Hanseníase entra em queda

Detecção precoce e tratamento integral explicam a redução de mais de 40% no número de casos da doença na última década em São Paulo

ter, 04/09/2012 - 9h39 | Do Portal do Governo

O número de novos casos de hanseníase no Estado de São Paulo diminuiu 41,5% nos últimos 10 anos, aponta levantamento da Secretaria da Saúde. Em 2001, foram detectados 3 mil casos da doença; 10 anos depois, 1.753. O número de pessoas em tratamento também caiu. Em 2001, era de 5.378. Em 2011, o número de pacientes caiu para 2.152.

Os índices basearam-se na série histórica produzida pela Divisão Técnica de Hanseníase, do Centro de Vigilância Epidemio lógica do Estado (CVE). A médica sanitarista Mary Lise Carvalho Marzliak, diretora da Divisão, informa que a maioria dos casos foi detectada nas cidades de Jales, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Araçatuba, Marília, Registro e Caraguatatuba. “Essas áreas são correntes migratórias e recebem pessoas do Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, que migram para trabalhar ou tratar-se de hanseníase e contaminam os moradores”, diz a médica.

Ela associa a queda do número de novos casos da doença na última década, principalmente, ao trabalho intenso das equipes médicas, cada vez mais capacitadas para a detecção precoce, e também ao tratamento integral do paciente com o medicamento PQT (poliquimioterapia), oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O tratamento varia de seis meses a um ano.

Assistência ao doente

O tratamento de caso avançado de hanseníase é oferecido em três unidades de referência, onde o paciente chega por encaminhamento das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). São elas: Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru (referência estadual, nacional e nos países de língua latina), Centro de Referência de Dermatologia Sanitária, no Núcleo de Gestão Assistencial (NGA) da Várzea do Carmo, na capital paulista (referência para o município e Grande São Paulo) e o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (referência regional).

Já os demais casos são assistidos nas UBSs das cidades paulistas, habilitadas para suspeita, diagnóstico e tratamento do problema de saúde. “A hanseníase é uma doença que pode atingir homens e mulheres de todas as faixas de idade e classes sociais. Por isso, é muito importante que cada um esteja sempre atento ao seu corpo e procure imediatamente um médico caso suspeite de alguma anormalidade”, alerta Mary Lise.

Ela frisa que, por determinação genética, 90% a 95% da população é resistente ao bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, transmissor da doença. Os demais 5% são mais suscetíveis se houver contato prolongado (cerca de cinco anos) com o doente sem tratamento médico. A médica informa que é frequente o registro de contaminação entre membros da família que residem no mesmo local. “O contato entre as pessoas no trabalho não é tão intenso a ponto de transmitir a doença”, informa a sanitarista.

Campanha educativa

A transmissão ocorre por gotículas eliminadas no ar pela fala, tosse ou espirro. O bacilo penetra por meio das vias respiratórias e se instala preferencialmente nos nervos periféricos e na pele. A hanseníase é curável e apresenta sintomas dermatológicos e neurológicos que facilitam o diagnóstico, sendo o mais comum mancha ou caroço esbranquiçado ou avermelhado com alteração de sensibilidade em qualquer parte do corpo, sendo mais comum nas costas, nádegas e membros superiores e inferiores.

Se não tratada precocemente, caso mais grave da moléstia ocasiona dano neural que pode levar à incapacidade física (mãos e pés) e cegueira. “O que muitos pacientes precisam saber é que quanto mais cedo iniciado o tratamento, mais rápida será a cura, com a diminuição dos riscos do desenvolvimento de qualquer deformidade ou incapacidade”, diz Mary Lise.

Anualmente, sempre na segunda quinzena de outubro, a Secretaria da Saúde realiza campanha educativa para divulgar aos cidadãos os principais sinais da doença. A ação envolve todas as UBSs do Estado e inclui atividades como cursos e simpósios.

Da Agência Imprensa Oficial