Software reproduz funcionamento de trem para uso em simuladores

Programa de computador foi criado por pesquisadores da Escola Politécnica da USP

ter, 02/10/2007 - 21h23 | Do Portal do Governo

Condutores de trens devem estar preparados para lidar com situações adversas, e o uso de simuladores ajuda no treinamento em condições próximas à realidade do transporte. Pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP criaram um programa de computador que reproduz o movimento de composições de passageiros ou de cargas, para uso em aparelhos de simulação e no projeto de novos trens.

O software se baseia em uma série de equações matemáticas que reproduzem o comportamento dos componentes do trem, tais como rodas, truck, motores, freios, sistema de controle. “A partir destas fórmulas, é possível simular os movimentos das composições e produzir imagens tridimensionais para realizar os ensaios”, afirma o professor da Poli, Roberto Spinola Barbosa, coordenador do projeto.

O software pode ser adaptado para reproduzir o comportamento dinâmico de composições de carga, trens de metrô ou de subúrbio. “A complexidade dos modelos para veículos terrestres é bem maior do que a do transporte aéreo, por exemplo”, explica o professor. “O simulador de um avião usa seis fórmulas para calcular todos os movimentos, enquanto um trem de carga pode exigir mais de 400 equações para simular o funcionamento integral”.

Além do treinamento de maquinistas e operadores, o programa também poderá ser usado como ferramenta de engenharia, para projetar novos trens. “O percurso em um determinado trecho é reproduzido em diferentes velocidades, para avaliar o consumo de combustível”, relata Barbosa. “Assim, é possível planejar o gasto de energia e minimizar o tempo de percurso”.

Interface

Os pesquisadores da Poli irão desenvolver interfaces de realidade virtual para o uso do programa de simulação. “A próxima etapa é adaptar ao programa um sistema de projeção de imagens dos percursos e controles que reproduzam os trens verdadeiros, de modo a criar um ambiente virtual”, diz o professor Barbosa.

“Nos caso dos metrôs, os novos condutores são treinados nos próprios trens em operação, mas quase sempre aprendem apenas o usual”, conta o professor. “Um simulador mostra as situações adversas que podem surgir, como problemas de frenagem, tornando mais completo o processo de treinamento”.

De acordo com Barbosa, o programa de simulação também pode ser adaptado para reproduzir a operação de um Centro de Controle Operacional (CCO). “Embora a pesquisa tenha se concentrado na criação de simuladores para veículos específicos, modificações no software viabilizariam seu uso em estudos de logística de redes ferroviárias”.

O professor da Poli ressalta que os metrôs brasileiros não possuem simuladores e as operadoras de transporte de carga utilizam equipamentos importados. “O uso de um simulador baseado num software desenvolvido no Brasil evitará gastos com importações, que encarecem a adoção destes programas”, diz. “A tecnologia já existe, e parcerias com empresas deverão viabilizar a construção dos simuladores”.

Júlio Bernardes

Da Agência USP de Notícias

(I.P.)