USP e Butantan criam vacina inédita contra novo influenza

A vacina do vírus H7N9 já está em fase de teste em seres humanos

ter, 09/10/2018 - 15h46 | Do Portal do Governo

Em 2013, um tipo diferente de vírus da gripe, conhecido como Influenza H7N9, contaminou cerca de 1.800 chineses e matou 40º dos infectados. Descobriu-se que o novo vírus contaminava aves e depois era transmitido aos seres humanos.

A nova gripe ainda não pode ser transmitida entre seres humanos, mas, por conta da velocidade desse vírus se espalhar, pesquisadores da USP em Ribeirão Preto, em parceria com o Instituto Butantan e a Organização Mundial da Saúde (OMS), desenvolveram uma vacina inédita contra a doença, já em fase de testes em humanos.

“O teste é relativamente simples. As pessoas precisam ser sadias, ter 18 a 59 anos de idade. Serão aplicadas duas doses com intervalo de um mês. Numa segunda etapa, será feita uma coleta de sangue para ser detectada a produção de anticorpos contra o vírus”, explica Eduardo Barbosa Coelho, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e um dos responsáveis pelo estudo.

Barbosa ainda explica que nenhum medicamento é desprovido de efeito colateral. Justamente por isso o teste é realizado, para saber quais complicações podem ocasionar com a aplicação da vacina.

O Instituto Butantan

Criado em 1981 para combater a epidemia de peste bubônica no Porto de Santos, o Instituto Butantan é hoje o mair instituto soroterápico da América Latina.

O Butantan é responsável, por exemplo, pelas vacinas da gripe. Para 2018, o investimento do Instituto foi de R$ 5 milhões nas vacinas, que começaram a ser produzidas em setembro de 2017. “Esse investimento possibilitou aumentar a produção, garantindo segurança e agilidade nos processos produtivos e, posteriormente, na entrega das doses ao Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, no ano passado, em 10 meses produzimos 45 milhões de doses e, neste ano, com este investimento, iremos fornecer 60 milhões em oito meses de produção”, explica Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

O processo de fabricação das doses exige o trabalho ininterrupto de 500 funcionários, de setembro deste ano até maio de 2018, e a fecundação de 60 milhões de ovos, necessários para o cultivo dos vírus usados na vacina. Por dia, são 321.984 ovos que chegam à instituição, e que já começam a ser inoculados.

“A vacinação contra o Influenza é fundamental para evitar complicações decorrentes da gripe e doenças graves, como pneumonia”, afirma Helena Sato, diretora de Imunização da Secretaria. “A vacina não tem capacidade alguma de provocar gripe em quem tomar a dose, já que é composta apenas de partículas do vírus que são incapazes de causar qualquer infecção”, destaca.