Mais leitos para dependentes

Desde ontem, o Estado de São Paulo passou a contar com mais 95 vagas para tratamento gratuito de dependentes químicos (crack, cocaína, álcool e outras drogas), 15 delas para mulheres […]

qui, 26/07/2012 - 9h50 | Do Portal do Governo

Desde ontem, o Estado de São Paulo passou a contar com mais 95 vagas para tratamento gratuito de dependentes químicos (crack, cocaína, álcool e outras drogas), 15 delas para mulheres gestantes. O serviço, custeado integralmente pela administração estadual, será oferecido no Instituto Bairral de Psiquiatria, em Itapira, situado a 180 quilômetros da capital paulista.

As novas vagas integram projeto da Secretaria da Saúde de ampliação da rede de internação dos dependentes químicos no SUS (Sistema Único de Saúde) paulista. A meta é oferecer mais de 1,2 mil leitos (veja cronograma abaixo). Com os novos leitos, a pasta da Saúde passa a contar com 587 vagas, em clínicas próprias ou serviços contratados, para internação de dependentes químicos, com recursos do tesouro estadual.

Com a ampliação das vagas, a pasta estima que serão acrescidos mais 320 pacientes por ano no Bairral, além dos 426 pacientes/ano já atendidos na unidade pelo SUS, com custeio do Estado. Para os novos leitos, a Secretaria deverá investir, anualmente, mais R$ 3,1 milhões.

A Fundação Espírita Américo Bairral, mantenedora do instituto, investiu R$ 1,2 milhão em reforma e adequação do espaço físico para receber estes pacientes.

Ação pioneira

Pelo menos dez dos 15 leitos para dependentes químicas gestantes já estão ocupados. Elas são atendidas na mesma unidade do instituto onde é realizado o tratamento pelo SUS desde o final de 2009. Os demais dependentes químicos (80 vagas) serão tratados na Comunidade Terapêutica Rural Santa Carlota (CT), situada numa fazenda do instituto, em Itapira. Desde 16 de julho, a CT abriga 15 pacientes. 

Unifesp, Instituto Bairral de Psiquiatria e Secretaria da Saúde se uniram para adotar a modalidade Comunidade Terapêutica no tratamento desses pacientes. “É a primeira vez que a secretaria integra esse modelo, em parceria com a Unifesp, participando do planejamento da estrutura de atendimento, e todas as vagas são do Estado”, explica o psiquiatra Sergio Tamai, coordenador de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde.

Cursos profissionalizantes 

Os 80 leitos destinam-se a dependentes químicos do sexo masculino, que já passaram pelo tratamento com internação no serviço público do Estado. Eles estão em período de abstinência e desintoxicação e podem sofrer recaídas. “Essas pessoas precisam do tratamento na Comunidade Terapêutica porque não têm suporte familiar nem social”, explica Tamai.

Na hora da alta hospitalar, as 17 Delegacias Regionais de Saúde espalhadas pelo Estado avaliam caso a caso e verificam a necessidade de encaminhamento ao Bairral ou às demais comunidades terapêuticas. 

Nesses novos leitos, os pacientes terão uma espécie de “moradia transitória”, recomendada ao tratamento dos dependentes na fase menos aguda. Além disso, eles poderão participar de cursos profissionalizantes, como técnico agrícola ou técnico em guia de ecoturismo, intentando atender à demanda da região.

A Unifesp oferece suporte técnico e supervisiona a assistência. A CT é composta de 31 profissionais, entre psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, educadores físicos, instrutores de atividades e conselheiros de Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos, ex-usuários de drogas que compartilharão suas experiências de vida com os pacientes.

Recuperação 

Caso necessitem de atenção especial poderão contar com o suporte de médicos clínicos e psiquiatras, cirurgiões-dentistas, nutricionistas e rede de saúde da região, além de exames oferecidos pelo Instituto Bairral.

O programa é composto de processo de triagem, acolhimento (primeira semana para adaptação na CT); engajamento (assimilação do residente sobre o funcionamento da CT); tratamento primário (recebe informações para iniciar o processo de mudança); reinserção social e pós-tratamento (contrarreferenciamento à Rede de Atenção de seu município, inserção em grupos de ajuda mútua, tratamentos ambulatoriais e acompanhamento dos residentes no processo de reintegração social). O período de internação varia de seis a nove meses, dependendo do caso.

A proposta da CT baseia-se na adoção de um estilo de vida saudável para que o dependente esforce-se no aprendizado e promova mudanças necessárias ao rompimento do ciclo de recaídas do uso de drogas. Auxilia na recuperação de sua cidadania e elevação da autoestima.

“Nossa meta é a recuperação dos dependentes químicos e o retorno deles à sociedade de maneira produtiva. Somos parceiros da secretaria desde 2009 e isso indica que existe confiança mútua”, enaltece o psicólogo Nivaldo José Caliman, diretor administrativo do Instituto Bairral de Psiquiatria.

Da Agência Imprensa Oficial