Sistema Penitenciário tem produção própria de medicamentos

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sex, 14/01/2000 - 16h43 | Do Portal do Governo

Economia de 50% para o Estado: Departamento de Saúde do Sistema Penitenciário produz remédios mais baratos para 50 mil presos

Ninguém imagina que por trás das altas muralhas do complexo do Carandiru funciona um pequeno laboratório farmacêutico que produz medicamentos para todo o sistema penitenciário paulista. A produção industrial dessa farmácia é responsável pela distribuição de remédios para uma população carcerária de mais de 50 mil presos em todos os presídios do Estado. A área produtiva da farmácia da penitenciária obedece a normas rígidas de técnicas de fabricação. O laboratório conta com equipamentos necessários para analisar as matérias primas e produtos acabados, bem como faz o acompanhamento de cada lote de produção. Além disso os funcionários recebem treinamentos específicos às suas áreas de atuação.
A produção própria de remédios para o sistema penitenciário de São Paulo atende às necessidades básicas de todos os presídios e representa importante economia aos cofres públicos. O remédio é mais barato porque não tem necessidade de embalagens atraentes nem de publicidade, embora conserve a mesma qualidade do similar vendido nas farmácias. De acordo com os cálculos de custo da produção própria, comparada com o custo da produção comercial, a redução no preço alcança, em média, cerca de 50%. Mas há produtos que superam essa faixa de lucro e apontam para marcas de até 500% de economia para o Estado. O projeto vem merecendo a atenção de outros Estados, interessados em diminuir seus custos com o setor.
A diretora do Serviço de Farmácia, dra. Sílvia Sampaio Carmagnani, informa que a proposta é ampliar ainda mais a produção de remédios, a fim de oferecer ao Sistema Penitenciário maior diversificação de produtos e, consequentemente, baratear os custos para ao Governo do Estado. Faz parte dos objetivos da farmácia da penitenciária expandir também sua linha de produção. Este projeto inclui a ampliação da área do almoxarifado e do setor de produtos injetáveis, que já está recebendo cuidados especiais para adaptação às novas normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Os medicamentos produzidos são os de uso mais comum no Sistema Penitenciário, que por suas próprias características, causam patologias afins, como doenças estomacais, intestinais, respiratórias, micose e escabiose. Variada linha de medicamentos está à disposição de todo o sistema penitenciário como xaropes, pomadas, antigripais, gotas antiespasmódicas, vitaminas, emulsões e cloridratos.

Remédios Similares

A Farmácia da Penitenciária se adiantou ao projeto do Governo Federal que liberou a produção de remédios similares como forma de baratear os medicamentos, forçando a concorrência com as multinacionais do setor que detém marcas registradas.
É importante salientar que enquanto a lei que disciplina a fabricação dos remédios genéricos encontra resistências de poderosos lobbys para sua aprovação pelo Congresso Nacional, o Governo de São Paulo dá o exemplo de como enfrentar as constantes altas de preços no setor, incentivando a produção de remédios similares. Além da Furp Fundação Para o Remédio Popular – que produz diversificada linha de remédios similares, distribuídos nos centros de saúde de todo o Estado, a Farmácia da Penitenciária atende mais de 50 mil presos com medicamentos da mesma qualidade produzidos pelos grandes laboratórios
Entre 50 produtos da Farmácia da Penitenciária, extraímos uma amostragem da diferença de preços entre os remédios de sua linha de fabricação e os que são vendidos pelas farmácias comerciais. O Xarope de Iodeto de Potássio 100 mg produzido pelo laboratório da penitenciária custa R$ 1, enquanto que o seu equivalente no mercado, o MM Expectorante custa R$ 4,08. O Hipoglós que é vendido nas farmácias por R$ 5,31 sai na farmácia da penitenciária por R$ 1,7. Cerca de seis centavos custa um vidro de gotas antiespasmódicas que é vendido fora, por R$ 9,49, com o nome comercial de Atroveran. A Pomada Antirreumática produzida na farmácia da penitenciária sai por R$ 1,39 e é equivalente ao Gelol que é vendido nas drogarias por R$ 6,90.