Semana de prevenção de quedas de pessoas idosas termina amanhã

Numa casa adaptada, os idosos aprendem pequenos truques e providências para evitar a ocorrência de acidentes

qui, 24/06/2010 - 13h30 | Do Portal do Governo

Quem acha que queda na velhice é normal está enganado. O assunto exige tantos esclarecimentos que diversas instituições participam da Semana Mundial de Prevenção de Quedas das Pessoas Idosas. O evento começou dia 21 de junho, segunda-feira e segue até amanhã.

Um levantamento da Secretaria da Saúde aponta que cerca de 9 mil idosos são internados por ano no Estado de São Paulo devido a fraturas de fêmur em decorrência de quedas. Cerca de 30% dos paulistas acima dos 60 anos caem ao menos uma vez por ano. Os números mostram os riscos de exposição ao perigo, mesmo dentro de casa.

“O mais velho que cai com frequência precisa realizar alguma atividade física, controlar suas doenças crônicas, ser orientado sobre exercícios de fortalecimento de equilíbrio e das situações de riscos de queda em casa”, explica a fisioterapeuta Christine Brumini, coordenadora da Reabilitação do Centro de Referência (CRI) da Zona Norte. A unidade participa da campanha mundial e oferece uma semana inteira de atividades educativas abertas aos mais velhos, seus familiares e profissionais de saúde.

Evitando o risco

Uma delas, oferecida durante toda a semana, é a casa adaptada. Nela, com auxílio de terapeuta ocupacional do CRI, os idosos percorrem todas as instalações de uma residência montada e aprendem condutas corretas para evitar quedas. O tour começa pela sala de jantar, onde há medicamento guardado na divisória mais alta da prateleira. A profissional avisa: “Não suba em banquinho ou cadeira para pegar o produto, pois a senhora pode desequilibrar-se e cair. Deixe o remédio mais consumido à sua altura”. Na cozinha, entre as recomendações: não deixar cadeira, vassoura ou outro objeto no meio do caminho e não usar passadeira perto da pia, pois é escorregadia. A sugestão é substituí-la por pano de chão.

Na sala, a segurança será garantida ao abolir tapete e mesa de centro. Local livre para passagem evita acidente como bater e machucar o joelho. Outra recomendação é manter fios de telefone e de carregador de celular no canto e não no meio da sala. Comum também no quarto, o tapete só deixa de ser risco se for emborrachado e antiderrapante. Aquele sapatinho de pano, típico de inverno, deixa o pé solto e facilita o escorregão. É preciso sempre manter luz acesa no quarto, pois o idoso normalmente se levanta à noite para ir ao banheiro ou à cozinha. O escuro eleva chance de queda.

Outros obstáculos para a terceira idade são animais, brinquedos e objetos espalhados pela casa. Por fim, no banheiro, a terapeuta explica a importância de manter o chão sempre seco para evitar acidentes. O grupo aprende que na hora do banho é importante não apoiar a mão no registro. O ideal é instalar barra de apoio próximo ao chuveiro e ao vaso sanitário. Outra dica da terapeuta é apoio de vaso sanitário (uma peça maior, encaixada no vaso) que facilita o levantar e sentar da pessoa.

Dançar para não cair

A dança sênior foi apresentada ao público no primeiro dia do evento. É uma atividade física que envolve todos os movimentos corporais, treina equilíbrio e força de forma lúdica, favorece a integração e a memória. Até mesmo usuários de cadeiras de roda participaram.

A fisioterapeuta Caroline Venturini Ferreira, palestrou sobre uso correto e indicações médicas de bengala, andador e muleta, que são equipamentos de auxílio à marcha. Sua recomendação depende de avaliação de fisioterapeuta, geriatra, ortopedista ou reumatologista. Caroline diz que o instrumento não pode ser adquirido por conta própria para evitar a utilização sem necessidade ou de forma incorreta, o que representa risco à segurança e queda. Por isso, houve oficina prática com apresentação de modelos, suas funcionalidades e treino de marcha.

Hoje, das 9h às 17h, o CRI Norte dá dicas aos mais velhos sobre a correta subida e descida no ônibus com segurança. “É comum esse veículo ter degrau alto e o idoso subir com muitas sacolas. A orientação é segurar o apoio com as duas mãos, que devem estar livres”, explica a fisioterapeuta Christine. As demonstrações ocorrem no próprio ônibus graças à parceria com empresa de transporte público.

A fisioterapeuta Christine informa que o CRI mantém grupo de prevenção de quedas, composto de equipe multiprofissional, que oferece exercícios de fortalecimento e atividades funcionais aos idosos. Além das orientações para alimentação saudável, a nutricionista recomenda evitar alimentos com cafeína como chocolate, café, chás (mate e preto), refrigerantes, pois predispõe tontura e queda. Já a equipe de Farmácia incentiva usar remédio só com recomendação médica, pois alguns produtos provocam sonolência. 

Circuito de obstáculos

Josefa Araújo da Costa, 79 anos, diz que caía muito porque tropeçava e não via o degrau. Há quatro anos ela participa da programação do CRI Norte, inclusive do grupo de queda, e relata que agora, de vez em quando, sobe a pé alguns andares do prédio onde mora, no Mandaqui. “Aprendi a olhar onde piso, não apoio no boxe do banheiro, ando com bengala e presto atenção no caminho”. Ela diz que faz os exercícios recomendados em casa e obedece às regras para não cair: só usa sapato fechado, não segura na cortina, não pisa no tapete e nem segura em móveis.

No circuito dos obstáculos, que ocorre a semana toda, os visitantes treinam o equilíbrio e associam a marcha em superfície estável e instável à caminhada na calçada da rua. Maria Salete Ferreira, 68 anos, teve mais dificuldade na bola de borracha que simulava os buracos tão comuns numa metrópole: “A borracha é perigosa. Estou sem equilíbrio. A moça (fisioterapeuta) precisou me segurar se não ia cair. Se encontrar isso na rua vou passar por cima se não posso cair”. Christine explica que o circuito dos obstáculos treina passos curto e longo para o idoso se adaptar às situações do cotidiano. Após as atividades, eles receberam cartilha com dicas para manter o equilíbrio.

Dona Adelina Almeida Noronha, 81 anos, fez cirurgia nas coronárias e o médico sugere atividade física de baixo impacto, como a dança sênior: “Participo da dança há muitos anos. Ela preenche todos os requisitos dos outros exercícios. Me sinto mais ágil e disposta dentro dos meus limites. Moro sozinha e aqui me integro. Convido meus amigos a participarem da Semana de Prevenção de Quedas porque eles não conhecem e não sabem que esses exercícios fazem muito bem”.

Jacob Meneghini, 86 anos, e a esposa,Wilma Félix, 80 anos, visitaram a casa adaptada. Na residência deles, senhor Jacob diz que tira a passadeira da cozinha e a esposa coloca novamente. Ele quer instalar piso emborrachado em parte do quintal até o portão. Dona Wilma discorda: “Você sabe, somos mulheres, esse piso emborrachado ficaria muito feio! Quero algo mais adequado! Além do mais, não resolverá o problema porque seria colocado só numa parte do quintal!”. A terapeuta ocupacional Ana Helena Tomás de Menezes faz a reflexão: “O que vale mais a pena: deixar a casa bonita ou segura?”. 

Acompanhe a programação do CRI Norte:

24 de junho, hoje
Das 9h às 17h – Circuito no ônibus
Das 10h às 12h – Mesa redonda
Às 10h – Inauguração da academia da terceira idade
Das 14h às 16h – Oficinas práticas
Das 9 às 17 horas – atividades teóricas e práticas para esclarecimentos dos profissionais de saúde que atuam com idosos. Interessados, comparecer ao local às 8 horas da manhã para preencher a inscrição de acordo com vagas disponíveis. A programação inclui teste para risco de queda, sensibilização dos pés, casa adaptada, circuito de ônibus e outros itens.

25 de junho, amanhã
Das 8h às 10h e das 15h às 17h – Casa adaptada e circuito de obstáculos

O CRI Norte fica na Rua Cesar Zama, 1, em Santana. Telefone: (11) 2972-9236

Da Agência Imprensa Oficial