O governador José Serra participou na manhã desta quarta-feira, 3, do fórum “Como ser o melhor dos BRICs”, promovido pelo INAE (Instituto Nacional de Altos Estudos) na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio de Janeiro. O discurso de Serra teve como tema a “Gestão Pública de Resultados”.
O fórum tem como objetivo debater as condições necessárias ao país para que se torne o melhor dentre os BRICs (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China). Para tanto se requer um sistema político moderno (co-responsável pelo desenvolvimento), ausência de vulnerabilidade externa e destacar-se entre os emergentes.
Serra voltou a afirmar que o conceito de multilateralismo, onde grandes acordos internacionais envolvem todos os países de um bloco, não está funcionando. “Temos que desenvolver mais acordos bilaterais. Temos que fazer mudanças no Mercosul que permitam ao Brasil fazer acordos bilaterais com outros países sem necessariamente incluir os países do Mercosul”, frisou Serra assim como fez ontem durante palestra promovida pela revista Veja, na capital paulista.
“O Mercosul deve ser uma zona de livre comércio e não uma união alfandegária como é hoje, que praticamente subordina todas as principais decisões de comércio exterior que o Brasil queira tomar ao acordo com os outros países”, observou. Para o governador, a prática prejudica tanto o Brasil como os demais países do Mercosul, que “ficam amarrados”.
O conceito de BRICs foi criado em 2001 pelo economista Jim O´Neill, do grupo Goldman Sachs. Usando projeções demográficas, modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o grupo mapeou as economias de Brasil, Rússia, Índia e China até 2050.
Caso os resultados confirmem o previsto, em menos de 40 anos as economias somadas destes países poderão ser maiores do que as do G6 (grupo que reúne Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália). Segundo o estudo, o grupo possuirá 40% da população mundial e um PIB de US$ 85 trilhões.
Rodovia SP-RJ
Durante o fórum, Serra disse que apresentou por telefone ao governador do Rio, Sérgio Cabral, a proposta de construir uma rodovia ligando as capitais dos dois estados.A pista seria construída em paralelo à Via Dutra, a partir da Ayrton Senna, que mudaria de nome. “Teríamos outra via, de grande qualidade. São 130 quilômetros no Rio e 130 quilômetros em São Paulo que teriam de ser feitos.
O governador lembrou que a região onde seria construído o novo conjunto de pistas, o Vale do Paraíba, é densamente povoada, está virando um grande pólo de desenvolvimento e, portanto, requer mais infra-estrutura. “Precisa ter mais mobilidade dentro dele. É muito bom ter o trem rápido, é muito bom melhor a Dutra e vamos precisar de uma nova estrada que pode ser feita com ônus moderado para os tesouros de Rio de Janeiro e São Paulo porque pode ser feita uma concessão para essa exploração”, sugeriu. “Temos que aproximar mais a economia do Rio e de São Paulo”, resumiu Serra.
Inae
O fórum segue até a próxima sexta-feira, com painéis como “O Brasil e a América do Sul – Integração econômica e política, no mundo pós-Doha” e “A sociedade contra a barbárie (Circos de Homens, Escândalos e Conexões) – Ir à raiz comum: necessidade de fortalecimento das instituições políticas do país”.
O Instituto Nacional de Altos Estudos é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 1991 com o objetivo de debater idéias e a formular políticas e estratégias voltadas para o desenvolvimento e a modernização do Brasil, em suas dimensões econômico-social, político-institucional e cultural.
Manoel Schlindwein
