Diagnóstico precoce, vida mais longa

O aposentado Edvard Pereira da Silva, 69 anos, de Praia Grande, na Baixada Santista, fala orgulhoso que passou 30 anos sem ir ao médico por falta de tempo e por […]

qui, 09/08/2012 - 11h08 | Do Portal do Governo

O aposentado Edvard Pereira da Silva, 69 anos, de Praia Grande, na Baixada Santista, fala orgulhoso que passou 30 anos sem ir ao médico por falta de tempo e por “nunca ter sentido nada”. Mas, nos últimos cinco anos uma “cólica horrível” o obrigou a ir ao urologista: “Marcaram cirurgia dos rins, mas fugi. Preferi chá caseiro”. Depois, a cólica renal, uma das dores mais intensas conhecidas da medicina, voltou com força total e o obrigou a reiniciar o tratamento. Ao ser encaminhado ao Centro de Referência de Saúde do Homem, ligado ao Hospital de Transplantes do Estado, prepara-se para fazer cirurgia.

Histórias como essa são comuns no Centro. Pesquisa aponta que mais de 1,5 mil homens ou 60% do total de pacientes atendidos por mês apresentam quadros avançados que exigem cirurgia. “Esse dado é particular do Centro, que só atende casos graves, de alta complexidade. Mesmo assim, a informação é alarmante. O homem procura o serviço primário e secundário de saúde quando apresenta sintomas. Por ser caso grave, é encaminhado à nossa assistência”, explica o médico Joaquim Claro, chefe do Serviço de Urologia da instituição.

Desconhecimento

Muitos deles desconhecem a condição de saúde e ignoram os sintomas iniciais da doença, adiando a ajuda especializada. O comportamento facilita a evolução de um problema comum, facilmente tratável, para um caso mais sério, com probabilidade de cirurgia e mais riscos. Ao contrário, o diagnóstico precoce gera tratamento menos agressivo, com mais chance de cura, rápida recuperação e menos gastos com hospitalização.

Dos mais de 1,5 mil homens que procuram a assistência específica tardiamente, 65% apresentam problemas renais graves, 20% a 25%, crescimento benigno da próstata e os demais, câncer de próstata, rim e bexiga.

Cálculo renal é a principal queixa. “Ou é doente grave, que não quer fazer cirurgia padrão, aberta, e procura hospitais, até chegar aqui. Ou é homem que não sente dor e não realiza check-up. Faz exame por outra doença e descobre cálculo renal complexo”, conta o médico.

Não é recomendado ingerir chás, compostos caseiros de ervas e sementes ou azeite, pois nada disso ajuda no tratamento renal, ao contrário, podem até gerar outros problemas de saúde. O paciente é tratado com remédio, litotripsia (procedimento para “quebrar” as pedras dos rins) ou cirurgia.

Valorize sintomas

“Crescimento benigno da próstata (hiperplasia prostática benigna) não é câncer”, adverte o urologista. A partir dos 45 anos é natural o crescimento da próstata. Em alguns casos, o aumento é mais rápido, obstrui a uretra e causa desconforto na região, micção excessiva com jatos fracos e finos. “É comum o homem não valorizar esses sintomas, o que atrapalha a função da bexiga e rins e pode levar à insuficiência renal. O extremo é o paciente parar de urinar e ser necessária a utilização de sonda na uretra. A situação compromete a qualidade de vida, reduz a capacidade profissional e ocasiona problemas sociofamiliares. “Quanto maior a próstata, mais difícil será a operação”, afirma o urologista.

O câncer inicial da próstata, rim e bexiga não apresenta sintomas, por isso é importante realizar o check-up anual. “O câncer inicial quase sempre é curável”, informa. Já a doença avançada não tem cura, necessita de cirurgia e tratamento paliativo para garantir qualidade de vida.

No estágio avançado, o paciente com câncer urológico sente dor, sangue na urina, perda de peso, retenção urinária e massa palpável na barriga (rim). O médico alerta que câncer na bexiga ou na próstata não apresenta sintoma visível no corpo.

O Centro trata pacientes com essas doenças, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “É hospital terciário e oferece cirurgias de alta complexidade, minimamente invasivas (sem cortes), conduzidas por urologistas bem treinados”. Diz que o procedimento é realizado no ambulatório ou na ala de internação. O paciente não sente dor e pode retornar rapidamente ao trabalho.

O Centro é referência para o Estado de São Paulo, sendo que 30% dos pacientes não moram na cidade de São Paulo. “Cerca de 25% dos doentes residem em regiões nobres, são profissionais liberais e têm planos de saúde, mas não conseguem utilizá-lo ou preferem o hospital público pelo nosso conhecimento técnico”.

“Minha esposa me convenceu a procurar o médico porque estou com probleminha de próstata. Passei por outros urologistas, que me encaminharam para cá”, conta o comerciante Francisco José de Oliveira, 67 anos, da Vila Maria Alta, zona norte da capital.

“Tenho problema nos rins e muita cólica há uns 20 anos. Só tomava remédios, mas no ano passado comecei a fazer litotripsia aqui”, relata o motorista Dárcio Bevini, 51 anos, de Mogi Guaçu, no interior paulista.

Da Agência Imprensa Oficial