Saúde: Pesquisa constata ganhos à saúde, em idosas, derivados da prática de exercícios

Estudo aponta que exercícios físicos regulares e esportes de alta intensidade são fatores que melhoram a qualidade de vida

dom, 11/02/2007 - 11h23 | Do Portal do Governo

Exercícios físicos regulares e a prática de esportes de alta intensidade são fatores que melhoram a qualidade de vida e diminuem os sintomas de depressão entre mulheres com mais de 60 anos. É isso que indica um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

A iniciativa da pesquisa surgiu da discussão sobre a prática de exercícios de alta performance em mulheres idosas e suas possíveis repercussões sobre a qualidade de vida em seus múltiplos aspectos, garante um dos responsáveis pelo estudo, Luiz Eugênio Garcez-Leme. Segundo ele, essa faixa etária foi utilizada pelo fato de as mulheres com mais de 60 anos serem parte da atenção específica da geriatria, e também por ser um grupo que pratica poucos exercícios, ainda mais como o que foi avaliado.

O estudo traçou quadros comparativos entre idosas praticantes da São Silvestre e mulheres saudáveis, mas sedentárias. Com isso, buscou-se verificar os ganhos trazidos pela atividade física ao quadro de saúde.

O Departamento de Ortopedia e Traumatologia e o Departamento de Clínica Médica (Disciplina de Geriatria) da FMUSP mantêm um grupo de Ortogeriatria, que corresponde ao estudo dos aspetos do envelhecimento do aparelho locomotor. Nesta área, incluem-se linhas de pesquisa como a de atividade física e envelhecimento, pré e pós-operatório em ortopedia em idosos, acidentes e riscos de traumas em idosos, modelo de assistência diferenciada para idosos com afecções do aparelho locomotor, entre outras.

Garcez-Leme explica que, em relação ao estado geral de saúde, comprovou-se que as atletas são superiores às sedentárias. Para chegar a essa conclusão foi utilizado um instrumento internacional de análise de qualidade de vida (SF36), que verificou capacidade funcional superior nas atletas.

Foi detectado também que as atletas têm mais energia e menos fadiga. Também houve diferença significativa entre as atletas e as sedentárias no aspecto emocional e na saúde mental. “Comprovou-se que as atletas têm menos respostas depressivas que as sedentárias. Não houve diferença estatisticamente importante entre os grupos estudados quanto ao aspecto físico, ao aspecto social e à atividade sexual”, garante o pesquisador.

Apesar dos riscos da prática esportiva não terem aparecido no estudo, Garcez-Leme explica que eles existem. “Sempre há o risco de lesões ósseas e musculares por estresse e o risco de complicações circulatórias em atletas que não se submetam a avaliação médica periódica” diz. O pesquisador ainda alerta: “no caso dos esportes de rua deve-se considerar ainda o risco de acidentes”.

Entretanto, esses riscos podem ser minimizados e até evitados. O pesquisador afirma que para isso é necessário que as atletas de qualquer idade – mas principalmente as idosas – estejam sob acompanhamento profissional, tanto com avaliação médica como em treinamento dirigido. É ainda necessária para as participantes de esporte de rua uma adequada estruturação de suporte local para que se evitem acidentes.

Garcez-Leme adverte que não se podem tomar conclusões definitivas unicamente com base nessa pesquisa.”É importante que tenhamos em conta que se trata de um resultado inicial e necessariamente frágil, uma vez que o número de atletas estudado foi pequeno (16) e que as conclusões baseiam-se em uma prova específica e isolada (Corrida de São Silvestre)”, explica. Ele garante ainda que é necessário o desenvolvimento de estudos maiores e mais estruturados para conclusões mais sólidas.

“O estudo nos mostrou que a atividade física, mesmo a de alta performance, pode ser benéfica para a qualidade de vida de mulheres idosas. A pesquisa em si não acrescentou qualquer risco às participantes, além dos riscos inerentes à atividade esportiva”, finaliza o pesquisador.

Da USP Online

(R.A.)