Saúde: Programa de controle de epidemias forma jovem profissional da saúde

Equipes são enviadas a qualquer região do Estado onde houver risco de surtos de doenças, como dengue, meningite, leptospirose

qui, 14/09/2006 - 12h15 | Do Portal do Governo

A Secretaria de Estado da Saúde recebe inscrições até sexta-feira (15/09) para o processo seletivo de pós-graduação da Faculdade de Saúde Pública da USP. Os aprovados poderão pleitear uma das quatro vagas do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EPI-SUS), formado por jovens profissionais (médico, enfermeiro, veterinário, bioquímico, farmacêutico, biólogo ou biomédico) que recebem bolsa mensal de R$ 3 mil para se dedicar ao estudo de surtos epidêmicos em qualquer local do Estado.

Os inscritos terão provas de Português e Inglês em 8 de outubro. Uma vez aprovado, quem se interessar em entrar para o EPI-SUS terá de participar de outro processo seletivo, por meio de entrevistas e avaliação de currículos com os coordenadores do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), responsável pelo programa de bolsas.

Cada equipe de quatro bolsistas trabalha dois anos no EPI-SUS e sai pós-graduado em Saúde Pública. A turma que se inscreve este ano inicia os trabalhos em 2007. Atualmente, são dois grupos atuando no EPI-SUS, um de 2005, outro de 2006.

Dedicação exclusiva

A coordenadora do programa, Alessandra Cristina Guedes Pollini, médica infectologista e epidemiologista do CVE, ressalta que além da Pós-Graduação é muito importante a experiência que os alunos adquirem nos dois anos de trabalho, seja nos cursos internos seja no estudo de campo de eventuais epidemias, em situações emergenciais, sempre prevendo e controlando doenças no Estado.

As duas equipes, informa Alessandra, encontram-se permanentemente à disposição do CVE, em tempo integral. “São acionadas para se deslocar imediatamente a qualquer região do Estado onde houver risco de surtos de doenças como dengue, meningite, catapora, leptospirose e rotavírus, entre outras”. Conta a médica.

Alessandra conta que desde 2004, quando foi criado, o grupo esteve na linha de frente na investigação de casos de repercussão no Estado. Atuou no estudo de óbitos por febre maculosa (do carrapato) em Mauá, Piracicaba e Campinas. Trabalhou no estranho caso de morte por arsênico de três pessoas de uma mesma família em Campinas.

Sarampo e Chagas

Outra missão interessante foi a avaliação de dois irmãos da Capital com sarampo, doença extinta no Brasil. Um deles, que passou para o outro, foi infectado no avião por uma terceira pessoa, um surfista catarinense que estava voltando das Ilhas Maldívias, na Ásia, onde pegara a doença.

Um surto muito noticiado pela imprensa no ano passado, a infecção por Doença de Chagas a partir do caldo de cana-de-açúcar, em Santa Catarina, também contou com o trabalho dos bolsistas do EPI-SUS. Alessandra lembra que eles examinaram dezenas de paulistas que tinha passado pelo local contaminado. “Felizmente, não detectamos nenhum óbito ou surto da moléstia no Estado.”

Até fora de terras paulistas já estiveram. Dois membros do EPI-SUS reforçaram a equipe do Ministério da Saúde, no ano passado, na detecção de rotavírus e malária no Acre.

O tempo de ação das equipes varia de acordo com a abrangência da doença. Um dos estudos mais demorados foi a detecção de um surto de varicela (catapora) dentro de um hospital do interior, que causou três mortes. Uma dupla da equipe atuou por dois meses, até descobrir que um paciente infectado passou a doença para outros dois. “Conseguimos isolar o evento no hospital e tudo terminou bem”, conta Alessandra.

Aves migratórias

Atualmente, dois integrantes do grupo estão em São José do Rio Preto na detecção de um provável surto de encefalite de Saint Louis, inédito no Brasil. A doença, trazida por aves migratórias, tem como transmissor o culex, um pernilongo. Até hoje apenas três casos foram registrados no Brasil, dois nos anos setenta, no Pará, e outro em 2004, em São Paulo. A bactéria foi descoberta na cidade americana de Saint Louis na década de 30.

Alessandra explica que os futuros profissionais de saúde vão a campo trabalhar de acordo com uma metodologia padronizada no Brasil, a partir do Centers for Disease Control and Prevention, dos Estado Unidos. “No início, eles se reúnem com autoridades de saúde do município e do Estado, estudam a ficha dos pacientes e mapeiam os prováveis surtos”, explica a médica.

No fim, eles apresentam relatórios com as medidas de prevenção e controle da eventual epidemia. Cabe às prefeituras montar, depois, material de apoio para esclarecer a população, utilizando todos os meios de comunicação disponíveis. Os médicos do local também são instruídos sobre a doença.

Serviço

Mais informações sobre o processo seletivo da FSP nos sites www.cve.saude.sp.gov.br e www.fsp.usp.br/posgraduacao ou telefones (11) 3066-8868/8761

Otávio Nunes – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)