Saúde: HU oferece tratamento para funcionários da USP dependentes de álcool e drogas

Objetivo é sensibilizar chefia da USP sobre possíveis problemas dos funcionários

seg, 24/07/2006 - 12h11 | Do Portal do Governo

O Hospital Universitário (HU) disponibiliza, desde o fim de 2005, um serviço de orientação e tratamento para funcionários da USP que sofrem com a dependência de álcool e drogas. O atendimento é feito através do Same, segundo a médica assistente Mayuri Hassano, que faz parte do grupo de cinco psiquiatras responsáveis pelo setor. “O interessado deve ligar para o HU e agendar uma consulta com um psiquiatra. Se não quiser, não precisa nem dizer que o caso é de dependência de drogas”, diz.

Segundo Mayuri, os dependentes de álcool e drogas costumam procurar o serviço quando percebem que o vício está gerando prejuízo real. “O paciente costuma nos procurar quando vê que a dependência está gerando algum conflito familiar ou profissional, quando começa a brigar com a esposa, se isolar dos amigos, perder dinheiro ou se afastar dos filhos, por exemplo”.

Mayuri destaca a importância da sensibilização das chefias nas diversas Unidades da USP para o problema da dependência de drogas e álcool. “O dependente ainda sofre muito preconceito. É preciso que se divulgue que se trata de uma doença que necessita de tratamento. Não se pode fazer julgamento moral, ou tratar o dependente como um ‘vagabundo’, ou coisa semelhante”, declara.

Segundo a psiquiatra, muitas vezes os chefes já agem corretamente e encaminham funcionários para o tratamento, ao perceber que eles faltam com freqüência por causa do vício, têm alteração comportamental, ou eventualmente chegam ao local de trabalho intoxicados. “É importante que eles nos procurem neste momento. Porque enquanto só sente os efeitos ‘positivos’ da droga, não se sente motivado para o tratamento”, explica Mayuri.

Depois de marcar a consulta com um psiquiatra, segundo Mayuri, o paciente passa por uma avaliação psiquiátrica que determina seu grau de dependência. “Avaliamos também se há co-morbidades, isto é, se a bebida está associada a uma depressão ou transtorno de ansiedade, por exemplo”.

A equipe identifica ainda um possível comprometimento físico causado pela droga e encaminha o paciente para outras clínicas, se houver necessidade. “O consumo de álcool pode ter comprometido o fígado, por exemplo”, explica Mayuri.

Após a avaliação geral, a equipe médica programa o tratamento, que pode incluir medicação. “O paciente é então inserido no grupo que se reúne com psicólogos todas as quartas-feiras ao meio-dia no HU. Há possibilidade também de atendimento psicológico individual, se houver necessidade”.

Além do tratamento à base de medicamentos e apoio psicológico, em casos extremos pode acontecer internação. “Esta é a última alternativa – mas é um recurso para casos extremos como tentativa de suicídio, comportamento psicótico, etc”.

A doutora esclarece que a maioria dos casos atendidos até agora são relacionados ao álcool. As drogas ilícitas vêm em porcentagem bem menor – especialmente maconha e cocaína. “Houve também dois casos de dependência de opióides. Recebemos também dependentes de calmantes e anfetaminas, embora estes não nos procurem por causa da dependência”.

Fábio de Castro / USP Online