repassado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) a Dedini Indústria de Base. Pelo convênio, que tem duração de cinco anos, a empresa desembolsará outros R$ 50 milhões no aprimoramento de pesquisas desenvolvidas em conjunto por pesquisadores de instituições de ensino superior paulistas e profissionais da Dedini.

O investimento tem por objetivo o aumento da capacidade de produção, melhoria do cultivo e da colheita da cana, o processamento da produção nas refinarias e a criação de máquinas de conversão.

“Essa parceria é um grande passo no sentido de aproximar os nossos pesquisadores com pesquisadores da iniciativa privada”, avaliou o governador José Serra. “Queremos tornar essas pesquisas cada vez mais públicas, pelo acesso que a elas terão o setor produtivo e a sociedade”, completou Serra.

Ele lembrou que o setor sucro-alcooleiro é fundamental para a economia do País, e para São Paulo especificamente. “Essa atividade é extremamente estratégica para o Estado que tem 4,2 milhões de hectares de área plantada e responde por 75% das exportações de álcool”, enumerou.

Vantagem

Mas para Serra a importância do setor não pode ser resumida apenas pelos números. Para ele, aumentar a produção de etanol resulta em contribuir com o meio ambiente, uma vez que o etanol é menos poluente que os combustíveis fósseis. “Temos uma nova etapa nessa matéria porque está colocada na agenda mundial a urgência em enfrentar o fenômeno do aquecimento global”, considerou.

Dados fornecidos pelo físico e ex-secretário do Meio Ambiente, José Goldenberg, revelam que São Paulo deixa de emitir todos os anos oito milhões de toneladas de gás carbônico com o etanol. A mesma eficácia não é registrada nos Estados Unidos – um dos maiores produtores de etanol do mundo ao lado do Brasil. Lá, eles deixam de emitir apenas um milhão de tonelada/ano. 

O governador de São Paulo frisou ainda que os produtos derivados da cana de açúcar em 2006 corresponderam a cerca de 14,4% da oferta de energia no Brasil. A proporção, segundo o governador, é “praticamente idêntica” a oferta de energia disponibilizada por meio de hidrelétricas. “Esses dados mostram a mudança da matriz energética brasileira proporcionada pela cana-de-açúcar”, reforçou.

Para continuar nesse caminho, o governo estadual vai manter políticas no sentido de elevar a produção de etanol. “O século XX foi o século do Ouro Negro e fumacento do petróleo, mas no que depender do governo de São Paulo o século XXI será o século do Ouro Verde em matéria de combustível”, afirmou Serra.

Para o vice-governador e Secretário Estadual de Desenvolvimento, Alberto Goldman, o investimento de recursos nas pesquisas aumentará a competitividade paulista em relação aos mercados internacionais. “O papel do Estado é exatamente apoiar o setor para enfrentar a concorrência”, disse o secretário.

Goldman lembrou ainda que uma política de ampliação do ensino técnico e profissionalizante em todo o Estado também contribuirá para manter São Paulo no topo da produção mundial de etanol. 

Pesquisas

No campo da produção de conhecimento e tecnologia sobre o setor, o governo estadual tem desenvolvido políticas com o propósito de fortalecer os institutos de pesquisa. O envio à Assembléia Legislativa, em junho, de um projeto de lei que concede aumento de até 44% nos salários de 2,2 mil pesquisadores e assistentes técnicos dos institutos de pesquisa de São Paulo. 

“São Paulo tem um patrimônio valiosíssimo de pesquisa, seja na universidade, seja nos nossos institutos, alguns deles centenários”, elogiou Serra. 

Os números apresentados pelo presidente da Fapesp, Carlos Vogt, demonstram quanto o governo paulista tem elevado os investimentos nas pesquisas relacionadas ao etanol. Segundo ele, no início dos anos 90, a Fapesp aplicou pouco mais de R$ 6 milhões em pesquisas na área. Uma quantia tímida se comparada aos R$ 50 milhões ora destinados ao setor exclusivamente pelo acordo com a Dedini Industria de Base. “Temos mais de 188 projetos nesse sentido”, contabilizou Vogt.

Participaram do evento o Secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, João de Almeida Sampaio Filho, o prefeito de Piracicaba, Barjas Negri, o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, e deputados, além de representantes do setor sucro-alcooleiro.

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Cleber Mata