SP Escola de Teatro vai trabalhar imaginário da infância

Tema norteará discussões nos cursos regulares da instituição; estudantes vão apresentar experimentos baseados nesses debates

qua, 13/02/2019 - 15h07 | Do Portal do Governo

Os estudantes dos cursos regulares da SP Escola de Teatro vão trabalhar durante o primeiro semestre de 2019 a capacidade do imaginário da infância. O tema vai nortear as discussões e os trabalhos dos cursos regulares da Instituição.

A ideia é mergulhar no universo da infância e experimentar, a partir dos jogos teatrais, procedimentos que não só parecem, mas realmente são brincadeira de criança – e estão intrinsecamente ligados à função simbólica.

De acordo com o coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro, Joaquim Gama, o tema veio naturalmente após o último semestre de 2018, em que se discutiu preconceito da idade.

“As brincadeiras que fazemos quando pequenos nada mais são do que maneiras de dar sentido ao mundo. Como o envelhecimento, o universo da infância também está presente em todos nós, porque já fomos criança um dia”, conta.

Sem a função simbólica, como essa capacidade é chamada pela psicologia, o convívio e as relações sociais não teriam como existir, assim como o Teatro e as outras artes também não – afinal, jamais teríamos como contar uma história sem conseguir compreendê-las. É por isso que estimular o faz de conta desde muito cedo é uma preocupação de educadores e psicólogos.

“Assim como aprendemos a calcular para estudar matemática, que nada mais é do que uma linguagem, os jogos teatrais facilitam a apreensão da linguagem teatral”, explica a professora da USP, Ingrid Koudela.

Autora de vários livros sobre o tema, como “Texto e Jogo” (1999) e “Jogos Teatrais” (2006), Koudela será a operadora do semestre da SP Escola de Teatro. Seus textos serão usados para embasamento das pesquisas desenvolvidas pelos estudantes nos experimentos cênicos.

Ao longo do semestre, os estudantes da Escola vão se apoiar nos trabalhos de Viola Spolin, Ingrid Koudela e de grupos que levam os jogos teatrais ao palco para criarem experimentos cênicos inspirados no imaginário da infância.

Visitas estimulam tema

Os alunos já receberam visitas do cantor Zeca Baleiro e do mestre maranhense Tião Carvalho. Durante o encontro, Zeca falou sobre a influência do imaginário infantil e popular em seu processo criativo.

Nascido e criado no interior do Maranhão, ele atribui muito de sua criatividade à época em que era menino. Cantigas de roda, brincadeiras na rua e histórias de assombração fizeram parte de sua formação.

“Meus filhos achavam que as histórias que eu contava sobre a minha infância eram fábulas. Para eles, isso já é uma coisa tão distante no tempo e no espaço, é uma outra realidade”, diz.

Já Tião Carvalho comandou brincadeiras de roda e cantigas o Cacuriá, que surgiu da tradição junina do Divino Espírito Santo. “O objetivo foi trazer para os corpos dos estudantes esse mundo de brincadeiras, procurando mostrar como, às vezes, a gente foge das coisas simples da vida hoje em dia”, comenta.

Mais artistas, grupos de teatro e profissionais que trabalham com o imaginário das pessoas vão passar pela Instituição para contribuir. No final do período, os estudantes apresentam experimentos cênicos baseados nas discussões levantadas com o tema.