Segurança: Núcleo de Documentoscopia do IC alerta sobre novo golpe

Golpista coloca no pacote papel preto no formato de notas

sex, 20/01/2006 - 11h23 | Do Portal do Governo

Uma nova modalidade de golpe, aplicado por estelionatários, vem chamando a atenção do Núcleo de Documentoscopia do Instituto de Criminalística (IC), responsável pela análise de autenticidade de diversos tipos de documentos, sejam eles oficiais ou particulares. O golpe, que consiste em vender um pacote formado com papel preto, que seria dinheiro legítimo, já deixou algumas vítimas na região da Grande São Paulo.

Segundo o perito Luiz Mantecca Neto, o golpe se inicia no momento que o estelionatário oferece para a vítima um conjunto de notas, que teriam sido danificadas por algum tipo de substância, ficando inteiramente pretas. Depois, ele fornece um líquido para remover tal substância, tornando o papel-moeda novamente válido.

Ao realizar o teste com algumas notas legítimas, que realmente perdem a substância preta quando entram em contato com o líquido, o estelionatário convence a vítima a comprar o pacote. O problema é que quase a totalidade das supostas notas de dinheiro consiste apenas em papel preto, cortado no tamanho exato de uma nota verdadeira.

O pacote é oferecido por um preço exorbitante, mas o estelionatário engana a vítima com o argumento de que está impossibilitado de realizar tal experiência, por algum motivo, e prefere ter um ganho menor vendendo as notas por um valor supostamente mais baixo. Quando a vítima faz o teste em sua casa, constata que foi enganada.

“Fica a dica para o cidadão comum não se iludir com esse tipo de proposta. Toda vez que se deparar com um desconhecido com uma proposta de ganho de dinheiro, principalmente em rodoviárias e aeroportos, ele deve chamar a Polícia e denunciar o estelionatário. Até mesmo porque, na medida em que a pessoa recebe um dinheiro de origem duvidosa, ela já está exercendo uma atividade ilegal” explica Mantecca.

Notas falsificadas

O perito também explica que as notas de dinheiro falsificadas ainda são um dos principais elementos que chegam para análise no núcleo. O real e o dólar são alvos de falsificações dos criminosos, mesmo com todos os elementos de segurança incorporados nas notas, através de estudos minuciosos realizados pelos governos federais.

Mantecca lembra que a nota do dólar, introduzida em meados da década de 90, conta com mais elementos de segurança, alguns deles semelhantes aos encontrados no real. “Ela tem a marca d’água, que pode ser vista quando colocamos a nota contra a luz, e também algumas microimpressões, para dificultar a falsificação.”

No caso do real, estes dois elementos sempre estiveram presentes nas notas, cuja impressão apresenta relevo e pode ser sentida ao passar a mão sobre o papel. O dinheiro ainda tem um círculo de registro coincidente, que está impresso no verso e reverso, e deve ficar totalmente superposto. A luminescência da nota verdadeira também fica caracterizada na luz ultravioleta: ela se torna escura, ao contrário do papel normal, que reflete uma coloração clara ao entrar em contato com a luz.

De acordo com o perito, existem maneiras simples de o cidadão comum se proteger das notas falsificadas. “Deve-se sempre comparar uma nota suspeita com uma verdadeira, de preferência do mesmo valor, analisando a qualidade das cores e da impressão, passando a mão para sentir o relevo e checando se a nota não está borrada. O cidadão também deve colocar ambas notas contra a luz e comparar a marca d’água, que precisa estar nítida e bem definida. Com essas precauções, ele provavelmente não será ludibriado.”

Cheques adulterados

Mantecca também sugere algumas dicas para evitar o recebimento de cheques adulterados. “O comerciante não deve receber cheques de terceiros; tem de tomar cuidado com aqueles que estão em nome de empresas, além de verificar se a identidade da pessoa corresponde ao titular da conta corrente e conferir se a assinatura é compatível àquela do documento. Se possuir um telefone, deve ainda ligar para um órgão de consulta que dê informações sobre cheques furtados ou bloqueados.”

 

 Marcelo Freire