Setembro Verde: primeiro transplante de coração no Brasil tem 50 anos

A operação é um marco para a evolução da cardiologia brasileira, e serviu como inspiração para a criação do InCor

seg, 24/09/2018 - 13h46 | Do Portal do Governo

 

No mês de setembro é celebrada a campanha “Setembro Verde”, a fim de incentivar a doação de órgãos em todo o país. Há 50 anos, um fato mudou a história sobre os transplantes no País.

No dia 26 de maio de 1968, o Hospital das Clínicas da FMUSP realizou o primeiro transplante de coração feito no Brasil. A operação é um marco para a evolução da cardiologia brasileira, e serviu como inspiração para a criação do InCor (Instituto do Coração), em 1977.

O Vice-Presidente do Conselho Diretor do InCor e Diretor do Serviço de Cirurgia Torácica, Prof. Dr. Fábio Jatene, recorda ter 13 anos de idade, quando acompanhou com total atenção o intenso noticiário sobre o primeiro transplante há meio século.

“O primeiro transplante trouxe foco ao tratamento de doenças cardiovasculares. O sonho de ter um instituto que pudesse tratar esse tipo de problema foi se concretizando”, conta ele.

Em 26 de maio de 1968, o paciente João Ferreira da Cunha, o “João Boiadeiro” recebeu um novo coração em procedimento sob comando das equipes do Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini (Cirurgia Cardiotorácica) e Prof. Dr. Luiz Venere Décourt (Clínica).

Dez anos depois, em 1978, o jovem Fábio, filho do Prof. Dr. Adib Jatene (1929-2014), formou-se médico, especializando-se em Cirurgia Torácica e Cirurgia Cardiovascular, passando a atuar no Instituto do Coração.

Sobre a celebração do primeiro transplante, o Presidente do Conselho Diretor do InCor, Prof. Dr. Roberto Kalil Filho destaca os avanços em favor do transplante cardíaco, como os novos medicamentos contra a rejeição e os ventrículos artificiais portáteis que ajudam a prolongar, por mais cinco anos, a vida de quem aguarda um transplante. “Esse transplante não foi só importante para a construção do InCor, mas também para o avanço da medicina do País”

Hoje, o InCor tornou-se o sétimo centro mundial em transplantes cardíacos. Em 2016, o número de transplantados passou de 1.000. Em 2013, o InCor criou o Núcleo de Transplantes, formado por equipe de médicos, cirurgiões e enfermeiros. A dedicação é exclusiva, sempre 24 horas por dia, para a realização de transplantes de coração e também de pulmão.

“Pouca gente sabe disso, mas o InCor conta com 10% de sua estrutura dedicada à pesquisa. Não existe outro hospital onde 10% de sua área é centrado em pesquisa”, comenta José Eduardo Krieger, Presidente da Comissão Científica do InCor.

O Instituto do Coração potencializou a logística de captação de órgãos, tanto de coração quanto de pulmão, permitindo a ampliação da busca de órgãos em locais distantes. No ano passado, por exemplo, foi possível localizar um doador em Uruguaiana, junto à fronteira com Uruguai e Argentina

A primeira experiência de sucesso há cinco décadas possibilitou que muitos outros casos tenham sido igualmente bem sucedidos. Como é o caso de Maria Conceição Santa, funcionária do InCor há 30 anos e transplantada.

“Depois de todo esse período, com 30 anos de Insitituiçao, falar sobre minha vitória é um momento único”, conta ela.