A necessidade de se ter uma noção detalhada do território do Vale do Ribeira e suas potencialidades, aliada ao envolvimento histórico do geólogo Arlei Macedo, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, com a localidade resultou no desenvolvimento de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) do Vale. A região é a que possui mais áreas verdes preservadas no estado de São Paulo. Segundo o geólogo, o software já está disponível gratuitamente para pesquisadores, prefeituras, órgãos do Estado e membros da sociedade civil da área.
O SIG contém 110 planos de informação, com dados sobre os meios físico, biológico e sócio-econômico da região, periodicamente atualizados. A distribuição do SIG é feita juntamente com o programa SPRING, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por CD ou via internet.
A idéia se concretizou a partir de uma iniciativa do Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape e Litoral Sul (CBH-RB), formado com representação tripartite: 14 representantes da prefeitura, 14 representantes de órgãos do Estado e 14 membros da sociedade civil, sendo Macedo o representante da USP.
Como membro do Comitê, Macedo viabilizou a idéia proposta pelo órgão de se obter mapas do Vale do Ribeira, por meio dos projetos Carta-Imagem, Relatório de Situação dos Recursos Hídricos e Sistema de Informações da Bacia do Ribeira e Litoral Sul, e organizar e cruzar os dados conseguidos por meio de técnicas de geoprocessamento, que consistem no processamento de conjuntos de mapas e bancos de dados. Graças ao aprimoramento das tecnologias, é possível a disponibilização gratuita desse trabalho. “Antigamente, um quarto de uma imagem custava cerca de US$ 500,00. Atualmente, existem muitos sistemas gratuitos”, afirma o geólogo. “O Google Earth tem um sistema semelhante para o mundo inteiro.”.
Prestação de serviço
O SIG, por ser vinculado às iniciativas do CBH-RB, recebeu financiamento do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos (Fehidro) e foi administrado pela Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa) e executado por profissionais do Vale do Ribeira, o que reforça seu caráter de prestação de serviço à comunidade.
O sistema foi viabilizado por meio de um convênio formalizado entre a USP e a Secretaria Estadual de Planejamento. Na universidade, o software foi desenvolvido no Laboratório de Informática Geológica (LIG). Operando desde 1989, o laboratório desenvolveu, entre outros projetos, o Banco de Dados Espaciais da Bacia do Alto Tietê, e se aliou à competência técnica do Instituto Geográfico e Cartográfico (cuja sigla também é IGC), que tem atribuição formal sobre os mapas oficiais do estado.
O IGc já havia desenvolvido na região um sistema de mapas de favorabilidade para o desenvolvimento humano em Pariqüera-Açu, próximo a Registro. Faltou aplicação, no entanto, fora do âmbito acadêmico. A partir desse diagnóstico, Macedo pensou em um projeto que envolvesse toda a comunidade local.
Pensando em integrar cada vez mais o projeto a sua região, já foram feitos cursos para a divulgação e uso do SIG no campus da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em Registro, primeiramente por profissionais da USP, e, atualmente, pelo grupo de pesquisadores da própria Unesp.
A primeira versão do software com os dados ficou pronta no início de 2006, mas só no meio desse ano é que o programa passou a ter condições de ser distribuído. Quanto à recepção do SIG, Macedo afirma que “[O SIG] é bastante pedido na região e há um acesso grande ao site com as informações sobre o programa”. Há também uma lista de e-mails para que os interessados sejam informados sobre atualizações do software. O site em que se pode achar o SIG e outros projetos do Grupo de Geoprocessamento da Geologia, com o suporte do LIG, é http://geolig.igc.usp.br/geoproc/.
Mais informações: (0XX11) 3091-4231 ou (0XX13) 9784-5439, com Arlei; e-mail abmacedo@usp.br; site http://geolig.igc.usp.br/geoproc/
Da Agência USP de Notícias
C.M.
