Serra homenageia personalidades com Ordem do Ipiranga

Lista de agraciados destaca trabalho de artistas como Eva Wilma, Maitê Proença, Juca de Oliveira, Regina Duarte e das escritoras Glória Perez e Maria Adelaide Amaral

seg, 16/11/2009 - 21h04 | Do Portal do Governo

Uma grande homenagem aos cidadãos que tem prestado notória contribuição ao país e ao Estado de São Paulo. É com este espírito que o governador José Serra faz a entrega da Ordem do Ipiranga nesta segunda-feira, 16, no Palácio dos Bandeirantes. Desta vez a honraria, uma distinção estadual iniciada pelo governador Abreu Sodré em junho de 1969, será entregue a 10 personalidades do mundo das artes.

Os homenageados com a Ordem do Ipiranga são as atrizes Eva Wilma, Regina Duarte e Maitê Proença; as escritoras Glória Perez e Maria Adelaide Amaral; a bailarina Ana Botafogo; os atores Mauro Mendonça e Juca de Oliveira; o jornalista Silvio Lancelotti e o pianista Nelson Freire.

“Atuar na cultura é tão prioritário quanto atuar em outras áreas”, disse Serra, fazendo um paralelo com áreas educação, geração de empregos e turismo.

A distinção é uma forma de premiar as pessoas que de alguma maneira se sobressaiam em seus campos de atuação, explica o presidente do Conselho Estadual de Honraria e Mérito, Adilson Cezar. “A Ordem do Ipiranga é destinada a alguém que tenha um destaque específico numa área e que, evidentemente, defenda os valores paulistas e nacionais”, completa. O presidente do conselho lembra que a Ordem é honorífica, ou seja, não se trata de um título nobiliárquico, que se transmite de geração para geração. “Não é questão de se criar duques ou barões. Este é um título de honra”, resume o professor de história.

A Ordem do Ipiranga, a única do Estado, é dividida em 5 graus: Cavaleiros, Oficiais, Grão-Cruz, Grande Oficiais e Comendadores, categoria onde todos serão agraciados. A cerimônia de entrega da Ordem do Ipiranga contará com a presença do grão-mestre da ordem, o governador José Serra, e seu chanceler, o secretário-chefe da casa civil, Aloysio Nunes Ferreira.

Eva Wilma

Integrante do grupo que fundou do primeiro Teatro de Arena da América Latina, Eva Wilma tem um extenso currículo de sucessos e vitórias que a coloca como uma das principais atrizes brasileiras de teatro, cinema e televisão. Nascida em São Paulo, em 14 de dezembro de 1933, Vivinha, como é carinhosamente chamada por seus amigos, protagonizou mais de 30 peças no teatro, dando vida à personagens de autores consagrados, como William Shakespeare, Samuel Becket e Tenesse Williams. Por sua interpretação no espetáculo “Querida Mamãe”, assinado por Maria Adelaide Amaral, recebeu os prêmios Shell, Molière e Sharp de melhor atriz em 1994, no Rio de Janeiro, além do prêmio Shell de 1995, em São Paulo. O reconhecimento perante o grande público veio com seus trabalhos na televisão, em produções como a novela “Mulheres de Areia”, de 1974, e o seriado “Mulher”, de 1999. Eva Wilma foi casada com o John Herbert – juntos, repartiram o sucesso na série “Alô Doçura”, na extinta TV Tupi. Seu segundo casamento foi com o também ator Carlos Zara, com quem realizou várias parcerias na TV e no teatro, e a quem dedicou 22 anos de uma vida de amor e companheirismo.

Maria Adelaide Amaral

Maria Adelaide Amaral é jornalista, escritora e dramaturga. Portuguesa, nasceu em primeiro de julho de 1942, em Alfena, distrito do Porto. Aos 12 anos de idade, chega a São Paulo em 1954 e se instala com a família no bairro da Móoca. Trabalhou numa fábrica de camisas, vendedora de joalheria, bancária e pesquisadora na Editora Abril, para a coleção Teatro Vivo, emblemática publicação dos anos 70. Em 1975 escreveu seu primeiro texto dramatúrgico, “A Resistência”. No entanto, só três anos mais tarde veria um trabalho de sua autoria montado: a peça “Bodas de Papel”. Seu primeiro livro, “Luisa, Quase uma História de Amor”, arrebatou o Prêmio Jabuti de melhor romance de 1986. Transformado em peça teatral alguns anos depois, com o nome de “De Braços Abertos”, foi estrelada por Irene Ravache, Juca de Oliveira e teve direção de José Possi Neto. O texto recebeu incontáveis prêmios, tornando a autora nacionalmente conhecida. O convite para a TV veio em 1990, quando Cassiano Gabus Mendes a convidou para escrever com ele a novela “Meu Bem, Meu Mal”, na Rede Globo. De tão bem sucedida, a experiência gerou outras seis novelas e mais cinco minisséries, escritas em parceria com nomes como Silvio de Abreu, Lauro Cesar Muniz e Alcides Nogueira. Entre os grandes sucessos de sua autoria estão as novelas “Deus Nos Acuda” e “A Próxima Vitima” e as minisséries “JK” e Queridos Amigos”. 

Regina Duarte

Uma das mais famosas e queridas atrizes do Brasil, Regina Blois Duarte nasceu em 5 de fevereiro de 1947, na cidade de Franca, no norte do estado de São Paulo. Sua estréia na televisão aconteceu aos 18 anos, interpretando Malu, na novela “A Deusa Vencida”, da extinta TV Excelsior. Desde então, Regina não parou de encantar o público: Em 1970 participou de um marco da TV brasileira, “Irmãos Coragem”, como a encantadora Ritinha. No entanto, foi com “Minha Doce Namorada”, em 1971, que a atriz ganhou o eterno apelido de “namoradinha do Brasil”. Papéis de destaque foram aparecendo. Em 1979, Regina mostrou que a “namoradinha” também era uma mulher independente e muito forte: O seriado “Malu Mulher”, dirigido por seu ex-marido Daniel Filho, foi um marco na carreira da atriz e na vida de muitas mulheres. O papel da protagonista Malu, parecia ter sido feito exatamente para ela. Mais tarde, em 1985, Regina viveu um dos momentos mais marcantes da sua carreira: a intrépida Viúva Porcina, de “Roque Santeiro”, papel que lhe rendeu inúmeros prêmios da imprensa especializada, e que até hoje figura na lembrança dos fãs. Depois da fogosa viúva, foi a vez da sofrida Raquel em “Vale Tudo”, na qual protagonizou cenas inesquecíveis com Glória Pires, que viveu Maria de Fátima, sua filha na trama. A personagem Maria do Carmo, de “Rainha da Sucata” também é outro marco na carreira da atriz e responsável por mais premiações. Nos anos 90 seguiram outros sucessos, como as personagens Helena em “História de Amor”, “Por Amor” e “Páginas da Vida”. Além da atriz Gabriela Duarte, têm outros dois filhos: André e João Ricardo. 

Glória Perez

Nascida em 25 de setembro de 1948, em Rio Branco, no Acre, Glória Maria Ferrante Perez é uma das principais autoras da teledramaturgia brasileira. Sua carreira teve inicio em 1979, quando escreveu um episódio da série “Malu Mulher”, que nunca chegou a ser gravado. Anos depois, o spript caiu nas mãos de Janete Clair, que se interessou pelo texto da iniciante e a convidou para colaborar na trama da novela “Eu Prometo”. O primeiro trabalho que Glória Perez assinou sozinha foi a novela “Carmen”, em 1987, na extinta Manchete. O sucesso da produção a levou para a TV Globo, inicialmente escrevendo as minisséries “Desejo” e “Hilda Furacão”, além das novelas “Barriga de Aluguel”, “De corpo e alma” e “Explode Coração”. Tendo como marca a preocupação com questões sociais levadas ao grande público, a autora é a responsável por alguns dos maiores sucessos da teledramaturgia moderna, a exemplo de “O Clone”, “América” e a recente “Caminho das Índias”.

Ana Botafogo

Símbolo da dança clássica no Brasil, a carioca Ana Botafogo é primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, quando ingressou na companhia após ser aprovada num concurso público. Ana Botafogo iniciou seus estudos de balé ainda pequena em sua cidade natal, mas foi no exterior que ela complementou sua formação. Na Europa freqüentou a Academia Goubé na Sala Pleyel, em Paris, a Academia Internacional de Dança Rosella Hightower, em Cannes e o Dance Center-Covent Garden, em Londres. Suas performances no exterior incluem participações em festivais na Suíça, Itália, Cuba e na Gala Iberoamericana de La Danza, representando o Brasil, no espetáculo dirigido por Alicia Alonso, em Madri, realizado em comemoração aos 500 Anos do Descobrimento das Américas. Com seu carisma, a bailarina contagia seu público e inspira jovens bailarinas do país inteiro quando enche o palco com sua dança e magia. Ao longo da carreira, já interpretou os papéis principais de todos as mais importantes obras do repertório da dança clássica. Destacam-se suas performances em produções completas como Coppélia, O Quebra Nozes, Giselle, Romeu e Julieta, Don Quixote e O Lago dos Cisnes.

Maitê Proença

Filha de um promotor de Justiça e de uma professora de filosofia e de música, Maitê  Proença Gallo, nasceu em São Paulo, em 1958. Após estudar em escola americana e passar por um pensionato luterano, indecisa a respeito de qual profissão seguir, no final da adolescência a jovem decide conhecer o mundo. Durante dois anos, viaja por cerca de 30 países da Europa, Ásia e África, trabalhando como vendedora de jornais, babá e distribuindo folhetos nas esquinas parisienses. De volta ao Brasil, Maitê Proença iniciou seus estudos teatrais com o diretor Antunes Filho. No mesmo período, ao freqüentar aulas de roteiro no Museu da Imagem e do Som, conheceu o escritor Mario Prata, que a convidou para um teste na TV Tupi. Sua carreira como atriz em novelas começa com um papel na trama Dinheiro Vivo. Dali em diante, teria uma trajetória de grande sucesso na teledramaturgia, atuando em As Três Marias, Guerra dos Sexos e O Salvador da Pátria. A consagração viria com sua atuação no personagem-título da novela Dona Beija, transformando a atriz em estrela nacional. A partir dos anos 2000, Maitê Proença passou a investir também na literatura, como cronista, autora de ficção e dramaturga. Sua peça As Meninas, atualmente em cartaz, é sucesso de crítica e público. Além de se dividir entre suas múltiplas tarefas, ela ainda se destaca como uma das apresentadoras do programa Saia Justa, do canal GNT.

Mauro Mendonça

Mauro Pereira de Mendonça nasceu em Ubá, Minas Gerais, no dia 2 de abril de 1931. Filho e irmão de advogados, Mauro também pensou em fazer faculdade de direito. Mas desistiu para buscar seu sonho de ser ator de cinema. Foi então que começou a fazer teatro amador ao mesmo tempo em que trabalhava num banco. No começo da década de 1950, teve sua primeira grande oportunidade profissional no Teatro Brasileiro de Comédia (o TBC). Assim, peça após peça, o ator foi conquistando cada vez mais papéis de destaque. Nos bastidores do espetáculo “Rua São Luiz”, conheceu a atriz Rosa Maria Murtinho, com quem está casado desde 1959. O casal tem três filhos: João Paulo, Rodrigo e Mauro, que hoje é diretor da TV Globo. Em 1954, Mauro realizou seu grande desejo, ao estrear no cinema com o longa “O Petróleo É Nosso”. Entre os quase 20 filmes que fez, destaca-se “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1976, um dos maiores sucessos de bilheteria da cinematografia nacional. O primeiro trabalho na televisão chegou em 1963, quando participou da novela “Corações em Conflito”, na extinta TV Excelsior. Desde então, o ator já integrou o elenco de mais de 50 tramas – as mais recentes foram “A Favorita” e “Paraíso”, ambas da Rede Globo.

Juca de Oliveira

José de Oliveira Santos, o Juca de Oliveira, nasceu em São Roque, cidade vizinha à  capital paulista, em 16 de março de 1935. Ator e dramaturgo, formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, Juca estreou no Teatro Brasileiro de Comédia, o histórico TBC, em 1961, sob direção de Flávio Rangel, vivendo o protagonista de “A Semente”, texto de Gianfrancesco Guarnieri. Em seguida, sua passagem pelo revolucionário Teatro de Arena se daria paralelamente à militância política, durante a ditadura militar. A arte engajada do grupo entrou na mira da repressão e o ator foi obrigado a exilar-se na Bolívia. De volta ao Brasil, Juca iniciou sua carreira na televisão, em novelas, seriados e minisséries. Entre as muitas produções das quais participou ao longo de sua trajetória destacam-se “As Pupilas do Senhor Reitor”, em 1995, e “O Clone”, em 2001. Sempre com olhar atento à vida cotidiana e às tramas políticas do país, Juca desenvolve desde 1979 uma exitosa carreira de autor teatral, assinando peças como “Meno Male”, “Hotel Paradiso”, “Caixa Dois”. Com seu texto mais recente, “Happy Hour”, dirigido por Jô Soares, comemorou cinco décadas de palco.

Nelson Freire

Um dos mais conceituados pianistas do mundo, Nelson Freire é mineiro de Boa Esperança e nasceu em 18 de outubro de 1944. Menino prodígio, iniciou os estudos musicais aos 3 anos, surpreendendo familiares e professores com sua habilidade e memória. Aluno de Nise Obino e Lucia Branco, fez sua primeira apresentação aos 5 anos, interpretando a Sonata em Lá, de Mozart. Nelson Freire desenvolve uma carreira internacional desde 1959, oferecendo recitais e concertos em cidades da Europa, Estados Unidos, Américas Central e do Sul, Japão e Israel. Durante sua trajetória, dividiu o palco com os mais renomados regentes, entre eles, Pierre Boulez, Lorin Maazel e Kurt Mazur. Também fez apresentações como convidado de orquestras de prestígio, como a Orquestra Sinfônica de Londres, Royal Filarmônica e a Orquestra Nacional da França. A discografia de Nelson Freire é uma referência. Sua gravação dos 24 prelúdios de Chopin, por exemplo, recebeu o Edison Award. Um de seus álbuns mais recentes é dedicado ao repertório do compositor Claude Debussy.

Silvio Lancelotti

Paulistano nascido em 1944, Sílvio Lancellotti é jornalista, escritor, romancista e cozinheiro. Formado em arquitetura, chegou a trabalhar na Prefeitura de São Paulo. Um anúncio da antiga revista Realidade a procura de jornalistas o levou para a redação da estreante revista Veja, em 1968. Foi redator-chefe de IstoÉ, diretor de redação de Vogue, Senhor Vogue e Gourmet, além de colaborador dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. Silvio gosta de lembrar que o jornalismo entrou em sua vida por acidente, mas se orgulha de, mesmo como jovem iniciante, ter participado das coberturas das mortes de Martin Luther King e Bobby Kennedy, além das eleições norte-americanas de 1968. Descendente de imigrantes italianos, é apaixonado por futebol desde o tempo em que ouvia as transmissões estrangeiras pelas ondas curtas do rádio do avô. Passou a acompanhar a vida esportiva do país desde o início de sua carreira como jornalista. Na mídia eletrônica, foi apresentador de programas gastronômicos e comentarista esportivo nas redes Record, Manchete e Bandeirantes. Cobriu sete Copas do Mundo e cinco Olimpíadas. Autor de 23 livros, atualmente, integra o time da ESPN, escreve para Flash-News e para Viva São Paulo.