Segurança: Projeto da PM atende menores que pedem dinheiro nos semáforos

Iniciativa será repetida nesta sábado, dia 18

qui, 16/03/2006 - 19h16 | Do Portal do Governo

Iniciativa da PM, em parceria com ONGs e entidades assistenciais, atende a menores que pedem dinheiro nos semáforos do Campo Belo

O sábado, 4 de fevereiro, foi um dia diferente no quartel do 12º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano, no Campo Belo, zona sul da capital. No começo da manhã, os oficiais e soldados da corporação receberam 450 crianças e adolescentes de comunidades carentes da região, que chegaram em vários ônibus, ansiosos por conhecer as instalações do quartel, sentar ao volante do carro do Corpo de Bombeiros ou acionar a sirene da viatura policial até cansar os ouvidos dos vizinhos.

Era mais um evento do Projeto Farol Verde, criado com o objetivo de abrir perspectivas de vida para as crianças que passam parte do dia nas ruas do bairro, pedindo dinheiro em semáforos. E um antigo sonho do comandante do 12º Batalhão, tenente-coronel Marcos da Silva Luz. “Também fui uma criança carente da região, e hoje sou a prova incontestável de que iniciativas como esta podem ter resultados positivos. O investimento feito em mim, há 40 anos, não foi em vão”, lembrava, na ensolarada manhã de sábado, em conversa com outros participantes do projeto. O tenente-coronel contou que, quando pequeno, ganhou bolsa de estudos de uma escola particular, onde obteve boas notas.

Os representantes de instituições parceiras da PM no Farol Verde – entre as quais Cruz Vermelha Brasileira, Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs), Rotary Club, Associação Comercial de São Paulo e organizações não-governamentais de assistência à criança – estão conscientes de que a proximidade dos bairros nobres é atrativo para que as crianças e adolescentes deixem de ir à escola ou de participar de atividades educativas para ganhar alguns trocados nos faróis, a fim de auxiliar no sustento da família. Agindo dessa forma, podem acabar cometendo pequenos delitos, por influência de outras pessoas que também freqüentam esses locais.

Esforço conjunto – O primeiro passo do projeto foi levar as crianças para conhecer de perto a PM e desfazer a imagem negativa que tinham dos policiais. “Em vez de se sentirem ameaçadas e intimidadas, passaram a ter relação de respeito e camaradagem com os soldados e oficiais”, explica Lenita de Abreu, presidente do Projeto Farol Verde e gerente de projetos da Cruz Vermelha em São Paulo. A partir desse convívio amistoso, o passo seguinte foi tentar tirá-las das ruas, oferecendo-lhes novas opções de vida, como atividades esportivas e cursos profissionalizantes. “Esse tipo de ação é uma espécie de prevenção primária do crime, uma forma de evitar que aconteça mais tarde”, avalia o tenente-coronel Luz, observando que as pessoas precisam se conscientizar desse grave problema em vez de acharem que, para resolvê-lo, basta fechar o vidro do carro nos faróis.

“Trata-se de um bairro de classe média com muitas diferenças sociais. O que estamos tentando fazer é eliminar as barreiras que separam as duas comunidades tão próximas. Acreditamos que a segurança pública não é tarefa só da polícia. É importante que a comunidade se conscientize e participe”, afirma Lenita.

Evento se repete neste sábado

Os organizadores do Projeto Farol Verde estão empenhados em ampliar as ações conjuntas com a PM, o que está programado para ocorrer neste sábado, dia 18, quando outro evento será realizado na sede da organização não-governamental Alquimia, situada na Rua Alsácia, 410, no Jardim Aeroporto. “Queremos dar a essas crianças condições efetivas para que possam sair das ruas e ter a oportunidade de se tornarem verdadeiros cidadãos”, afirma Lenita.

Corporação a serviço da comunidade há mais de 40 anos

Fundado oficialmente em 31 de janeiro de 1957, o 12º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano originou-se do antigo Batalhão Policial, criado em 1948 e sediado no bairro da Luz. Naquela época, a unidade funcionava no Regimento de Cavalaria Nove de Julho e seu primeiro comandante foi o tenente-coronel PM Efrain Bratfish Castebasse. Em 1958, passou a se chamar Batalhão de Rádio Patrulha, denominação que manteve até o dia 17 de julho de 1960, quando se tornou o 12o Batalhão Policial, e teve sua sede transferida para o bairro da Liberdade. Treze anos depois mudou-se para o endereço atual, na Rua Rafael Iório, 160, Campo Belo, na zona sul de São Paulo.

Comandado pelo tenente-coronel PM Marcos da Silva Luz, é composto por seis companhias operacionais. Um dos destaques dessa unidade é o Canil Setorial Sul, criado em agosto de 1985, com cães premiados em modalidades de treinamento policial e adestramento. As atividades de policiamento do 12o Batalhão são realizadas sob a forma de patrulhamento motorizado, policiamento ostensivo a pé, com auxílio de cães, e ronda escolar. Cobrem área de aproximadamente 50 quilômetros quadrados, prestando atendimento a uma população fixa de 526 mil moradores e flutuante de 1,3 milhão de pessoas.

Além de promover o Projeto Farol Verde, o Batalhão conta com equipes de policiais militares treinados pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que atuam em escolas municipais e particulares da região, abordando com os alunos temas sobre drogas, violência e doenças sexualmente transmissíveis.

Da Secretaria da Segurança Pública