“O Montoro tinha como convicção que a democracia representativa é a fonte da legitimidade dos governantes”, destacou Serra
Serra disse que Montoro prezava pelo equilíbrio das contas públicas
Serra abriu exposição
Serra visitou exposição sobre ex-governador
O governador José Serra participou na noite desta segunda-feira, 16, do seminário “O Legado de Franco Montoro”, promovido pela Fundação Memorial da América Latina, na Barra Funda, zona Oeste da Capital.
Vinte e cinco anos depois de ter integrado a equipe de Montoro, a quem citou como referência ao ser empossado no Governo do Estado, José Serra destacou virtudes do ex-governador para a platéia.
Serra resumiu em tópicos os principais atributos de Montoro. Entre eles, a capacidade de o ex-governador colocar em prática projetos, a facilidade para mobilizar a sociedade com um objetivo e sua habilidade em aglutinar pessoas em torno de ações, como a luta pela democracia na campanha das Diretas Já. “Ele tinha um pouco dessas três características. Trabalhava em busca de democracia, da liberdade e da justiça”, avaliou.
Outra característica de Montoro, segundo Serra, era sua aptidão em administrar com austeridade e rigor o controle dos gastos públicos. “As finanças eram saneadas e ele prezava pelo equilíbrio do orçamento”, observou. Mas isso, de acordo com Serra, não impediu programas de investimentos no Estado, como a construção de estradas vicinais, expansão das linhas do metrô e a hidrovia do Tietê.
“O Montoro tinha como convicção que a democracia representativa é a fonte da legitimidade dos governantes e ao mesmo tempo estava convicto de que a participação direta poderia complementar o exercício do poder”, frisou.
Serra lembrou ainda da inovação de Franco Montoro em discutir com a sociedade as propostas de um plano de governo. “Efetivamente isso é fundamental para se estabelecer parâmetros nas decisões e também prioridades na execução”, disse. “Aquilo que foi dito na campanha virou programa de governo”, reforçou.
Para Serra, Franco Montoro foi um dos maiores críticos do loteamento de cargos na composição de uma equipe de governo. “Ele sempre procurou cercar-se de colaboradores com visão e experiência diversa”, disse.
Na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Montoro foi um dos homens públicos que soube aliar a prática política a uma vida intelectual, como José Bonifácio e Joaquim Nabuco. “Montoro era adepto das utopias viáveis. Para ele, a política não era a arte do possível, mas sim a arte de tornar possível o necessário”, analisou o ex-presidente tucano que abriu o seminário.
Exposição
Após o seminário, o governador Serra e o presidente do Memorial da América Latina, Fernando Leça, abriram uma exposição em homenagem ao ex-governador. No acervo, fotos do período em que Franco Montoro passou pelas cadeiras do Congresso Federal, Senado, ministro do Trabalho e como governador de São Paulo.
Antes de deixar o local, Serra assinou termo que permite ao Memorial receber o acervo bibliográfico e documental em comodato pelo ILAM (Instituto Latino-americano) de documentos sob a guarda do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro – bem como outros objetos, fotos e documentos cedidos pelos amigos, parentes e outras instituições – que compõem um amplo painel da vida pública de André Franco Montoro. Esse material estará em exposição até o dia 27 de agosto na Biblioteca Latino-americana Victor Civita.
Participaram do evento o vice-governador e Secretário Estadual do Desenvolvimento, Alberto Goldman, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Vaz de Lima, o Secretário Estadual de Comunicação, Hubert Alquéres, o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano, o Secretário Estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas, o Secretário Estadual de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, o deputado Barroz Munhoz e familiares do ex-governador Franco Montoro.
Cleber Mata
