Estilo de vida saudável é a receita

Mudanças de hábito alimentar, como dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, geram economia de recursos públicos na área da saúde

qui, 23/08/2012 - 10h05 | Do Portal do Governo

A caixa de um medicamento para controlar o colesterol custa, em média, R$ 42,81 por mês, ao passo que o tratamento cirúrgico de doenças cardiovasculares é centenas de vezes mais caro. Além disso, o pós-cirúrgico pode causar riscos à saúde e à qualidade de vida do paciente. De 2001 a 2010, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia realizou 32.769 cirurgias cardíacas; na década anterior, foram 22.487.

Com as mudanças de estilo de vida, como dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, as pessoas seriam mais saudáveis, o que geraria economia de recursos ao Governo. As doenças cardiovasculares não apresentam sintomas imediatos e resultam do depósito de gordura na parede arterial do organismo, que forma placas gordurosas e, posteriormente, infarto, derrame e insuficiência vascular periférica. Os vilões do problema são os alimentos industrializados, tabagismo, ausência de atividade física e de alimentação saudável.

O cardiologista Marcelo Ferraz Sampaio, responsável pelo Serviço de Biologia Molecular do Dante Pazzanese, explica que o colesterol alto representa 35% dos fatores de risco para infarto. “Noventa e cinco por cento dos pacientes que procuram o instituto chegam com dor no peito, infarto, arritmia ou necessitam de cirurgia”, lamenta.

Orientação médica

Para ele, a prevenção não é recorrente por vários motivos: “Primeiro, o médico é treinado na faculdade para curar doenças e não para preveni-las. Depois, é difícil para o profissional confirmar, pelo relato do paciente, se ele realmente adota dieta alimentar e atividades físicas. Outra questão é que a indústria farmacêutica gera remédios para tratar doenças e não para preveni-las”.

A aposentada Custódia da Silva Martins, de Pinheiros, zona oeste da capital, procurou o pronto-socorro do Dante pela primeira vez aos 60 anos, com queixas de dor no peito e dificuldade para respirar. Ao descobrir que seu colesterol e pressão estavam muito altos, seguiu a recomendação médica. “Comecei a tomar remédios, fazer caminhadas diárias e prestar mais atenção na alimentação. Passei a evitar frituras e usar azeite, vinagre balsâmico e sal marinho”, conta dona Custódia, hoje com 75 anos.

Riscos cirúrgicos

Um ano depois, seu colesterol baixou tanto que o médico suspendeu o remédio. “Não sinto mais dores”, comemora. “Nasci na zona rural, onde vivi até 30 anos. Lá, dormia e comia bem e não tinha acesso a remédios. Acho que esses hábitos da juventude fortaleceram meu corpo e minha mente. Sempre me cuido e isso ajuda a natureza a seguir seu curso”, avalia dona Custódia, com pressão arterial controlada e que só fez uma cirurgia na vida (para corrigir catarata).

O médico do Dante Pazzanesi explica que quando o colesterol elevado ocasiona cirurgias cardiovasculares pode haver riscos imediatos e posteriores. Riscos imediatos são complicações nos primeiros dez dias depois da cirurgia, entre elas: infecções, problemas neurológicos, derrame e até morte. “Alguns casos são reversíveis outros, não, com possibilidade de perda de movimentos físicos”, adverte.

Obstrução da ponte de safena é um dos riscos posteriores. O desgaste da ponte surge quando o operado não muda o estilo de vida nem segue a recomendação médica. Nesta situação, a pessoa precisará fazer novas cirurgias.

Da Agência Imprensa Oficial