Segurança: Libanesa suspeita de fraudes e assassinato de Hariri está presa

Rana Abdel chegou a oferecer US$ 200 mil para que a soltassem

ter, 14/03/2006 - 10h57 | Do Portal do Governo

Na segunda-feira da semana passada, o Setor de Investigações Gerais (SIG) da 7ª Delegacia Secccional (Itaquera) recebeu uma denúncia anônima informando que a libanesa Rana Abdel Rahim Koleilat, de 39 anos, estaria na cidade de São Paulo. Segundo o denunciante, ela é procurada no Líbano, por suspeita de fraude em um banco do país e de participar do atentado que matou, em fevereiro de 2005, o primeiro-ministro Rafic Hariri.

Após quatro contatos telefônicos não identificados, os investigadores solicitaram ao denunciante – que pelo sotaque também pareceu ser libanês – que enviasse um documento comprovando as acusações. Pelo serviço de Correio, o SIG recebeu um Pedido de Localização, expedido pela Interpol, em virtude da acusada ter lesado uma instituição bancária no Líbano. Estima-se que o prejuízo seja de 1,2 bilhão de dólares.

Mediante a situação, policiais civis monitoraram desde então Koleilat, hospedada no Parthenon Accor Hotels da avenida Luiz Dumont Vilares, na Zona Norte da Capital. Ela foi abordada na tarde de ontem, quando chegava ao hotel. De acordo com o delegado-titular da 7ª Seccional, Nicanor Nogueira Branco, logo ao ver os policiais, Rana ofereceu US$ 200 mil para que a soltassem. Disse que bastava apenas contatar alguns amigos e providenciaria a quantia.

A tentativa de corrompê-los fez com que Rana fosse presa em flagrante por corrupção ativa. O delegado responsável do SIG, Murilo Fonseca Roque, disse que depois de detida, a suspeita negou o suborno, uma vez que o desconhecimento do idioma pelos policiais gerou o mau entendimento da sua atitude.

O delegado titular informou que a acusada fala algumas palavras em português e francês fluente. Porém, depois de ter sido presa, passou a conversar apenas em libanês, fazendo-se necessário o auxílio de um intérprete da comunidade libanesa. Ela defendeu-se afirmando que é vítima de perseguição política graças à relação bastante próxima que mantinha com o ex-primeiro-ministro.

Conforme o Consulado Geral do Líbano, a suspeita é procurada por uma questão judicial não resolvida e a Interpol expediu um pedido de prisão provisória em razão disso. A Comissão Internacional Independente de Investigação, do Conselho de Segurança da ONU, deseja interrogá-la com a finalidade de esclarecer o assassinato de Rafic Hariri.

Passaporte falsificado

Ela esteve duas vezes no Brasil no início do ano passado, voltando em outubro. A acusada está com o visto vencido desde janeiro de 2006, sendo seu passaporte falsificado, já que os dados são de um homem, mas a foto é dela. Esta informação foi confirmada pelo Consulado Britânico.

Segundo Nicanor Nogueira Branco, Koleilat permanecerá até amanhã na 7ª Seccional, quando deverá ser transferida para algum Centro de Detenção Provisória, cabendo aos governos brasileiro e libanês, em conjunto com o Supremo Tribunal Federal, a decisão do caso.

Thaís Camargo