Segurança: Torneio no Barro Branco converte-se em aprimoramento da PM

Vinte equipes de oficiais e cinco de alunos oficiais da Academia participaram da acirrada disputa

qui, 11/05/2006 - 19h40 | Do Portal do Governo

O motorista de um Ipanema vermelho passa pelo cruzamento sem parar e acaba colidindo com um Celta prata, cujo banco do passageiro está ocupado pela mulher do condutor. O homem que avançou pela travessa inicia a discussão e, impulsionado pelo nervosismo, atira na passageira. A briga de trânsito requer rápida solução, pois a vítima corre risco de morte. O cenário para o conflito está montado. Qual a maneira correta e, conseqüentemente, mais eficaz para resolver o impasse? A resposta a esta questão foi dada, na prática, pelos competidores do 8º Torneio de Táticas e Técnicas de Comando, durante todo o dia de ontem, na Academia de Polícia Militar do Barro Branco.

Vinte equipes de oficiais e cinco de alunos oficiais do Barro Branco participaram da acirrada disputa. A eles foram apresentadas quatro ocorrências surpresas que precisavam ser solucionadas pelo motorista da viatura e pelo oficial responsável por dar as coordenadas da ação. Conforme explica a tenente Cleodecir Zonato Eder, o desconhecimento da situação pelos policiais militares foi imprescindível para garantir que nenhuma equipe se sobressaísse em relação às demais.

Homens em atitude suspeita

A viatura é acionada via Copom (Comando de Operações da Polícia Militar) para atender a denúncia anônima que indicou o local onde se encontram três homens em atitudes suspeitas. Imediatamente, os policiais deslocam-se e se deparam com o trio, portando determinadas ferramentas, como martelo e chave de fenda. Desafio posto, a equipe deveria decidir qual o melhor e mais acertado desfecho para a ocorrência. Dentre as possíveis soluções, estava a prisão deles.

Método Giraldi

Para quem pensou que o acidente de trânsito seria o caso mais difícil de ser solucionado, surpreendeu-se com a solicitação de atendimento em uma favela, aonde havia civis em meio aos suspeitos, muitos dos quais armados e dispostos a atirar nos PMs. A prudência e a perícia eram fundamentais para que os competidores obtivessem sucesso nesta ocorrência, porque qualquer descuido colocaria a vida do cidadão comum, do policial militar e até mesmo do acusado em risco. Para dar maior realidade à situação, figurantes conversavam com os competidores, tentando distraí-los; ademais, os tiros eram reais e não de festim, como em muitos outros treinamentos.

O capitão Rogério Silva Pedro, comandante de Itanhaém, era um dos avaliadores da base. Ele enfatizou que o foco desta situação era a identificação do momento adequado para abordar os suspeitos em segurança, não se esquecendo de agir sempre com postura defensiva. Afinal, o que estava em jogo era o procedimento correto.

O capitão Rogério ressaltou que os competidores devem seguir o chamado Método Giraldi , segundo o qual o treinamento policial baseia-se na simulação de situações de risco e visa o uso racional da arma de fogo. A principal instrução aos usuários do método é a negociação com os criminosos para que se entreguem sem a necessidade de atirar, reduzindo, sobremaneira, o número de ocorrências negativas e de policiais atingidos em serviço.

Maior dificuldade

Uma testemunha confirma aos policiais que a mulher fora agredida pelo marido, cuja profissão é promotor. O conflito, aparentemente de simples resolução, confundiu grande parte dos concorrentes. O procedimento correto é não algemá-lo; e conduzi-lo ao Distrito Policial somente se ele desejar, fato que não ocorreu. Algumas equipes, ao invés de dispensar o acusado, o prendeu.

Contudo, o objetivo do torneio é identificar os erros mais recorrentes para corrigi-los. Assim, o aprimoramento do serviço policial e padronização dos procedimentos da Polícia Militar poderão surtir efeito bastante positivo à sociedade paulista. “Melhorar os procedimentos para garantir a eficácia no atendimento à comunidade e garantir um serviço com segurança ao policial e à vítima. Estes são os principais focos do torneio”, explica o comandante da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, coronel Eliseu Leite de Moraes.

Encerramento

Ao final do dia, competidores e alunos oficiais reuniram-se no pátio da Academia de Polícia Militar do Barro Branco para finalizar o 8º Torneio de Táticas e Técnicas de Comando.

Após exaustivo dia de avaliações, os concorrentes puderam prestigiar os vencedores. Na categoria de alunos oficiais, ficaram com o 2º lugar o aluno oficial PM Rafael Marques Góes da Silva e o aluno oficial PM Fábio Ariello, com 989 pontos. Na primeira posição, com pontuação de 1.018, ficaram o aluno oficial PM Cristiano Nunes Laureano e o aluno oficial PM Júlio César dos Santos Oliveira.

A categoria de oficias teve três ganhadores. Ficaram com a terceira colocação o 2º tenente Ricardo Domingos Júnior e o soldado César Gonçalves do 34º BPM/M (Batalhão da Polícia Militar/ Metropolitano).

Com a segunda, o 1º tenente Daniel Kumai e o soldado Jefferson de Souza Amorin do 12º BPM/M. E, com a primeira, o 2º tenente Marcelo Alves da Silva e o soldado Hélio Venâncio Ferreira do 4º BPM/I (Batalhão da Polícia Militar do Interior). As equipes obtiveram, respectivamente, 986; 996 e 1.047 pontos.

Os destaques do torneio receberam prêmios pelo excelente empenho, desde viagens a itens integrantes da farda militar. De acordo com a tenente Cleodecir, a premiação funciona aos policiais militares como um estímulo à participação, pois quem realmente ganha com este tipo de evento é a corporação, já que a correção das técnicas e táticas converte-se em benefício da Polícia Militar.

“Estamos louvando a técnica, o conhecimento, a cultura profissional. Esta academia está de parabéns porque é daqui que sai o conhecimento, a luz. Precisamos lapidar a ação.” Em suas palavras, o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, reconheceu o belo trabalho desenvolvido pela Academia do Barro Branco acerca do aprimoramento da Polícia Militar.

Ao finalizar sua explanação, o coronel Eclair – paraninfo do evento – deu um voto de incentivo aos policiais militares: “Nada mais importante que o patrimônio desta corporação, que são os senhores, seres humanos. O nosso policial militar tem de estar preparado. O futuro é o conhecimento, a técnica e a perícia”.

Thaís Camargo

Da Secretaria da Segurança Pública