Ações para cuidar bem dos mais velhos

  Por ser referência no atendimento ao idoso, o HSPE desenvolve ações especializadas para bem cuidar dos mais velhos e lhes oferecer melhor qualidade de vida. Exemplo disso é o […]

ter, 16/10/2012 - 10h58 | Do Portal do Governo

 

Por ser referência no atendimento ao idoso, o HSPE desenvolve ações especializadas para bem cuidar dos mais velhos e lhes oferecer melhor qualidade de vida. Exemplo disso é o programa de Cuidado Paliativo, que existe há dez anos e assiste pessoas com problemas de saúde graves, que ameaçam a vida, como fase avançada de câncer (principal atendimento), insuficiências cardíaca e renal crônica.

“Cuidado paliativo é um olhar ampliado sobre o ser humano. Nossa equipe multiprofissional não vê o paciente apenas do ponto de vista físico, mas também social e espiritual”, explica a médica Maria Goretti Maciel, diretora do serviço.

O doente e a família têm medo da morte, mas os profissionais do Cuidado Paliativo abordam esse assunto e os apoiam para desmistificar o sentimento e viverem bem. Em vez de oferecer procedimentos exagerados na UTI que só resultam em mais sofrimentos, ou abandoná-lo em casa, sem assistência médica, a equipe multiprofissional trata a dor com diálogo, elevação da autoestima e remédios, como morfina

Diminuir a dor

Segundo a médica, o uso da morfina é um dos indicadores da OMS para avaliar a qualidade do serviço de saúde. “No Iamspe, de 2009 a 2012 aumentou 40% o uso desse produto. Treinamos nossos residentes e profissionais para criarem a cultura de paliar o sofrimento do doente e respeitá-lo”.

O programa tem dez quartos individuais, para internação de até sete dias. Recebe cerca de 45 pacientes por mês. A visita tem horário flexível e é aberta inclusive para crianças. Se essas vagas estiverem ocupadas, o paciente é atendido nos demais leitos do hospital, onde tem a visita da equipe do programa. Caso apresente dificuldade de locomoção, médico e enfermeiro vão a sua residência. O serviço é oferecido aos pacientes moradores da capital paulista e em dez municípios da Grande São Paulo.

Paulo Cesar Vitor Mendes, 63 anos, tem câncer de pulmão com metástase cerebral, e é atendido pelo programa desde maio. Ele lembra de um comentário inconveniente sobre a doença na família, começa a chorar, mas logo é confortado por Goretti, que lhe pergunta da vida na época de escrivão da polícia e de sua vida amorosa. Logo, os seus olhos brilham novamente. “Ele aceita o tratamento, mas a vida é assim, tem altos e baixos. Nossa tarefa é acertar essas arestas”, diz a médica.

PAI

Outra iniciativa do Iamspe é o Programa de Atenção ao Idoso (PAI), que oferece lazer e cultura, diariamente, a pessoas com mais de 60 anos. Informações pelo telefone (11) 5088-8606. Durante um dos saraus de poesias, a senhora Irahy Dolácio Carezzato, 85 anos, professora de francês voluntária no PAI, declamou as poesias Kremesse, de Olegário Mariano, e Círculo vicioso, de Machado de Assis. “Participo do PAI desde sua criação (há dez anos) e acho espetacular. O idoso precisa se mexer, falar e conviver com os amigos. Desabrochamos em vez de ficar enclausurados em casa”, opina.

Entre as atividades oferecidas, destaque para oficinas de memória, aulas de dança, pintura, artesanato, padaria artesanal, informática, curso de línguas, iquebana e palestras sobre saúde. A atual novidade, informa a médica Gilka Barbosa Lima Nery, responsável pelo PAI, é que estão abertas inscrições para aulas de exercícios físicos para cuidadores e funcionários do instituto acima de 45 anos. Conforme demanda, a proposta é ampliar essa atividade para todos os dias, inclusive aos sábados. Ela também adianta que o PAI realiza exames clínicos para avaliar a saúde, nutrição, memória e qualidade de vida dos frequentadores (140 por mês).

Assistência domiciliar

O Iamspe mantém serviço de assistência domiciliar, que atende paciente com doença crônica, principalmente acamado. Casos mais comuns são acidente vascular cerebral (AVC) e demência senil. O programa foi criado para evitar múltiplas idas ao hospital, uma vez que eles apresentam dificuldade de locomoção. “Como são doentes crônicos, a recuperação não é possível, mas ofereceremos orientações sobre cuidados gerais à família e cuidadores para suprir as necessidades do doente”, frisa a médica Maria Beatriz Viana Perez, diretora de Gestão de Pacientes do instituto.

Conforme a necessidade, a equipe composta de médico, enfermeiro, fisioterapeuta e assistente social vai à residência e oferece orientações específicas. Em casa, além dos cuidados médicos convencionais, os profissionais oferecem vacinas (estendidas ao cuidador) e informam sobre direitos sociais do idoso.

Para participar, exige-se que o doente tenha seu cuidador, residência com estrutura mínima para assistência, situada na capital paulista ou em dez municípios da Grande São Paulo. Novecentos pacientes estão matriculados no serviço e recebem a visita da equipe pelo menos duas vezes por ano ou conforme solicitação da família. Catorze deles têm mais de 100 anos de idade.

Oferecer estímulos

Em 2002, quando dona Anunciata Beretini de Souza, hoje com 98 anos, começou a usar o serviço, já tinha o diagnóstico de doença senil, que evoluiu para Alzheimer. Ela não se comunica, perdeu a memória e locomove-se com dificuldade.

A cuidadora Adeir Souza Santos, 53 anos, que apoia dona Anunciata há quase nove anos, conta que a fisioterapeuta deu dicas para facilitar o banho e transferências: “Ela ensinou que é importante alongar os braços e pernas (quando deitada) e trocá-la de posição na cama para evitar as feridas e não machucar suas costas. Esses exercícios estão ajudando dona Anunciata a viver melhor. Tem de ter muita paciência e carinho”.

Na opinião da filha caçula Maria Vera Inglez, 71 anos, o apoio do Iamspe “é espetacular”. Ela relata que fez curso de cuidadores e que o atendimento em casa é bem melhor porque o cuidado é exclusivo: “Não há outros pacientes esperando e tiramos dúvidas. Em todos esses anos, mina mãe passou por alguns momentos críticos. Sem essa assistência teríamos um problemão”.

A fisioterapeuta Ana Cláudia Pinto Guedes ensina à cuidadora e à filha Vera como tentar melhorar algumas “posturas viciosas” de dona Anunciata: “Ela precisa de estímulos motores nas atividades rotineiras. Tentem, por exemplo, abrir e fechar suas mãos e estimulem movimentos corporais. Isso a ajudará a não perder a função motora, para facilitar o trabalho do cuidador e familiares”. Ana Claudia cantou músicas infantis e dona Anunciata respondeu batendo palmas.

Qualidade de vida

A enfermeira Fernanda Abrucezzi detectou ferida crônica no pé esquerdo de dona Anunciata e solicitará visita de enfermeiro especializado. Coletou urina para análise clínica, cujo resultado será divulgado pela breve visita de médico. Já a assistente social Andreia de Jesus Fernandes avalia o envolvimento do cuidador e familiares com a paciente e orienta atendimento telefônico conforme necessidade. Após quase duas horas de atendimento, a equipe se despede com a expectativa de ter contribuído para melhorar a qualidade de vida da paciente, cuidador e familiares.

Do Portal do Governo do Estado