Solenidade marca Jubileu de Ouro de cursos da FMUSP

Será no Teatro da FMUSP a comemoração dos cursos de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

qui, 27/11/2008 - 17h13 | Do Portal do Governo

A Faculdade de Medicina da USP comemora os 50 anos dos Cursos de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional com uma solenidade no próximo dia 5 de dezembro, às 9 horas, no Teatro da FMUSP (Av. Doutor Arnaldo, 455, Cerqueira César). Durante o evento, será lançado o livro institucional “FOFITO – 50 anos de pioneirismo e lutas” e um hott-site destinado a colher depoimentos e registros sobre a história dos cursos.  

A Universidade de São Paulo (USP) é pioneira na implementação de cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Organizacional no Brasil. Desde a década de 1950, as estruturas organizacionais da FMUSP e de seu Hospital das Clínicas estiveram diretamente envolvidas no processo de institucionalização das três especialidades, cujos desdobramentos resultaram na criação do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FOFITO), em 1999. Atualmente, o Departamento tem 300 alunos matriculados na graduação e presta anualmente cerca de 73 mil atendimentos à comunidade.

As primeiras experiências de formação e capacitação de recursos humanos na área de Fisioterapia ocorreram o início dos anos 50. O primeiro curso de Fisioterapia, de nível técnico, com duração de um ano, foi instalado no Instituto Central do Hospital das Clínicas, em 1951, pelo médico Waldo Rolim de Moraes. Mais tarde, em 1958, o curso passou a ter duração de dois anos e atingiu o padrão internacional mínimo, após a criação do Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), dentro do Hospital das Clínicas, resultado de um convênio com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a World Confederation for Physical Therapy.  

O INAR, que mudou sua denominação para Instituto de Reabilitação (IR), ainda em 1958, ficou vinculado à cadeira de Ortopedia e Traumatologia até 1974, quando então passou para responsabilidade do Departamento de Clínica Médica da FMUSP. No início, o Instituto tinha duas atribuições: assistencial, voltada para o atendimento de portadores de incapacidades físicas por meio de programas integrais de reabilitação; e de ensino, com a organização de cursos regulares para a formação de profissionais nos diferentes campos da reabilitação (Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Órteses e Próteses, e Locomoção de Cegos).  Com a reforma universitária, em 1967, a função assistencial do IR foi extinta.

Em 1963, o Conselho Federal de Educação reconheceu os cursos de Fisioterapia e definiu que a carga horária teria três anos, estabelecendo o documento-base que fixou as diretrizes curriculares em âmbito nacional. Na USP, a formalização dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e sua inserção na estrutura da universidade ocorreram em 1967, por meio da portaria USP nº 347. Em 1969, veio a regulamentação da profissão de fisioterapeuta, tornando obrigatório o diploma de nível superior para o exercício profissional. Em 1980, a estrutura curricular do curso de Graduação em Fisioterapia da FMUSP foi modificada e a carga horária passou de três para quatro anos. Em 2004, a USP criou o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação.

Terapia Ocupacional

Assim como a Fisioterapia, a Terapia Ocupacional também foi implantada no Brasil, na década de 1950. Devido à preocupação da ONU em garantir condições mais adequadas para pessoas fisicamente incapacitadas, após o fim da Segunda Guerra Mundial, constitui-se uma agenda internacional que incluiu a Terapia Ocupacional no movimento pela reabilitação, ao lado da Fisioterapia. Os organismos internacionais, liderados pela ONU, com a participação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização para a Educação Ciência e Cultura (Unesco), além da OMS, desempenharam papel relevante na difusão dessa nova consciência.

A Sociedade Internacional de Reabilitação dos Incapacitados, preocupada com o estabelecimento de programas de reabilitação por todo o mundo, estimulou a formação da Associação Internacional de Terapeutas Ocupacionais, entidade que deveria se encarregar de estabelecer os padrões internacionais para a formação na área, assim como normas de exercício e práticas profissionais. Como resultado desse esforço, o primeiro congresso na área de Terapia Ocupacional foi realizado em Edimburgo, Escócia, em 1954.

No Brasil, a sociedade civil, com o incentivo do Rotary International, criou entidades beneficentes para a reabilitação de pessoas com deficiências físicas e mentais, dentre as quais a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), a Sociedade Pestalozzi e outros centros de reabilitação. Os surtos epidêmicos de poliomielite e meningite, nos anos 1940 e 1950, também foram decisivos para a implementação dessas entidades.

As primeiras incursões acadêmicas visando à criação de cursos de Terapia Ocupacional foram articuladas na década de 1950, em São Paulo. Mas foi no Rio de Janeiro, na década seguinte, que se verificou a movimentação de alguns setores em busca de elementos que permitissem a geração de cursos profissionais nessa área. Em 1964, a Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ERRJ) encaminhou uma proposta defendendo um currículo mínimo para os cursos de Terapia Ocupacional e Fisioterapia, em nível superior, com três anos de duração.

Nas décadas de 1970 e 1980, o campo da Terapia Ocupacional amadureceu acadêmica e institucionalmente, com importantes conquistas em termos de formação e regulamentação do exercício profissional. No mesmo período, o curso de graduação em Terapia Ocupacional da USP foi reconhecido pela World Federation of Occupational Therapy, o que colocou o Brasil entre os membros filiados a essa instituição, prestigiada internacionalmente como referência na área.

Fonoaudiologia

Os cursos de graduação em Fonoaudiologia tiveram origem no primeiro curso de “Logopedia para Cegos”, que foi realizado em 1958, na Faculdade de Medicina da USP. Patrocinado pela cátedra de Otorrinolaringologia, o curso era dirigido a professores especializados em educação para cegos. Depois, em 1960, a FMUSP deu início aos cursos de Ortofonia, com duração de um ano, que tinham por objetivo formar recursos humanos que pudessem complementar a terapêutica dos médicos otorrinolaringologistas.

Em 1967, o curso passou a ser ministrado em três anos, resultando mais tarde na aprovação do curso de graduação em Fonoaudiologia. O primeiro concurso vestibular foi realizado em 1976, para preenchimento de 15 vagas. Simultaneamente, dois outros cursos foram implantados na cidade de São Paulo – o da clínica otorrinolaringológica da Escola Paulista de Medicina (EPM), atual Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Os anos de 1970 foram marcados pela luta corporativa dos fonoaudiólogos em busca da regulamentação profissional, instituída em dezembro de 1981, pela Lei Federal nº 6.965. Atualmente, o campo da Fonoaudiologia possui cinco especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia: Audiologia, Linguagem, Motricidade, Saúde Coletiva e Voz.

Ao longo da década de 1980, mais precisamente em 1986, o Curso de Fonoaudiologia iniciou a implantação de laboratórios didáticos na área de Psiquiatria Infantil, no Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP. Logo depois, em 1988, implantou a área de Neurolinguística, na Divisão de Clínica Neurológica e Disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica, ambos destinados a servir como campos de estágio para a graduação.

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