Shows de música e dança de graça nas estações da CPTM e Casa das Rosas

Diversas atrações culturais acontecerão em 2010 para comemorar 18 anos da CPTM

qui, 01/04/2010 - 20h00 | Do Portal do Governo

Durante quase 60 minutos, a bela arquitetura da estação da Luz deixa de ser despercebida pelas centenas de usuários dos trens da CPTM. Eles param para apreciar os arranjos das músicas de Chiquinha Gonzaga com acompanhamento de piano, escaleta, violino e percussão, além da apresentação de dança um tanto inusitada.

Com roupas coloridas, os cinco bailarinos (quatro mulheres e um homem) da Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros circulam nas imediações do saguão da estação da Luz. Eles se agacham, sentam-se no chão e no degrau da escada, deitam-se, agarram-se ao pilar em movimentos circulares. Quando uma das artistas começa a tocar no piano Saudade, Abre Alas e outras canções de Chiquinha da Silva, o público vai-se aproximando.

Cada artista cria sua própria dança na apresentação Duas Memórias. Não há coreografia. Uma senhora saca o leque imediatamente para abanar uma dançarina que se aproxima. Já alguns alunos do Colégio Ipê, do Arujá, que vieram à capital paulistana para conhecê-la num citty tour sacodem o corpo e imitam os passos dos profissionais. Arthur Lima Góis, 12 anos, é um deles: “Achei bem legal o jeito que elas dançam. Envolve, comove, mas é engraçado. Elas tocam bem o piano”.

Empolgação

Olhares paralisados e reações diversificadas dos passageiros. Um homem para com a bicicleta para ver o show. Quando a trupe decide percorrer o corredor da estação, esbarra em algumas crianças de rua que também se aproximam para apreciar. “Estou gostando, apesar de não entender muito bem do que se trata. Acabei de chegar”, opina a mineira Juliana Silveira Luz, 58, enquanto um ator deita-se no chão, ao seu lado. 

“Eles foram para lá. Não dá para ver nada. Tem que andar para acompanhá-los. Diferente. Nunca tinha visto nada assim. Eles se entrosam no meio das pessoas”, afirma Suelem de Jesus Cardoso, 24 anos. O aposentado Marco Antonio Godoy, 64, bate as mãos nas pernas ao som da música. Empolgado, segue os artistas que perambulam pelos corredores da estação: “É a coisa mais linda que já vi! Acho que todos deviam participar. É cultura, tá no sangue! Muitos olham e nem sabe o que está acontecendo”. Na sua opinião, tocar MPB na estação da Luz é uma forma de desviar a atenção, por alguns instantes, da agitação da metrópole e de seus problemas como violência e tráfico de drogas.

O diretor Alex Ratton Sanches diz que o objetivo do trabalho é chegar a pessoas que dificilmente iriam ao teatro ou assistiriam a um espetáculo de dança. Ele explica que o título Duas Memórias ressalta a recordação de dois momentos: os prédios antigos e históricos da cidade de São Paulo, no caso a Estação da Luz, e a dança contemporânea característica da modernidade.

Contato-improvisação

É um resgate da obra de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), que fez sucesso com seus maxixes e ritmos carnavalescos na época em que a Estação da Luz era importante parada da São Paulo Railway, estrada de ferro que ligava Jundiaí a Santos e fazia o escoamento da produção de café.

“Temos refinamento musical e delicadeza. Rolamos no chão e não nos importamos se o público encostar-se em nós. Até gostamos dessa interferência, pois as pessoas se sentem mais à vontade”, observa o diretor.  Ele conta que em algumas exibições morador de rua e cachorro já interagiram na peça.

A Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros foi criada em 2006 e nasceu da necessidade de seus integrantes unirem as linguagens da dança e da música pela improvisação cênica. A movimentação é inspirada nas técnicas do contato-improvisação, dança-teatro, balé clássico, dança contemporânea e outras modalidades artísticas.

Atualmente o trabalho recebe apoio de programas municipais e estaduais de incentivo à cultura. O show é uma das diversas atrações culturais que serão apresentadas aos usuários em algumas estações no decorrer de 2010 para celebrar os 18 anos da CPTM.

Serviço

Próximas apresentações da Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros

Abril
6, 13 e 27, terças-feiras, na estação da Luz da CPTM, às 15 horas. Entrada Franca

Maio
1º e 2, sábado e domingo, na Casa das Rosas (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura – Avenida Paulista, 37), às 17 horas. Entrada franca
4, terça-feira, na Estação Brás da CPTM, às 15 horas. Exibição na plataforma 1 – Rua Domingos Paiva. Entrada mediante pagamento da passagem (bilhete da CPTM custa R$ 2,65)
7, sexta-feira, na Casa das Rosas, às 21 horas. Entrada franca
8 e 9, sábado e domingo, na Casa das Rosas, às 17 horas. Entrada franca
11, terça-feira, na Estação Brás da CPTM, às 15 horas. Exibição na plataforma 1- Rua Domingos Paiva. Entrada mediante pagamento da passagem (bilhete da CPTM custa R$ 2,65)
18, terça-feira, na Casa das Rosas, às 21 horas. Entrada franca

Da Agência Imprensa Oficial