Série sobre o Xingu estréia neste domingo

A série tem 16 episódios e será exibida até 11 de novembro; confira a programação

qui, 26/07/2007 - 16h45 | Do Portal do Governo

O Brasil fará um retorno ao misterioso universo dos povos do Xingu, guiado pela narrativa  do jornalista e documentarista Washington Novaes, pelo diretor de fotografia Lula Araújo e pelo diretor de edição João Paulo Carvalho. Esta é a mesma que produziu, em 1984, a série Xingu, a Terra Mágica, revelando ao país e ao mundo a beleza e encantamentos de cinco grupos indígenas da região – Waurá, Kuikuro, Yawalapiti, Metuktire e Panará -, voltou no ano passado a documentá-los.

O resultado desse reencontro é a nova série Xingu – a Terra Ameaçada, que estréia no próximo domingo, 29, às 18 horas, na TV Cultura, sob o patrocínio da Natura e da Petrobrás, através da Lei Rouanet e da Lei do Audiovisual. A série tem 16 episódios e será exibida até 11 de novembro.

A série original foi ao ar em 1985, sendo imediatamente consagrada pelo público e pela crítica como uma das mais belas narrativas de não-ficção já exibidas pela TV brasileira. Além disso, recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior, como no Festival de Cinema e TV de Havana e no Festival de Seul, e contou com uma sala especial na prestigiada Bienal de Veneza, em 1986.

Para o novo programa, Washington Novaes reuniu grande parte da mesma equipe de 1984: além do diretor de fotografia Lula Araújo e do diretor de edição João Paulo Carvalho, o renomado artista plástico Siron Franco assina novamente a direção de arte da série. A produção contou também com dois jovens cineastas indígenas como assistentes de fotografia – Maricá Kuikuro e Kiampopri  Panará.

Xingu – a Terra Ameaçada

Washington Novaes reencontra o Xingu ilhado entre pastagens, estradas, hidrelétricas e extensas áreas desmatadas para o plantio de soja. O Parque Indígena e seus habitantes sofrem os efeitos da devastação ambiental a sua volta e da proximidade cada vez maior com a sociedade envolvente. As aldeias estão invadidas por antenas parabólicas, placas de energia solar, motores a diesel e toda uma parafernália eletrônica.

Os pajés já são poucos, porque os jovens não assumem mais a missão longa e sacrificada. Querem assistir TV, usar roupas de fábrica, tênis, óculos escuros, dançar forró e – suprema ambição – passear de moto pelas aldeias.

“O mundo do índio é muito diferente do nosso – lembra Washington. É regido pelos espíritos da água, do fogo, da terra, dos animais, das coisas, enfim, tudo tem relação com o sagrado”.

Ele lembra que, neste território, a tecnologia e recursos científicos do branco contribuem para o risco da perda definitiva da identidade com a exposição exacerbada dos jovens a cultura do branco. “Os líderes antigos dizem que os jovens têm uma ilusão enorme do mundo dos brancos, acham que é tudo bonito e fácil, não sabem como é difícil a sobrevivência neste mundo. É um momento muito difícil, em que há uma tensão interna muito forte, mas não dá pra avaliar os desdobramentos”.

Mas, felizmente, como diz Washington, “ainda é um momento de coexistência das duas culturas, a do índio e a do branco”. Graças a isso, o telespectador de “Xingu – a Terra Ameaçada” ainda vai poder se encantar com os belos e comoventes flagrantes de manifestações culturais mantidas bem vivas pelos grupos indígenas novamente documentados.

A Festa do Pequi; a Festa do Espírito do Beija Flor; a Dança do Papagaio; o Kuarup – festa maior do Alto Xingu, um ritual para agradar o espírito que roubou a alma de um rapaz -; a iniciação dos jovens com a bateção de marimbondos entre os Panará; e uma emocionante e espontânea reconstituição feita pelos Metuktire do momento histórico do primeiro contato com os irmãos Villas Boas. 

“O encontro com o índio é um mergulho em outro espaço, em outro tempo, Um espaço aberto, de céu e terra, amplo, água e fogo. Um espaço colorido e pródigo, povoado por animais, vegetais, minerais e espíritos” – avisa Washington Novaes.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

29/07 –  “Xingu – A Terra Ameaçada” (Estréia) Programa de abertura da nova série,  mostrando o contraste entre a realidade dos povos do Xingu em 1984 e os dias de hoje.

05/08 – Os Filhos de Mavutsine (1984) O primeiro programa da série gravada em 1984 mostra a realidade do Xingu  há 23 anos.

12/08 – Herdeiros do Paraíso (1984) O segundo programa de 1984 fala da infância e a educação entre os índios do Xingu.

19/08 – Adeus à Infância (1984) A adolescência e os ritos de passagem para a vida adulta no Xingu.

26/08 – Amor de Índio (1984) A relação entre homem e mulher, o namoro, o casamento e o sexo entre os índios do Xingu.

02/09 – O Mundo dos Homens Livres (1984) A organização social e política entre os índios do Xingu.

09/09 – Medicina, Magia e Feitiçaria (1984)

Os pajés e o mundo dos espíritos, presença constante no cotidiano xinguano.

16/09 – A Arte Viva do Índio (1984) A bela e refinada arte dos índios xinguanos e sua função na sociedade.

23/09 – Kuarup, dos Mortos não se fala – parte 1 (1984) A velhice e a relação com a morte, incorporada no ritual do Kuarup, a mais importante festa dos povos do Xingu.

30/09 – Kuarup, dos Mortos não se fala – parte 2 (1984) A festa do Kuarup (continuação).

07/10 – O Direito de Viver (1984) O acesso aos seus territórios ancestrais e os direitos dos povos indígenas do Xingu.

14/10 – Xingu – A Terra Ameaçada:  o povo Panará O segundo dos programas gravados em 2006 mostra a realidade atual dos índios Panará, antes conhecidos como Krenakrore.

21/10 – Xingu – A Terra Ameaçada: o povo Metuktire A liderança do conhecido chefe Raoni e os conflitos intergeracionais neste grupo da etnia Caiapó.

28/10 – Xingu – A Terra Ameaçada: o povo Kuikuro

As ameaças das hidrelétricas e dos desmatamentos, os conflitos em torno do nascimento de gêmeos e o surgimento de um cineasta indígena.

04/11 – Xingu – A Terra Ameaçada: o povo Waurá A luta pela preservação das tradições e os dilemas atuais dos xinguanos.

11/11 – Xingu – A Terra Ameaçada: os Yawalapiti e o futuro do Xingu  

O último programa da nova série mostra a situação do povo Yawalapiti e discute o futuro dos povos do Xingu.

Da Secretaria da Cultura